Infelizmente para Marilia, ninguém conseguiu convencer Maraisa a participar da encenação idiota que Maiara tinha inventado e a jogado dentro. Praticamente todas as detentas do grupo branco, tentaram convencer a morena a ser a Rainha Má, e todas ganharam um sonoro "NÃO", como resposta. Não existia no mundo uma pessoa mais mula teimosa do que Maraisa, Marilia tinha certeza que poderia vir o Papa, Paul McCartney, Mick Jagger, Jesus, Maria, José, pedirem para que a morena participasse daquela droga de teatro e mesmo assim a resposta continuaria sendo não.
A verdade era que a loira andava cada dia mais desanimada em relação a ela e a amiga, ou com a falta de relação entre elas. Maraisa não lhe dava espaço, não lhe dava chances. Trocavam cada dia menos palavras. Conversavam o básico do básico e o assunto era exclusivamente sobre trabalho, já que as máquinas de Maraisa estragavam um dia sim e o outro também. Quando tomavam o café da manhã, ou jantavam "juntas", a morena preferia dar atenção a qualquer detenta do que ouvir Marilia. E sempre que Maiara ou French, tentavam de algum jeito ajudar a loira, Maraisa levantava-se, inventava uma desculpa qualquer e retirava-se.
Marilia estava de mãos atadas, não sabia mais o que fazer, estava pensando seriamente em desistir. Se elas tinham evoluído alguma coisa desde o dia que Maraisa chegou por ali, as últimas três semanas só serviram para desevoluir tudo. A história do teatro, junto com a loira tentando falar sobre o passado, eram com certeza os culpados por tal coisa. Desde aquele maldito dia, a morena nunca mais foi a mesma. O que Marilia não sabia era que, desde aquele maldito dia, Maraisa nunca mais foi a mesma com si própria.
A morena tinha vontade de se estapear, bater com a cabeça contra a parede, fazer tratamento de choque, ou qualquer coisa do tipo que fosse a ajudar a esquecer o que aquela loira estúpida tinha lhe dito na lavação. Tentava não pensar sobre aquele assunto, tentava muito fazer isso, mas era involuntário, quando se dava conta, já estava pensando. Ficava se perguntando o que a idiota traidora queria dizer com, "não fui nem um pouco honesta com você. Eu não estava sendo verdadeira, estava apenas sendo covarde". Não que ela quisesse realmente saber, okay, talvez quisesse, mas só um pouquinho. Apenas para matar sua curiosidade. Mas enfim, o que quer que ela tivesse a dizer também não importava. Não depois de treze anos.
Como estava pensando sobre o mesmo assunto novamente, Maraisa levou as mãos a cabeça e puxou seus cabelos. Sentiu uma enorme vontade de gritar, para extravasar sua ansiedade, raiva, tensão, curiosidade, ou qualquer coisa do tipo que estivesse sentindo, mas como berrar na sala de espera para visitas não parecia uma boa ideia, ela apenas respirou fundo. Se pudesse dar uns tabefes no seu coração estúpido, ela daria, porque toda vez que aquele assunto idiota vinha assombrar sua mente, aquele músculo pulsante idiota batia mais forte, e aquilo só servia para lhe deixar ainda mais irritada.
A morena voltou a puxar os cabelos, e arriscou uma olhada para a porta de entrada da sala de visitas, por onde a qualquer momento, seu filho e marido entrariam, mas como o mundo parecia estar conspirando contra ela, o que ela viu foi Emma ganhando um abraço apertado dos pais.
Suspirou, lembrando que a loira estava de aniversário. Infelizmente ela já tinha lembrado disso assim que acordou, mas é claro que fez esquecer. Além de fazer de conta que não lembrava, ela não se juntou a Marilia no café da manhã e nem no almoço. Ainda não tinha decidido se ia parabeniza-la ou não. As vezes sentia uma vontade enorme de se aproximar e dizer, "hey, parabéns!" mas aí seu orgulho lhe lembrava que durante todos aqueles anos, a loira não tentou fazer contato nem em aniversários. Graças a tal coisa, talvez Marilia não fosse ganhar felicitações da única pessoa que ela realmente desejava ganhar.
Inconscientemente, Maraisa sorriu, ao ver David dando um abraço esmagador na filha, antes de tira-la do chão. Acabou sentindo saudade daquilo, daquela cena. Se ela estivesse lá junto com Marilia, certamente ganharia um abraço daquele também, depois ele a colocaria no chão, bem pertinho de Marilia, olharia para as duas, as chamaria de, "minhas garotas" e aconteceria um abraço triplo.
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ESCAPE | MALILA
FanfictionMaraisa foi sentenciada a 13 meses de prisão por ter cometido um pequeno delito no passado. Na prisão, ela acaba esbarrando com sua ex melhor amiga e delatora, Marilia Mendonça. Mulher que partiu seu coração ao abandona-la sem nenhuma explicação lóg...