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A pergunta de Marilia, pegou Maraisa de surpresa e desprevenida. Elas nunca tinham tocado naquele assunto, nem mesmo quando a morena procurou a loira para falar dos sentimentos que nutria por ela. A morena recuperou-se logo da pergunta, colocou um semblante de indiferença na cara e resolveu responder.

– Aquela noite? - Se fez de desentendida. - Talvez os remédios estejam comprometendo sua sanidade. - Ironizou ao tentar sair dali, mas a loira a segurou pelo braço a impedindo.

– Londres. Treze anos atrás. Whisky, cigarros, você, eu e a maldita música do Jim Morrison. - Murmurou tudo sem muita paciência. - Refresquei sua memória, Maraisa Pereira? - Os olhos de Maraisa ficaram presos nos de Marilia por alguns segundos. Segundos esses que foram suficientes para a loira ter certeza que a ex amiga lembrava de tudo.

– Londres. Treze anos atrás. "Nós não nascemos grudadas." "Eu preciso de espaço." - Tentou imitar a voz de Marilia. - Refresquei sua memória? - Indagou ao lançar um outro sorriso irônico.

– Eu não fujo das coisas ruins, assim como não fujo das boas. - A loira respondeu sem se abalar. - Por que você só não responde minha pergunta? - A mão da loira apertou com força o braço daquela morena marrenta que se achava a dona da verdade. Maraisa estreitou os olhos, lhe lançando um olhar ameaçador.

– Acabei de falar sobre tudo que eu me lembro. Então não, eu não lembro de whisky, cigarros, eu, você e a maldita música do Jim Morrison. Agora sugiro que largue meu braço, antes que eu perca a paciência e você tenha que voltar para a enfermaria. - Falou entre dentes. Marilia sustentou aqueles olhos irritados por alguns segundos, por fim desistiu e resolveu solta-la.

– Você continua uma péssima mentirosa. - A loira provocou.

– Vá para o inferno! - A morena esbravejou antes de esbarrar seu ombro no ombro da morena e sair dali.

– Hey, Pereira! - Marilia agarrou sua mão. Regina bufou e desistiu de ir, mas ficou de costas para a loira irritante e insistente. - Sempre que ouço essa maldita música, lembro de você, do cigarro e da fumaça. - Ao ouvir aquilo o coração estúpido da morena, acelerou sem sua permissão e ela quase, quase, deixou escapar um sorriso idiota.

– Vá para o inferno! - Voltou a repetir, dessa vez sem o tom irritado na voz. Marilia percebeu aquilo, e não pode deixar de sorrir. Resolveu não dizer mais nada, apenas soltou a mão da morena e sem perder nenhum detalhe, seus olhos acompanharam ela caminhar para fora do refeitório. Por fim suspirou, jogou as mãos para dentro do bolso e voltou a sorrir.

– Ah o amor... que coisa patética. - A voz de Panda, fez Marilia pular de susto.

– Não sei sobre o que está falando. - Tentou disfarçar.

– Estou falando sobre aquela morena gostosa, pela qual você apanhou e pela qual você estava suspirando. Tenho que admitir, você tem bom gosto. Com ela, eu casaria. - Marilia fechou a cara e levantou a cabeça para encarar a troglodita.

– Fique longe dela! - Ordenou. A mulher riu, levou a mão até o rosto da loira e deu leves tapinhas em sua bochecha.

– Isso vai depender de você e da sua desenvoltura. Se é que me entende. - Antes que Marilia, pudesse responder a troglodita voltou a falar. - Fique boa logo ou então... talvez eu comece a suspirar pela morena também. - Depois de fazer tal ameaça, Panda simplesmente deu as costas para Emma e se foi. A loira fechou as mãos em punho, e respirou fundo algumas vezes para conter a vontade de ir atrás daquela mulher e lhe mostrar do que era capaz.

(...) Os dedos de Maraisa batucavam incansavelmente contra a parede de vidro que a separava da sala de visitas, enquanto seus olhos ansiosos e preocupados não se desprendiam da porta de entrada daquele lugar. O horário de visita tinha começado há cinco minutos e o filho e o marido ainda não tinham aparecido.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora