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"Você vai sofrer, vai sofrer tanto, que no final vai implorar por um tiro de misericórdia."

*

Ao entrar no lugar, deparou-se com um corredor bastante escuro. A luz da lua que entrava pelo teto descoberto, era a única coisa que iluminava os passos de Marilia.

Deveria estar com medo, na verdade estava com medo, mas não de quem ia encarar, não do que viveria dali alguns segundos, e sim de não voltar a ver Maraisa. Não queria morrer ali, não queria que tudo terminasse naquela noite. Não estava preparada para aquilo, não estava preparada para deixar de saber sobre a amiga, saber sobre o dia dela, sobre os sonhos engraçados. Não estava preparada para deixar de ouvir o mal humor matinal, as declarações, as broncas. Não estava preparada para abrir mão de Maraisa, dessa vez, para sempre.

Tinha medo de que quando desse seu último suspiro, tudo terminasse, tinha medo de esquecer da amiga, e tinha ainda mais medo de ser esquecida. Eram esses os medos que lhe acompanhavam enquanto caminhava rumo ao desconhecido.

O corredor deu lugar a um grande espaço vazio e malcheiroso. Quando pensou em se anunciar, refletores foram acesos. Os mesmos virados em sua direção, a deixaram momentaneamente cega. Colocou o braço na frente dos olhos, e caminhou para o centro do lugar, fugindo da luz forte. Piscou muitas vezes até começar a recuperar a visão, e quando viu o homem a poucos metros de si, ficou momentaneamente sem reação.

Estava completamente surpresa, tão surpresa que por alguns segundos, não conseguia pensar em nada. Toda a esperança e confiança que tinha de sair bem dali, começou a se esvair, enquanto encarava o ex-marido psicopata de Maraisa.

– Você! – Foi tudo o que escapou de sua garganta. O homem abriu um sorriso debochado, junto abriu também os braços.

– Surpresa! – Fingiu empolgação. – Decepcionada? Esperava outra pessoa? – Indagou com sarcasmo. – Gold, talvez? – Levou a mão a testa, fingindo lembrar de algo. – Ah, mas espera, você matou Gold, então ele não podia estar aqui. – Marilia deu de ombros. Respirou fundo, e voltou a pensar, precisava de um plano B. Xingou-se por sequer ter cogitado a hipótese de encontrá-lo ali, graças a tal coisa, encontrava-se momentaneamente a mercê da sorte. Tinha se armado contra Gold, contra o tráfico, não contra o idiota.

– Não sei sobre o que está falando. – Danilo riu.

– Você sabe exatamente sobre o que estou falando. Você ganhou um final de semana de liberdade. Exatamente o final de semana em que Gold, "suicidou-se." – Marilia esboçou um sorrisinho debochado.

– Coincidência, não?

– Coincidência. – Concordou. – Coincidência também seu irmão ter estacionado bem em frente ao prédio do falecido, exatamente no dia do pseudo assassinato.

– Está acusando meu irmão? – Se fez de desentendida.

– Não. Estou acusando a carona dele, que por um acaso, era uma versão morena de você. – Explicou. – Câmeras de segurança, amo elas. – Riu ao deixar a loira sempre tão debochada, sem palavras. – Você verificou se o prédio de Gold tinha câmera de segurança, mas não verificou a loja em frente ao prédio. – Balançou a cabeça, fingindo desapontamento.

– Então, por que me chamou aqui, ao invés de ter ido direto a polícia? – O sorriu maquiavélico que abriu e o olhar perturbado que lançou, fez Emma recuar um passo.

– Não tenho intenção de vê-la presa. – Contou o óbvio. - E antes que faça outra pergunta idiota, também não tenho intenção em entrega-la ao pessoal de Gold. – Esclareceu. Marilia nada disse, tais "esclarecimentos" deixaram bem claro qual era a intenção do homem. – Não vai perguntar qual minha intenção? – Negou.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora