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"Porque a única mulher por quem sou apaixonada e desejoso que seja apaixonada por mim, chama-se Maraisa Pereira..."

*

– Catherine era minha irmã caçula. - Contou ao virar-se para Maiara. - Ela morreu, faz muito tempo, afogada na piscina do clube. - Murmurou de olhos baixos, enquanto a fatídica cena ameaçou invadir sua mente.

– Eu sinto muito! - Foi tudo que Maiara pode dizer.

– Eu também! - French também se manifestou. A morena balançou a cabeça em sinal de concordância e um silêncio um pouco incomodo tomou conta do lugar.

– Você sabe que não foi culpa sua. - Marilia voltou a puxar a amiga pela cintura e a abraçou por trás. Elas nunca tinham falado abertamente sobre aquilo. Fazia cinco meses da morte da irmã de Maraisa, quando se conheceram, e sempre que aquele assunto vinha a tona, a morena dava um jeito de pôr fim a ele em questão de segundos. Mesmo nunca tendo conversado sobre aquilo, Marilia sabia que Maraisa se sentia culpada, mesmo ela não tendo culpa nenhuma.

Aquilo aconteceu em uma tarde de inverno, as poucas pessoas que estavam no clube, estavam reunidas no salão de festas, comemorando o aniversário da mãe das meninas. Kate deu um jeito de escapar para rua sem ser notada, ou quase isso, Maraisa a viu saindo e foi atrás, quando chegou lá a menina já estava na piscina, a morena não sabia nadar, então tudo que fez foi gritar por socorro, que acabou chegando um pouco tarde. Desde então, Maraisa se arrependia amargamente por não ter pulado atrás da irmã. Se tivesse morrido, pelo menos teria feito aquilo tentando salvar a menina.

– Vou descer. Preciso ligar para casa. - A morena avisou ao se desvencilhar de Marilia.

– Qual é, Maraisa? Converse comigo. - Pediu segurando a mão da morena, que suspirou e a encarou. Não queria conversar sobre aquilo, na verdade não podia, porque aquele assunto com toda certeza do mundo levaria a um ainda mais doloroso. O suicídio da sua mãe. Os olhos tristes da morena fizeram Marilia suspirar e soltar sua mão. A morena sorriu em sinal de agradecimento e sem dizer mais nada saiu dali. As três detentas a acompanharam ir sem dizerem um palavra. Assim que Maraisa sumiu da visão delas, Marilia suspirou e jogou as mãos para dentro dos bolsos.

– Quantos anos tinha a garota? - Maiara questionou em um sussurrar.

– Quase cinco. - Marilia soltou com o ar.

– E eu me pareço mesmo com ela? - A loira suspirou, tirou os olhos do vazio e encarou a detenta.

– Não sei. Quando eu conheci Maraisa, Kate já tinha morrido, então eu só a conheci por fotos. Talvez os olhos pareçam mesmo. E a primeira e única vez que Maraisa falou um pouco sobre ela, a primeira coisa que contou foi o quanto a irmã era falante.

– Oh, por favor, Maiara, não é hora para um interrogatório. - French impediu uma próxima pergunta. - O que você está esperando para ir atrás dela? - Indagou a Marilia que mais uma vez suspirou.

– Ela precisa de alguns minutos sozinha, se eu for agora só vou piorar as coisas. - Explicou. French encarou a loira por um tempo, então sorriu.

– Você realmente conhece ela. - Marilia afirmou com a cabeça, e retribuiu o sorriso.

– Muito. Mais do que a mim. - Contou. - Bom, vou descer também. Tenho uma mudança para fazer. - Avisou.

– Mudança? - Maiara indagou curiosa.

– Lucas deixou um lugar vago na cela de vocês, vou me apossar dele. - A ruiva riu incrédula. French também parecia não acreditar no que ouvia.

– Como você conseguiu? - Indagou a detenta.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora