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– Não. Ela só desmaiou e provavelmente ficou sem alguns dentes. - Avisou. - Você precisa sair daqui, se não vai passar pelo menos um mês na solitária. - Avisou.

Maraisa nem se moveu, estava em choque. Se sentia um monstro, não conseguia desviar os olhos do que tinha feito, lembrar do quão feliz ficou enquanto socava a outra, lhe deixou ainda mais perturbada. Há quanto tempo não perdia o controle daquele jeito? Se Marilia e Maiara não tivessem aparecido, ela certamente teria matado aquela pessoa que ela sequer sabia o nome.

Marilia já tinha presenciado uma cena parecida com aquela antes, quando elas estavam no colegial. Sabia o quão mal a morena ficava depois que retomava o controle da situação. Precisava tirar Maraisa dali, porque sabia que ela não veria problema nenhum em aceitar ir para solitária, já que estava se achando culpada.

– Vem comigo! Vou tirar você daqui. - Pediu ao soltar os braços da morena, pegar sua mão e a rebocar para fora daquele lugar.

Marilia tentou fazer com que passassem despercebidas pelas outras detentas e rezou para que ninguém parasse os olhos nas mãos de Maraisa, que estavam vermelhas de sangue. Ao chegarem na lavanderia, onde graças ao bom Deus, só Maraisa trabalhava, a loira tratou de colocar as mãos da amiga debaixo da torneira e lava-las. Depois de se livrar de qualquer vestígio de sangue, Marilia molhou a mão e passou no rosto de Maraisa, que tinha um pequeno corte abaixo do olho esquerdo, além de estar um pouco inchado.

Constatou que muito provavelmente aquele foi o motivo do descontrole da morena. Deixou Maraisa ali, e foi até onde ficavam as máquinas, pegou a cadeira que tinha lá e levou até a morena, depois a puxou pela mão para que sentasse.

Suspirou e levou as mãos até a cintura, analisando o estado de choque da amiga. Agachou-se ficando entre as pernas de Maraisa. Levou a mão até seu queixo, tentando fazer com que seus olhos perdidos a encarassem.

– Hey, está tudo bem! - Murmurou confiante. Maraisa continuou incomunicável. - Ela vai ficar bem. - Tentou de novo.

– Eu sou um monstro. - A morena murmurou por fim, deixando lágrimas caírem.

– Não, você não é. - Os polegares de Marilia, tentavam em vão secar as lágrimas de Maraisa. - Aposto que foi ela quem começou.

– Isso não me deixava no direito de quase mata-la. - Horrorizada, a voz da morena soava horrorizada.

– Você não fez por querer. - Marilia continuava firme em sua defesa.

– Sim, eu fiz. Lembro que não sabia mais nem o motivo de estar batendo, mas não queria parar. - Seus olhos até então desfocados se concentraram em Marilia. - Se vocês não tivessem aparecido, eu teria a matado. - Sussurrou.

– Você não pode ter certeza disso e a gente apareceu. Então pare de pensar nesse "e se". Vai por mim, e se, não resolve nada. Só serve para atormentar. - Marilia segurou o rosto da amiga entre as mãos. - Ela vai ficar bem. - Prometeu. Maraisa ficou por algum tempo só observando sua imagem através dos olhos claros da loira, até por fim suspirar e balançar a cabeça em sinal de reprovação.

– É incrível como você tem o poder de me meter em encrenca até quando não quer. - Marilia juntou as sobrancelhas, não entendendo o que a morena quis dizer.

– O que eu fiz? - Indagou.

– Aparentemente fez aquela coitada se apaixonar por você e depois a dispensou. - Marilia ficou tão nervosa quando encontrou Maraisa naquele estado no banheiro que nem se preocupou muito em observar quem era a vitima, mas pelo que estava entendo, a irmã de French foi o saco de pancadas.

- Ela veio me mandar ficar longe de você, fez isso de uma maneira nada educada e me empurrou, eu provoquei, ela me acertou um soco e então... - Não precisou continuar, Marilia sabia o que aconteceu depois do então.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora