59

989 94 67
                                    

Hey! Já começo pedindo desculpas adiantadas por esse e, também, pelos próximos, que serão longos. Estamos chegando na reta final da história, mas ainda terão umas reviravoltas para acontecer. Enfim, beijinhos e boa leitura. 💜

"Você bem que gostou quando eu estava fazendo."

*

Marilia suspirou, pensando em um dos melhores momentos da sua vida, que acabou não saindo do script. Passou a noite em claro, conversando, amando, rindo, planejando, criando inesquecíveis momentos. Por fim quando o dia ganhou a noite, e a voz da namorada foi ficando cada vez mais arrastada e inexistente, resolveu parar de falar e deixa-la dormir.

A princípio seu plano também era de dormir, mas não conseguiu. Tinha medo de fechar os olhos e de repente, quando voltasse a abri-los, constatar que nada daquilo realmente aconteceu. Então enquanto Maraisa dormia agarrada a si, Marilia revivia muitos momentos em que passou com a namorada.

Sorriu lembrando de alguns, xingou-se mentalmente lembrando de outros, e chamou-se de cega e burra lembrando de mais outros. Ao bater os olhos em cima da mesa de centro, e ver o porta-retratos que lá estava, deparou-se com um momento perfeito, que para sua infelicidade acabou só acontecendo em sua mente. Abriu um sorriso tristonho, ao lembrar-se do dia em que junto com Maraisa, planejou o momento da foto daquele porta-retratos.

Marilia suspirou, ainda com os olhos fixos no porta-retratos que Maraisa e Léo, faziam parte. Aquela foto foi tirada na maternidade, tinha certeza que foi. Não esteve lá, como disse que iria estar, não participou daquele momento, não tinha aquela lembrança.

Sua mão não foi apertada, esmagada, quase arrancada pelas mãos da amiga, tão pouco pode compartilhar da felicidade de Maraisa, quando o choro de Léo se fez audível na sala de parto. Não pôde ver a felicidade estampada nos olhos da amiga, quando ela viu o filho pela primeira vez, não teve um momento com Léo, nem era sua madrinha.

De novo suspirou frustrada, ao pensar naquilo, o que fez Regina que já estava há algum tempo acordada, abrir os olhos. Conhecia aqueles suspiros, Marilia tinha um problema, com certeza tinha.

– Qual o problema? – Sua voz saiu falha, quase inaudível.

– Como foi? – Sussurrou a pergunta, enquanto seus dedos alisavam o braço da namorada.

– Como foi o quê? – Coçou a garganta, tentando trazer sua voz.

– O nascimento de Léo. O parto. Esse tipo de coisa.

– A bolsa estourou no começo da madrugada, Léo nasceu às 2:00hrs da tarde. As últimas horas que antecederam o nascimento foram... – Buscou uma palavra que pudesse definir toda a dor que sentiu. – Tenebrosas. Eu quis morrer, quis matar, quis nunca mais transar em toda a minha vida. Você não tem noção da quantidade de palavrões que eu gritei e chorei. – Marilia sorriu ouvindo aquelas coisas. – Mas quando eu vi ele... – Lagrimas vieram aos seus olhos ao lembrar de tal momento. – É inexplicável, totalmente inexplicável. De repente você não se põe mais em primeiro lugar, as suas vontades já não são mais importantes. É um sentimento único, é uma promessa que você faz a você mesma, de proteger, cuidar, zelar aquela pessoinha a sua frente para sempre. – Suspirou pensando no filho, que por um acaso estava de aniversário naquele dia. – Eu realmente não consigo explicar. – Marilia balançou a cabeça concordando.

– Eu queria ter estado lá. – Lamentou-se.

– Eu não quis saber se era menino ou menina, então quando o médico me entregou e disse que era um menino, instantaneamente lembrei de você. – Contou, fazendo a amiga sorrir.

– Para que ultrassom, quando se tem Marilia Mendonça, não é mesmo? – Sussurrou. – Quem é a madrinha dele?

– A irmã de Danilo. – De novo Marilia soltou um suspiro frustrado.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora