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VEIO GALERA, SE SEGUREM GAYS!

*
Milagre de Natal...

(...) A encenação começou com a Rainha consolando e prometendo cuidar de Branca de Neve, que lamentava e chorava a morte do pai. Em seguida veio a parte em que as duas se divertiam no quarto da Rainha enquanto uma festa era dada no salão de festa do castelo. Logo depois veio a cena em que a Rainha se declarava, a Branca de Neve fugia, conhecia o príncipe e a Rainha se tornava má. Por fim, a Rainha obrigou Branca de Neve a comer a maçã, a mesma obedeceu, o príncipe apareceu, o beijo não funcionou e estavam na parte em que os anões velavam o corpo da Branca.

Maraisa entrou tão bem na personagem que sentiu-se angustiada ao ver Marilia ou Branca de Neve lá, imóvel, de olhos fechados, com as mãos repousando sobre o peito, deitada sobre a mesa da capela, - que tinha se tornado uma espécie de caixão - parecendo realmente morta.

Ok, talvez ele estivesse sendo dramática demais. Talvez tivesse lido muitos livros de Nicolas Sparks. Talvez também fosse as emoções pela noite de natal. Não sabia exatamente o porque, mas se deu conta de como a vida é algo frágil. Em um piscar de olhos você pode não estar mais vivo. E pior, quantas coisas inacabadas você deixa nesse mundo? Ver Marilia lá daquele jeito a deixou com sentimento de culpa. Se perguntou quantas vezes no auge da raiva, desejou o pior para a amiga. Se deu conta que não, não queria e nem nunca quis que nada de ruim acontecesse com aquela loira desmiolada. A queria ver bem, sorrindo, fazendo piadas sem graça, tagarelando, rindo das próprias desgraças, conspirando contra meio mundo, sendo Marilia.

Foi tirada de seus pensamentos por uma das sete anãs que disfarçadamente cutucou com o cotovelo em seu braço, em uma tentativa de tirar a morena do transe. Maraisa respirou fundo e rapidamente lembrou-se de suas falas.

– Saiam! - Ordenou com uma voz dura. Em fila as anãs foram saindo. Quando todas já tinham abandonado o palco, a Rainha suspirou e foi até sua Branca de Neve. Fixou os olhos nela tentando achar algum sinal de que estava tudo bem, mas ficou ainda mais angustiada ao ver que a loira continuava completamente imóvel. Ok, ela estava respirando, mas tratando-se de Marilia, ficar quieta, imóvel, sem fazer nenhum tipo de graça por mais de um minuto era no mínimo preocupante.

Levou a mão até as mãos postas da loira e respirou aliviada quando sentiu que as mãos dela estavam quentes. Aquilo era um sinal claro que ela estava viva, certo? Só precisa desperta-la. Imaginou que ficaria nervosa com aquela cena, mas não estava. Tudo que estava querendo era que Marilia abrisse os olhos e voltasse a tagarelar.

– Eu sinto muito. - Desculpou-se. - O ódio me cegou. Eu sinto muito. - Branca de Neve continuava estática e aquilo estava definitivamente deixando Maraisa nervosa. Desde quando Marilia tinha ficado tão boa com a história de interpretar? - O Beijo do seu príncipe estúpido deveria ter feito você despertar. Não sei porque não funcionou.

Em uma tentativa de comunicação com Marilia, Maraisa apertou as mãos dela, mas não obteve respostas.

- Nós podemos começar de novo. Eu, você, seu príncipe estúpido. Prometo não persegui-los mais. Eu só estava magoada, você não deveria ter fugido, se só conversasse comigo e me falasse seus motivos, por mais idiotas que fossem, eu teria entendido.

Aquilo tudo fazia parte do script, Maraisa só estava começando a ficar em dúvida se falava por si ou pela Rainha.

- Mas você preferiu fugir, como se não se importasse o mínimo que fosse. Eu me senti enganada, traída, abandonada, então o ódio tomou conta. Esqueci completamente o que você significava para mim. O ódio apagou qualquer lembrança boa que eu tinha de você e eu só me dei conta de que ainda me importo, quando vi você aqui deitada tão sem vida. - A Voz da morena falhou e seus olhos lacrimejaram. - Não me sinto vingada como pensei que me sentiria. Só sinto um vazio ainda maior. Uma parte de mim, a parte boa, que sorria, brincava, sonhava, ela está morta. Morreu com você. Só me sobrou a escuridão.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora