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"Posso levar você para passear, posso te arrumar uma namorada, o que você me diz?"

*

Maraisa tentou de todas as formas, colocar seu trabalho em dia para chegar a tempo no funeral da avó de Marilia, mas graças aos e-mails atrasados, ao caixa que não fechou no dia anterior, a curiosidade insistente de Maiara, a comida que a ruiva lhe trouxe, para tentar lhe arrancar alguma informação, e a todos os problemas que resolveram acontecer naquela tarde, acabou se atrasando e muito.

Dirigia seu carro lentamente, pelo estacionamento do cemitério, em busca de Marilia ou qualquer conhecido que pudesse lhe informar onde encontrar a loira, mas como estava muito atrasada, concluiu que não encontraria mais ninguém ali.

Quando desistiu e resolver que iria até a casa da loira e esperaria pela mesma lá, a avistou caminhando desanimadamente, com uma mochila nas costas, em direção a saída do lugar. Sorriu com a cena, e guiou o carro até a amiga.

– Eu quero ir para Beverly Hills, pode me dizer o caminho? – Indagou ao abaixar o vidro, olhando Marilia por cima dos óculos. A loira parou de andar, abriu um sorriso largo e voltou-se para a dona da voz. Caminhou até o carro e pendurou os braços na janela aberta.

– Fica do outro lado do país, mas posso, cinco dólares. – Piscou para a amiga.

– Que absurdo! – Maraisa fez-se de incrédula.

– Agora são dez. – Pôs a cabeça para dentro do carro.

– Não pode me cobrar por uma informação. – Tinham assistindo tantas vezes aquele filme, que sabiam as falas decor.

– Não sou eu quem estou perdida. – Gargalhou junto com a morena, que resolveu pôr fim a encenação e destravar as portas do carro.

– Entra! – Maraisa convidou, e Marilia prontamente jogou-se para dentro.

– Pensei que tinha me dado o cano. – Comentou ao inclinar-se para o lado da morena e beijar-lhe o rosto.

– Desculpe, mil perdões. Me enrolei de todas as formas possíveis com a cafeteria, quando dei por mim, já estava atrasada. – Explicou em tom de desculpas.

– Tudo bem. Imaginei que estava presa com alguma coisa de lá. – Sorriu tranquilamente. – Ah, antes que eu esqueça, amei seu carro. Adoro esses modelos SUV, eles parecem tão grandes e ao mesmo tempo tão compactos. E esses Mercedes GLA tem cara de mal. Você fica ainda mais gostosa aqui dentro. – Maraisa sorriu completamente sem graça, o que deixou Marilia sem entender, mas não por muito tempo, já que logo em seguida Léo pigarreou, anunciando que estava ali.

– Não estamos sozinhas? – Marilia murmurou envergonhada, e como resposta ganhou um balançar de cabeça da amiga, dizendo que não. Sem jeito por ter chamado a mãe do amigo de gostosa na presença do mesmo, olhou para trás, dando de cara com o garoto sentado atrás de si. – Olá! – Lhe sorriu sem graça.

– Então, minha mãe é gostosa? – Ao ver que tinha envergonhado as duas, resolveu se divertir.

– Muito. – Sua sinceridade fez Maraisa resmungar seu nome. – E eu sei que você sabe sobre isso, porque eu aposto que seus amigos têm a mesma opinião que eu. – O garoto soltou um suspiro de lamento antes de concordar.

– Faz quatro anos que meus amigos inventaram a eleição da mãe mais gostosa. Faz quatro anos que a minha mãe é a vencedora. Faz quatro anos que tenho que ouvir absurdos sobre o que eles gostariam de fazer com ela. – Marilia riu alto ao ouvir tal coisa.

– Está vendo, Maraisa Pereira? Essas crianças pensam em você antes de irem para a cama e quando estão na cama também. – O comentário fez Maraisa lhe olhar de canto.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora