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"Marilia? Meu estômago sente borboletas por você."

(...)

O olhar irritado de Maraisa estava fixo no relógio pendurado na parede descascada da lavanderia que ela já chama de sua. Uma hora, Marilia estava atrasada há exatamente uma hora. Mentalmente se perguntava em que diabos de lugar, aquela loira perigosa estaria metida. Imaginar que talvez ela pudesse estar em um canto qualquer, se divertindo com alguma detenta, deixava a morena ainda mais possessa. Se descobrisse que Marilia, ao invés de trabalhar, andava por aí de gracinha com outras, a morena faria um escândalo, ah, com certeza faria.

– Toc, toc! - Foi tirada dos seus pensamentos pela voz da loira. - É aqui que tem uma maquina pegando fogo? - Sorriu ao parar ao lado da morena, que tinha a cara fechada, os braços cruzados e um olhar irritado.

– Até que enfim! - Esbravejou. Odiava, odiava esperar, quando o assunto era trabalho. A loira sorriu ao ver o quanto a amiga estava irritada. Adorava a cara de irritada de Maraisa, tinha vontade de aperta-la, abraça-la e beija-la. - Vai ficar aí parada me olhando, ou vai arrumar? - Pelo canto dos olhos percebeu Marilia lá, parada, lhe olhando e sorrindo sabia-se Deus do quê.

– Estamos estressadas hoje? - Puxou a morena pela cintura, a tirando da frente da maquina, lhe beijou a bochecha e parou em frente a encrenca, também chamada de maquina. - Qual o problema dela? - Indagou ao pegar sua chave de fenda e começar a desparafusar.

– Não sei, não sou eu quem entende de conserto de maquinas. - Bufou e socou a outra maquina ao seu lado. Marilia tirou atenção do que fazia e encarou a morena. Desistiu da máquina, encostou-se na mesma e cruzou os braços.

– Então me fale de um problema que você entende, o seu. - Pediu.

– Aonde você estava? - Foi direto ao ponto.

– Trabalhando? - Arqueou a sobrancelha, como se fosse óbvio.

– Trabalhando ou de brincadeirinha com as detentas por aí? Porque faz uma hora que eu fui lá atrás de você e você não estava. Pelo que eu saiba, não existem muitas maquinas por aqui além das minhas. - Reclamou e Marilia achou graça daquilo.

– Ah é, estava me divertindo com elas lá fora. Estávamos jogando baseball quando vieram me falar da sua máquina, avisei que só viria quando terminasse o jogo. - Aquela resposta debochada deixou Maraisa ainda mais irritada.

– Idiota! - Tentou passar pela loira para sair dali, mas ela não deixou. Puxou Maraisa pelo braço e a empurrou contra a maquina. Apoiou as mãos na maquina, uma de cada lado do pescoço da morena.

– Acontece que o meu serviço não se limita ao conserto de maquinas, Maraisa Pereira. Eu conserto interruptores, troco lâmpadas, tomadas, desmancho coisas para roubar peças e pôr em outras coisas e por aí vai. Estava tentando dar um jeito na carroça que o conselheiro chama de computador. - Explicou. - Você me insulta com essa sua desconfiança infundada, sabia? - Prendeu os olhos na boca da morena.

– Ótimo! Agora que você consertou a carroça do senhor conselheiro, pode enfim dar jeito na minha maquina. - Tentou sair dali, mas Marilia continuou exatamente no mesmo lugar, a impossibilitando de sair. - Anda logo, Marilia! Não tenho o di... - Não conseguiu acabar a frase, Marilia calou a boca da morena com a sua. - Marilia... - Tentou pôr um fim àquilo, mas a loira continuava irredutível. - Agora não. - Pediu e ao perceber que a loira não a obedeceria, Maraisa simplesmente parou de beija-la. Ficou lá, inerte, esperando que Marilia percebesse que não estava sendo correspondia, ao perceber tal coisa a loira abriu um olho para checar o que estava acontecendo, e aquilo acabou fazendo Maraisa rir. - Acabou? - Indagou ao levar a mão até o rosto da amiga e afasta-lo do seu.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora