"Não quero que me ame agora. Deixe para me amar quando voltar."
*
Suas pernas estavam tremulas, assim como suas mãos, e seu coração batia acelerado, enquanto mil coisas passavam pela sua cabeça. Tinha certeza absoluta que não queria saber onde Marilia estava indo, tinha certeza que não gostaria do que iria ver, mas mesmo assim, continuava sua caminhada.
Ao pensar no que provavelmente veria, sentiu raiva, e apertou sua mão esquerda na arma que carregava no bolso da jaqueta. Parou em seco, quando Marilia parou em frente a um casarão abandonado.
Encostou-se em um muro onde a má iluminação da rua não a tornava visível e esperou. Viu a loira checar o celular, antes de tirar os olhos do mesmo e passa-lo pelo casarão. Viu também quando ela forçou a porta do lugar para abri-la, e antes que conseguisse passar pela mesma, resolveu interferir.
– Marilia! – Chamou ao se fazer visível, o que fez a amiga pular de susto.
Não, não, Maraisa não estava ali, não podia mesmo estar ali. Por que diabos ela não estava dormindo? Desde quando tinha se tornado tão imune aos efeitos do vinho? Maraisa quando caía no sono, era praticamente impossível de acordar, e tudo ficava muito pior, quando tomava uma quantidade considerável de vinho, então não tinha explicação para ela estar ali.
Não contava com aquele imprevisto, não fazia ideia do que diria para a namorada. Talvez, devesse contar tudo de uma vez, mas não fazia ideia de como Maraisa reagiria a tal coisa. E se ela quisesse chamar a polícia? Não, não podia de jeito nenhum chamar a polícia. Polícia não era uma alternativa, ou seja, precisava convence-la, ou achar um lugar para tranca-la até resolver aquilo tudo.
Suspirou, e sem saída, voltou-se para a namorada, que caminhava em sua direção.
– O que você está fazendo aqui? – Para não ter que ver o olhar de decepção da amiga, manteve os olhos no zíper da jaqueta da morena.
– O que eu estou fazendo aqui? Não sei! – Deu de ombros. – Me diga você, o que eu estou fazendo aqui? – Sua pergunta soou ácida.
– Você não tem nada para fazer aqui, deveria estar em casa dormindo. – Maraisa sorriu sem humor.
– Você bem que tentou que eu ficasse em casa dormindo, não é mesmo? Tentou me embebedar para que isso acontecesse. – Acusou. - Tomei duas taças de vinho, até perceber que você mal tinha tocado na sua, o que achei estranho, já que você levava a taça a boca de minuto a minuto. – Contou. – Desconfiada, fui até a cozinha e substituí o vinho por suco de uva. – Balançou a cabeça negativamente ao ver que Marilia nem tentaria ao menos se defender. – Juntando isso, ao problema que você diz ter, mais você ter me arrastado para cama, para literalmente dormirmos, me fizeram ter certeza que você aprontaria alguma coisa ainda hoje. – Suspirou. – Acho que não precisei esperar quinze minutos, até você sair da cama, pôr sua roupa, pegar algo na sua mochila que suspeito ser uma arma, e sair do quarto. – Bufou, desejando estapear a namorada mentirosa. – Como você pode ver, decidi seguir você. – Resolveu ocultar a parte que resolveu também trazer a arma que Marilia tinha lhe dado há um tempo.
– Maraisa... – Deu um passo à frente, enquanto pensava no que dizer, o que fez Maraisa recuar.
– Por que estamos aqui? Tem a ver com o problema que você prometeu contar amanhã? – A loira balançou a cabeça afirmando.
– Sim. – Foi tudo que respondeu.
– O que você vai fazer lá dentro? – Foi direto ao ponto.
– Nada! – A resposta de Marilia a fez sorrir sem humor e tirar o celular do bolso direito da jaqueta.
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ESCAPE | MALILA
FanfictionMaraisa foi sentenciada a 13 meses de prisão por ter cometido um pequeno delito no passado. Na prisão, ela acaba esbarrando com sua ex melhor amiga e delatora, Marilia Mendonça. Mulher que partiu seu coração ao abandona-la sem nenhuma explicação lóg...