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"Toda essa coisa clichê, não parece mais tão clichê quando a ideia envolve você."

*

(...) – Para que não haja nenhum tipo de dúvidas, quero deixar claro que ontem foi a melhor noite da minha vida. – Contou a Maraisa, que tinha uma mão no volante enquanto a outra segurava a mão da loira.

– É só uma proteção, só isso, só para caso de uma emergência. Por favor? – Pediu de novo, fazendo a morena suspirar. – Posso pôr na sua bolsa? – De novo Maraisa suspirou, o que fez Marilia concluir que sim. Esticou o braço e pegou a bolsa da namorada no banco de trás. Abriu e analisou os compartimentos internos. Sorriu ao achar um lugar para a pistola. – Vou por nesse bolso no fundo. – Avisou. – Você joga suas coisas por cima e pronto, nem vai lembrar que tem uma arma aqui. – Tentou tranquilizar a amiga.

– Sim, eu vou. – Resmungou.

– Eu só quero que você tenha algum tipo de defesa, caso ele apareça de surpresa. Quero saber que você está bem. Quero continuar fazendo nosso plano de vida sem nenhum tipo de medo. – Fechou a bolsa da amiga e a devolveu ao banco de trás. – Não é uma ideia absurda, se fosse, meu pai não teria me dado a arma, você sabe disso.

– Se seu pai soubesse o pavor que tenho de armas, e a completa falta de noção que tenho para usar uma, ele não teria dado. – Reclamou.

– Você não vai precisar usa-la, mas caso precise, vai ter. – Tentou tranquilizar a amiga. – Podemos encerrar o assunto? – Pediu, fazendo a morena suspirar e dar de ombros. A irritação naquele gesto fez Marilia sorrir. Levou a mão até o painel do carro e sem autorização da dona do mesmo, aumentou o volume do som, para ouvir a música velha que há tempos não ouvia.

Train - Drops Of Jupiter

Recostou a cabeça no encostou e começou a cantarolar com a banda. Sorriu ao lembrar que ela e Maraisa costumavam cantar aquilo no último volume, sorriu ainda mais ao parar os olhos na amiga e ver que mesmo sem querer e ainda nervosa com a situação da arma, ela também resmungava a letra da música. Assistindo aquela cena, uma sensação de nostalgia, felicidade e certeza, tomou conta de si, a fazendo rir, o que ganhou a atenção da namorada.

– O que foi agora? – Indagou de sobrancelhas arqueadas, só o que faltava era Marilia lhe oferecer algumas granadas também.

– Você. – Respondeu despreocupadamente.

– O que tem eu? – Espiou a amiga pelo canto dos olhos e a viu sorrindo, o que a fez respirar aliviada, Marili com certeza falaria alguma gracinha.

– Todo esse negócio clichê de juiz de paz, votos, anéis ou alianças, promessas... – De todas as bobagens que esperava ouvir ao ver o jeito com que Marilia lhe olhava, aquela com certeza não estava entre uma delas. Graças a tal coisa, Maraisa sentiu o coração disparar de novo. Talvez a ideia de falarem sobre granadas não fosse tão ruim assim.

– O que tem? – Se fez de desentendida, fazendo Marilia rir.

– Você sabe o que tem. – Tirou os óculos que tinha roubado da morena e voltou a concentrar os olhos nela, fazendo Maraisa balançar a cabeça negativamente muitas vezes.

– Não, não, não, por favor, não faça isso. – Pediu com um sorriso nervoso, quase tão apavorada quanto com a história da arma.

– Por que não? – Questionou ainda rindo. – Casa comigo! – Não pediu, sugeriu e fez o coração de Maraisa bater ainda mais alucinado.

– Não. – Negou. – Faz menos de 24 horas que estamos namorando e menos de 48 que estou separada.

– Não estou pedindo para casar agora, pode ser quando eu sair da prisão. – Maraisa voltou a negar.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora