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Devagar quase parando, o tempo passou na prisão Litchfield, e finalmente Maraisa estava completando um mês de prisão. Não parecia muito, não era muito, mas pelo menos era alguma coisa. Enfim tinham se passado 30 dias, só restavam mais 365. A morena abriu um sorrisinho debochando de si mesma, ao enfatizar o "só".

– Bom dia, Maraisa Pereira! - Marilia e sua fiel companheira chamada insistência, apareceram para mais um café da manhã. A loira sentou-se ao lado da amiga.

– Bom dia! - Desejou de muito mau gosto. As coisas entre as duas não tinham mudado muito. Marilia continuava tentando recuperar a velha amizade. Maraisa continuava magoada.

De todas as coisas perigosas da prisão, para Maraisa, Marilia, era a sem sombra de dúvidas a mais ameaçadora. O sorriso idiota daquela loira estúpida, junto com sua fala mansa, e as insistentes lembranças que ela fazia questão de compartilhar, eram tudo armadilhas, Maraisa tinha certeza. Assim como tinha certeza que uma vez que se deixasse levar, tudo estaria perdido. Então todos os dias travava uma batalha consigo mesma para ser o mais indiferente possível.

– Que bom dia animado, hein? - Marilia pegou no pé da morena.

– Dê uma olhada ao seu redor. - Maraisa murmurou como se fosse um segredo, fazendo a loira passar os olhos lentamente pelo lugar, tentando achar algo de errado.

– O que tem? - Indagou ainda procurando o problema.

– Está vendo quanta gente? - A loira balançou a cabeça afirmando. - Então, por que você não escolhe uma dessas pessoas para azucrinar e me deixa em paz? - A sugestão da morena arrancou um sorrisinho da loira insistente.

– Obrigada, mas eu prefiro você. - Respondeu com toda sinceridade. Na noite em que fugiram da sessão cinema e foram para rua, Marilia decidiu que não desistira de recuperar a amizade da morena. Gostava da frase "vença pelo cansaço", e estava seguindo aquela filosofia. Embora Maraisa continuasse a tratando com desprezo quase sempre, as vezes, a velha Maraisa fazia uma breve aparição, o que enchia a loira de esperança. - No que você estava pensando antes de eu chegar? - Indagou cheia de curiosidade. As vezes Maraisa fixava os olhos em um ponto e fica lá, paradona por um bom tempo. Sempre que tal coisa acontecia, Marilia ficava morrendo de curiosidade para saber o que se passava pela cabeça da amiga.

– Nada em que lhe diz respeito. - Respondeu ácida.

– Tem a ver com seu mesário na prisão? - Marilia sabia que a morena estava completando seu primeiro mês ali.

– Desde quando ficou boa com datas? - Se existia alguém péssima para lembrar de qualquer tipo de data, esse alguém era a loira. Era sempre Maraisa, quem a lembrava do que quer que fosse.

– Desde quando as datas tem a ver com você. - Foi direta. Ela podia ser horrível com essa história de datas, mas quando o assunto envolvia Maraisa as coisas eram diferente.

Sua resposta sincera deixou a morena irritante sem uma resposta a altura, o que a fez mudar de assunto.

– Planos para o dia em que eu sair daqui, era o que eu estava fazendo. - Respondeu muito de mau gosto, antes de enfiar um pedaço de pão na boca.

– Além de encontrar com seu marido e seu filho, o que mais tem nesses planos? - Inconscientemente, Marilia rolou os olhos ao lembrar de Danilo.

– Minha banheira, uma garrafa de Châteauneuf du Pape, minha cama, sexo. - Marilia sorriu ao ver os olhos da morena brilhando.

– O que diabos é châteaun... - A loira não conseguiu pronunciar o maldito nome, o que arrancou um sorriso da morena.

– Châteauneuf du Pape. - A pronuncia perfeita da amiga metida, fez Marilia rolar os olhos.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora