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"Como eu posso desistir da minha pessoa, por mais errada que ela seja?"

*

– O que aconteceu com a Marilia segura e experiente que eu deixei aqui embaixo? Porque aposto que essa Marilia que está falando comigo, está com a mãos suadas e o coração acelerado de puro nervosismo. – Implicou com a amiga.

– Posso perguntar qual o nome do perfume que você usa? – Questionou enquanto inspirava aquele cheiro bom.

– Candy, por quê? – Porque com certeza encomendaria um tal Candy, com Red, a cozinheira da prisão, que de um jeito ilegal, conseguia trazer algumas coisas de fora da prisão. Precisava daquele perfume, precisava borrifa-lo em suas coisas, com certeza aquilo ajudaria a matar um pouco da saudade que iria sentir da amiga.

– Porque é cheiroso. Meu cheirados gosta muito dele. – Apontou para o nariz, de novo fazendo a amiga rir.

– Melhor do que cheiro de frango de padaria? – Marilia assentiu.

– Infinitamente melhor. – Garantiu. Como se desse continuidade aquela conversa, acabaria mais uma vez envergonhando a si mesma, resolveu mudar de assunto. – Eu gostei da sua casa. E essa sala? Meu Deus! Ela é perfeita. Gostei do paredão de vidro, fica tudo tão arejado e claro. E gostei do piso branco, gostei do contraste que dá com esse tapete preto enorme. Gostei do tapete também, ele é tão peludo e parece ser tão fofinho. Quando olho para ele, quase consigo ouvi-lo me chamando, tipo: venha Marilia, deite e role. – Falava com empolgação. – E achei muito bem pensando usar uma parede para fazer as escadas. – Apontou para trás de si, onde estava as escadas. - A madeira preta que você usou para os degraus, sobre a parede branca, dá a impressão que os degraus estão flutuando.

Passou os olhos pela sala enorme, pensando em mais algum comentário que queria fazer. – E esse sofá? Nunca sentei em um sofá tão comprido e largo, macio e confortável. Poderia passar o resto da minha vida sentada nele. Gostei da cor branca com os braços pretos. Aliás, você mesclou muito bem o branco com o preto, ficou tudo tão maravilhoso. – Elogiou. – Só fiquei em dúvida sobre uma coisa, essa coisa ali é mesmo uma lareira?

– Sim, é a lareira. – Maraisa respondeu sorrindo.

– E a chaminé, cadê? – Juntou as sobrancelhas, enquanto tentava desvendar aquela lareira.

– Não tem. É uma lareira ecologicamente correta. – Explicou. – Funciona com etanol. – Marilia tirou os olhos daquela coisa ecologicamente correta e encarou a amiga.

– Sem madeira? – Indagou perplexa com tal tecnologia.

– Sem madeira. – Maraisa garantiu.

– Sem fumaça? – Fez outra pergunta.

– Graça a Deus, sem fumaça. – Voltou a garantir.

– Isso não existe! – Murmurou admirada. A morena voltou a sorrir, inclinou o corpo para frente e estendeu o braço, pegando um controle em cima da mesa de centro.

– Observe. – Apontou para a lareira, antes de apertar o botão do controle remoto, fazendo com que a mesma fosse acesa.

– UAU! – Exclamou admirada. – UAU! Uma lareira sem chaminé, sem fumaça e que liga com controle remoto? - Indagou incrédula. – UAU! Definitivamente, eu quero morar aqui. – Seu comentário empolgado arrancou outra gargalhada da amiga, que se divertia ao ver o quanto os olhos da loira, brilhavam de empolgação. – Como isso funciona?

– Tem um queimador dentro dela, onde vai o etanol e obviamente um dispositivo para que eu consiga usar o controle remoto. É só encher o dispositivo de etanol e pronto, o resto faço pelo controle. Consigo aumentar e diminuir as chamas, assim como ligar e desligar. – Explicou. Marilia estava boquiaberta, olhando para a lareira ecologicamente correta.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora