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(...) Ainda não eram 8:00 horas da manhã. Maraisa mal tinha conseguido abrir os olhos. Passou a madrugada praticamente toda acordada chorando, e quando o cansaço finalmente a venceu, ela foi acordada e praticamente arrastada de sua cela, por um policial nada educado que não lhe deu nenhuma explicação. Agora estava lá, sentada na sala na sala do conselheiro, sendo interrogada pelo mesmo, que queria a qualquer custo, descobrir o que tinha acontecido com a senhorita Mendonça.

– Pela milésima vez, senhor Menotti, eu não vi nada! - A noite mal dormida, junto com aquele lugar, mais a encrenca que Marilia já tinha conseguido meter a morena, a faziam ter vontade de pular no pescoço do conselheiro.

– Mas a senhora estava no banheiro, quando a senhorita Mendonça, foi vista entrando. - Insistiu de novo.

– Senhor Menotti, o senhor fala como se aquele banheiro fosse um quadrado de 1x1. Eu estava tomando banho, ou seja, estava na parte dos chuveiros. A senhorita Mendonça, muito provavelmente estava na parte dos sanitários. Aliás, o senhor já viu o estado precário daquele banheiro? Pelo amor de Deus, senhor Menotti! O que custa colocar portas nos sanitários e cortinas nos chuveiros? - O homem rolou os olhos. Ele já tinha ouvido tanto aquela mesma pergunta de outras detentas, que já tinha até uma resposta formada.

– Custa muito. Estamos tendo contenção de despesas. Portas e cortinas não são essenciais. E não mude de assunto, senhora Pereira.

– Eu não vi nada. - Bateu mais uma vez na mesma tecla. Se tivesse que passar o dia ali, passaria. Mas não abriria a boca para dizer a verdade. Tinha certeza de que se dedasse a mulher boxeadora, sofreria graves consequências.

– Assim a senhora não está colaborando. Sabe que pode acabar parando na solitária? - Ouvir aquilo fez os olhos da morena crescerem e seus ombros ficarem tensos.

– O senhor vai me mandar para solitária por eu não saber o que aconteceu, é isso? - Se fez de espantada, mas na verdade estava com vontade de ir na enfermaria atrás de Marilia, e lhe dar mais algumas porradas.

– Pereira, ontem você ameaçou em publico, "meter a mão na cara" da senhorita Mendonça. Menos de doze horas depois, ela chega na enfermaria com três costelas quebradas, e o rosto arrebentado. Convenhamos, as pistas apontam em sua direção. - A morena ficou um pouco assustada ao ouvir sobre TRÊS costelas quebradas.

– Senhor Menotti, como o senhor mesmo falou, eu a ameacei em publico, ou seja, pelo menos umas dez detentas ouviram. A senhorita Mendonça, não é uma pessoa digamos, muito querida. Ou seja, alguém pode ter se aproveitado da minha ameaça para bater nela, assim a culpa cairia sobre mim. - Menotti, precisava admitir, Pereira, era esperta, engenhosa e talvez manipuladora. Tinha certeza que ela estava envolvida na surra de Mendonca, e tinha quase certeza que não arrancaria nada dela.

– Tem certeza que não viu nada de suspeito mesmo? - Tentou uma ultima vez.

– Certeza absoluta. - Respondeu com convicção. - Já posso ir agora? - O homem suspirou e decidiu desistir, ou fazer de conta que desistiu. Talvez daquele jeito fosse mais fácil investigar.

– Pode. - Maraisa lhe sorriu em agradecimento e ao levantar-se de lá, seus olhos acabaram batendo no telefone e ficaram presos lá. - Algum problema? - Menotti, indagou ao perceber que a morena tinha empacado.

– Senhor Menotti, fiquei sabendo que o cheque que meu marido depositou, vai levar três dias para cair e até lá não vou conseguir usar o telefone. Por favor, me deixa usar o seu. Prometo que vai ser rápido, só quero saber se meu filho está bem. - O homem abriu a boca para negar, mas de última hora, teve uma ideia melhor.

– Vá em frente. - Respondeu apontando para o telefone. - Digite o 9, antes de qualquer coisa. - Maraisa sentiu vontade de pular de felicidade, mas ficou só na vontade mesmo. Resolveu ser rápida, antes que o homem mudasse de ideia. Seu coração batia forte a cada chamada que o telefone fazia. Para sua alegria, na quinta vez que chamou, alguém atendeu.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora