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(...) - Vocês estão atrasados! - Maraisa reclamou enquanto era esmagada pelos braços do marido e do filho.

– Desculpe! - O marido pediu. - Precisamos ser revistados e a fila estava grande. - Explicou.

– E eu precisei voltar no carro para deixar meu celular, não quiseram me deixar entrar com ele. - Léo continuou.

– Eu falei para você sobre isso. - Maraisa pegou no pé do filho. - Mas parece que você não vive mais sem esse celular. Gostaria de saber o que você tanto faz com ele. - Se não estivesse com tanta saudade da mãe, Léo teria rolado os olhos por ouvir ter ouvido tal frase pela milésima vez.

– Se comunica com as namoradinhas. - Danilo respondeu rindo, sabendo que a mulher morria de ciúmes só de pensar sobre aquele assunto.

– Não começa, pai. - O garoto pediu, antes que a mãe dele fizesse uma cena drástica de ciúmes.

O abraço dos três chegou ao fim e eles se afastaram minimamente.

– Oi, querida! - Danilo, abriu seu melhor sorriso, antes de beijar os lábios da mulher.

– Oi, querido! - Ela ronronou contra os lábios do marido e antes que eles começassem um beijo não muito agradável aos olhos de Leo, o garoto resolveu tossir, querendo dizer que estava ali. Maraisa sorriu, abriu os olhos e sem muita vontade, separou os lábios dos do marido e voltou-se para o filho. Seu sorriso alargou ao ver o garoto ali em sua frente. Sentia como se o estivesse vendo depois de anos.

– Me da mais um abraço, vai! - Pediu ao abrir os braços e Leo jogou-se lá sem hesitar. - Que saudades de você! - Murmurou ao aperta-lo.

– Senti muito a sua falta, mãe. - Ele confidenciou. - Aquela casa não é a mesma sem as suas ordens. - A mulher sorriu e para não chorar, resolveu não dizer nada, só liberou Leo do abraço e o atacou com muitos beijos. - Mãe, as pessoas estão olhando. - O garoto murmurou envergonhado, fazendo a morena dar risada e cessar o ataque.

– Saudade dos meus homens desorganizados. Venham, vamos sentar. - Apontou para a mesa mais próxima e os rebocou até ela. Danilo sentou-se de frente para a esposa, e Leo sentou-se ao lado da mãe, que passou o braço em volta dos ombros dele.

– Então, como foi sua semana? - Danilo a questionou.

– Boa, a medida do possível. - Soltou com o ar. - Ainda estou em fase de adaptação. - O olhar que ela lançou ao marido o fez entender que ela não queria falar sobre aquilo na frente do filho.Disfarçadamente ele deu um leve aceno de cabeça concordando.

– E como é estar presa? - Leo a questionou.

– Como diria meu filho pré-adolescente: é um saco! - Respondeu rindo o fazendo rir também.

– Um saco tipo como? - Ele quis saber.

– Tipo como? - Ela fez uma pausa para organizar os pensamentos. - Tipo, ter hora para dormir, ter hora para acordar, hora para as refeições... - Antes que ela pudesse continuar, o garoto a interrompeu.

– Nossa! Eu morei toda a minha vida em uma prisão e nunca soube. - Pegou no pé dos pais. - Mas tá, continua. - Pediu a mãe que rolou os olhos pelo drama do filho.

– A comida é ruim, o colchão parece uma folha de papel, não tem cortina nos banheiros, não tem portas nos sanitários, não tem TV pra assistir a noite, não tem celular, internet, computador e eu acho que só. - Os olhos de Leo, olhavam assustados para mãe, ao fim do relato.

– Você tipo, toma banho na frente de todo mundo? - Tá, ele achava um saco não ter celular, internet, computador e televisão, mas imaginava conseguir viver sem aquilo. Mas tomar banho na frente de um monte de desconhecidos? Imaginar aquilo o fez fazer uma nota mental de nunca sequer cogitar a possibilidade de infligir alguma lei.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora