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"Você tem um jeito um tanto quanto egoísta de amar."

*

– Maraisa, espera, me deixa tentar explicar. – Pediu. A morena bufou, voltou-se para a mentirosa e puxou sua mão para longe da dela, não queria mais nenhum tipo de contato entre elas.

– Explicar? Explicar que você é a droga de uma mentirosa, mesquinha e egoísta? Não precisa, eu já sei. – Cuspiu as palavras.

– Maraisa, eu sinto muito, ok? De verdade, sinto muito. – Falou em tom de desespero. – Não passou pela minha cabeça que isso pudesse acontecer. Pelo amor de Deus, Maraisa! Eu adoro o seu filho, jamais colocaria ele nessa situação, por favor, acredita em mim. – Implorou entre as lágrimas, mas não, aquilo não comoveu a morena, que continuava com semblante de indiferença.

– Acreditar? Eu acreditei em você todas as vezes que você disse que era a última vez que estava vendendo as malditas drogas. Eu acreditei em você, quando você disse que ia largar a faculdade por apenas um período. Acreditei em você quando você disse que faltou a entrevista de trabalho porque teve uma mal-estar. Acreditei em você quando você jurou que carregar a sua maldita mala de dinheiro não me traria problema algum. Acreditei quando você disse que precisava ir porque não sentia por mim o que eu sentia por você. Droga!

A última frase trouxe lágrimas aos seus olhos e fez sua voz embargar. Não podia chorar, Marilia não merecia suas lágrimas, mas mesmo assim a primeira resolveu cair. – Acreditei quando você voltou e disse que foi embora por medo que as coisas não desse certo entre nós e acabássemos perdendo até a amizade. Acreditei quando você declarou o seu amor. Acreditei quando você disse que gostava do meu filho. E acreditei quando você disse que não estava mais envolvida com o tráfico de drogas. – Suspirou e passou a mãos pelos olhos, tentando se livrar das lágrimas estúpidas. – Passei uma boa parte da vida acreditando em você, Marilia. E o que eu ganhei em troca? Mentiras. – Suspirou. – Então não, Marilia, não me peça mais para acreditar em você, porque eu simplesmente não consigo. Cansei, simplesmente cansei.

Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto. Olhou nos olhos marejados e desesperados da amiga por uma última vez e voltou a lhe dar as costas.

– Eu amo você, por favor! – Marilia soluçou a frase.

– Você tem um jeito um tanto quanto egoísta de amar. – Continuou de costas para a amiga. - Infelizmente eu também amo você, e provavelmente esse maldito sentimento nunca vai deixar de existir. Você não tem noção do quanto eu sofri, do quanto eu penei quando você simplesmente resolveu ir embora, mas eu aceitei. – Respirou fundo, engolindo a vontade de voltar a chorar. - Mesmo querendo você, mesmo sofrendo por saber que nunca teríamos nada, eu aceitei. Se era o que você queria, se seria o melhor para você, então eu precisava compreender e aceitar. Amar é isso, não é? Não pensar só em si, mas também em quem se ama. – Suspirou. – Você em momento algum pensou em mim, Marilia. Não pensou nas possíveis consequências. Você simplesmente só pensou em você, no que você queria. Você fez o que sempre faz, colocou sua vontade acima de tudo, sem se importar com mais nada. – De novo tentou ir, e de novo Marilia impediu, grudando a mão no pulso da morena.

– Não quis isso sozinha, não decidi por nós duas. – Maraisa balançou a cabeça concordando.

– Eu quis também, não estou dizendo que não. Quis como quis há treze anos e assim como aconteceu há treze anos, eu teria guardado essa vontade para mim, se você tivesse tido a decência de falar a verdade. – Rebateu. - Querer nem sempre é poder, Marilia. Você tem que aprender isso, para o bem das pessoas que você diz amar.

Tentou liberar o braço do aperto da loira mentirosa, mas Marilia não deixou. Não queria, não podia solta-la, não podia deixa-la ir, sabia que a partir do momento que a largasse, Regina voltaria a sair da sua vida.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora