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"Você gosta da minha mãe não só como sua amiga, Marilia."

*

– Você estava indo muito bem, até a parte da língua. – Murmurou sorrindo.

– Desculpa, mas achei importante você saber. – Também sorria. – Ah, saiba que seus dedos também estão inclusos nisso. – Riu ao ver as bochechas da namorada ganharem cor. - Me desculpe sobre a Jennifer, ela não vai mais voltar. – Fechou os olhos, roçou o nariz no da namorada, e distribuiu vários beijos pelo seu rosto, até suas bocas se encontrarem. Maraisa já nem lembrava mais o motivo de ter estado tão irritada.

– O que ela veio fazer aqui? – A morena indagou enquanto ainda tinha um certo controle sobre si. Queria saber sobre aquilo, antes de se deixar ser seduzida.

Marilia suspirou, pôs fim ao beijo, abriu os olhos e os prendeu nos da morena que já estavam abertos.

– Conversar. – Foi tudo que respondeu, sabia que Maraisa não se contentaria com aquela resposta, mas aquele foi um jeito de ganhar tempo enquanto pensava no que poderia ou não falar.

– Conversar sobre o quê?

– Maraisa... Lembra quando ela me mandou aquela carta? Se você quiser, depois eu mostro. – A morena afirmou com a cabeça. – Ela escreveu me pedindo desculpas e pediu para me ver. Ela queria que não houvesse ressentimentos, queria desculpar-se pessoalmente e eu acabei concordando. Sei lá... – Deu de ombros. – Queria que ficasse tudo entendido e definitivamente encerrado. Entende? - Maraisa suspirou e afirmou. - Acabei colocando o nome dela na lista, mas isso já faz mais de um mês, nós ainda não estávamos juntas, eu já nem lembrava mais disso.

– E está tudo definitivamente encerrado? – Seu olhar de desconfiança fez Marilia sorrir. Achou bonitinho aquele ciúme, nunca tinha a visto tão enciumada.

– Está completamente, decididamente, definitivamente, encerrado. – Ouvir a voz decidida de Marilia, fez a morena esboçar um meio sorriso.

– Para sempre? – A loira afirmou.

– Para todo o sempre. – Beijou os lábios da amiga. – E ela não vai mais voltar aqui. – Prometeu.

– E o que foi aquele abraço? – Marilia suspirou, também não podia falar todos os motivos sobre tal abraço. Como se odiava toda vez que abria a boca para mentir ou omitir alguma coisa de Maraisa. Como se odiava por ser tão mesquinha. A verdade, Maraisa tinha direito de saber sobre a verdade, tinha direito de decidir fazer ou não parte da vida bagunçada da loira, tinha todo o direito sobre aquilo,  sobre Gold e a sua dívida no tráfico, mas não podia contar, não conseguia contar, porque sabia qual seria a decisão da morena, sabia que ela se afastaria, iria embora sem nem olhar para trás.

– Foi um abraço de tchau, boa sorte, viva bem a sua vida. – Foi o pedaço da verdade que conseguiu contar. – Maraisa, se um dia você terminar com Danilo, vai passar a odiá-lo? – Precisava urgente fazer aquele assunto chegar ao final, antes que acabasse vomitando toda a verdade.

– Não. – Respondeu com tanta certeza que fez a namorada rolar os olhos.

– Então. Não é porque Jennifer e eu não temos mais nada que eu preciso odiá-la, é? – A morena suspirou.

– É! – Sua sinceridade fez a loira gargalhar. – Eu não gosto dela, definitivamente, não gosto. – Maraisa não costumava se enganar com as pessoas. Sempre que batia os olhos em alguém, conseguia saber se era uma boa pessoa ou não. As vezes odiava aquilo, odiava julgar sem conhecer, mas julgava, e não costumava se enganar. Na verdade, nunca se enganou. E Jennifer? Era o pior tipo de pessoa, tinha certeza que era, e aquilo não tinha nada a ver com seu ciúme.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora