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A morena ficou feliz e aliviada ao encontrar o lugar vazio, se livrou das roupas rapidamente, e foi para debaixo de um cano que deveria ser o chuveiro. A água gelada a fez soltar gritinho e quase desistir do banho, mas lembrou a si mesma que era uma nova-iorquina, e o frio não a intimidava. Trancou a respiração e meteu a cabeça debaixo da queda d'água, teve a sensação de que dezenas de facas perfuravam o seu corpo, mas ela não desistiu, menos batendo queixo e tremendo pelo frio que sentia, continuou debaixo da água gelada, não demorou muito até seu corpo se acostumar com aquilo. Como ainda não possuía um sabonete, teve que se contentar só em passar a mão vazia pelo corpo.

Estava se secando quando teve impressão de estar sendo observada, ao olhar para trás, deu de cara com Marilia. Teve vontade de rolar os olhos, bufar e berrar com aquela traidora insistente, mas resolveu fazer algo que sabia que magoaria mais a loira, fingir que ela não estava ali.

– Ninguém falou para você que as lésbicas batem ponto aqui nessa hora do dia? - Marilia, estava com dificuldade de tirar os olhos do corpo escultural que a morena tinha ganho. Seus olhos vidrados acompanharam a gota d'água sortuda que caiu do cabelo curto da amiga e descia caprichosamente por suas costas. Desejou de alguma forma ser aquela gota d'água. - Não é legal imaginar o que elas fariam com você, se a vissem assim. - Murmurou.

Maraisa, continuava com seu faz de conta. Se não estivesse tão irritada, teria aberto um sorrisinho pelo tom de voz um tanto perturbado da traidora. Não sabia se a história das lésbicas era verdade ou não, então por via das dúvidas, resolveu se apressar. Enrolou-se na toalha e foi em busca da calcinha.

– Para com isso, Maraisa! Você está sendo infantil! - A novata precisou de concentração para manter a falsa calma e continuar a ignorando.

Marilia bufou e resolveu ir embora, estava na porta do banheiro, quando a raiva da sua ex amiga mimada a fez voltar. Ela faria aquela mulher teimosa a ouvir nem que para isso, precisasse segura-la e foi o que ela resolveu fazer.

Puxou Maraisa pelo braço, a virando para si, depois a empurrou contra a parede e apoiou as mãos na mesma, prendendo a morena entre seus braços. Aquela ação da loira, pegou Maraisa tão de surpresa, que a deixou sem reação por alguns segundos.

– Ouça, eu sinto muito por você estar aqui. Se serve de consolo, parte da quadrilha que foi presa, tinha mencionado seu nome. Eu só confirmei. - A morena estreitou os olhos e esbarrou as mãos contra o peito da traidora, que pelo jeito tinha perdido o amor pela vida.

– Não. Não serve de consolo. - Antes que ela conseguisse fugir, Marilia, voltou a empurra-la contra a parede e colou seu corpo no de Maraisa.

– Você não é tão inocente assim, sabia exatamente o que estava fazendo. - A provocação não passava de um sussurro.

– Você é mesmo muito mesquinha. - A morena tentou empurrar Marilia, para longe, mas não obteve sucesso. - Eu fiz por você, e olha o que eu ganhei em troca. - Sua voz soou ressentida.

– E o que você queria ter ganhado em troca? - A loira continuava sussurrando, sem tirar os olhos dos olhos escuros e raivosos da amiga. - Você tem marido, filho, uma casa, cachorro. Você deveria me agradecer. - Um sorriso debochado nasceu nos lábios da morena.

– Agradecer a você? - Usou seu melhor tom de deboche. - Agradecer exatamente pelo quê? Por você ter desaparecido? Me ignorado? Ou por eu estar aqui com você, ao invés de estar na minha casa, com o meu filho, meu marido e meu cachorro? - Continuou no mesmo tom.

– A sua casa, o seu marido, o seu filho, o seu cachorro, tudo isso, você tem por minha causa. - Maraisa, deu uma risada debochada. - Por que eu abri mão de você, abri mão da porra dos meus sentimentos, por você. - Lágrimas vieram aos olhos da loira, já o sorriso que Maraisa, ainda tinha no rosto, murchou.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora