50

838 102 86
                                    

"Você acha que pode me desculpar por essas mentiras?"

*

Graças a toda aquela confusão, as duas acabaram perdendo toda a manhã de trabalho, quando chegaram na cafeteria a mesma estava um caos, e como não há nada de ruim que não possa piorar, Tinker também não foi trabalhar, graças a uma virose que lhe colocou no hospital. Maraisa acabou parando no caixa, e teve que recrutar o filho para ajudar Nathalie, a atender as mesas, enquanto Maiara preparava os cafés.

Maraisa conseguiu cobrir a marca em seu rosto com maquiagem, e usou uma echarpe para cobrir o pescoço, mas não pôde fazer quanto a sua voz, e seus olhos ainda um pouco avermelhados. Sabia que Léo pediria explicações sobre aquilo, na verdade já tinha pedido e a morena prometeu dá-las assim que chegassem em casa. Foi então que Maiara convidou a amiga e o garoto para uma competição de videogame, sutilmente a lembrando que eles não iriam para casa.

No final do dia estava exausta, seu corpo doía, sua cabeça doía, seu pescoço doía e sua garganta incomodava e muito, podia jurar que ainda sentia as mãos do marido lhe apertando. A echarpe que usava estava começando a lhe sufocar.

Finalmente o expediente tinha acabado, o último cliente tinha saído e a morena estava concentrada contando o dinheiro que tinha no caixa. Quando ouviu a sineta da porta tocar, avisando que alguém tinha acabado de entrar, bufou e xingou-se por não ter passado a chave na mesma.

– Desculpe, mas já fechamos. – Avisou sem tirar a atenção do que fazia. Voltou a bufar ao ouvir passos se aproximando ao invés de dar meia volta e ir embora. – As maquinas já estão desligadas. – Sua atenção continuava nas notas de cinquenta.

– Eu estava pensando que talvez você pudesse me vender uma água. – Ao ouvir aquela voz, Maraisa entrou em choque. Suas pernas amoleceram, seu coração acelerou, a caneta que estava em sua mão caiu e as borboletas adormecidas em seu estomago, acordaram com força total. Lentamente Maraisa levantou a cabeça, e deparou-se com Marilia paradinha a poucos metros de si. A loira trajava um jeans rasgado, uma camiseta preta, e tinha um camisão xadrez pendurado na cintura. Seus pés que estavam dentro de um par de all star sujo e surrado, faziam seu corpo subir e descer, mostrando o quanto ela estava nervosa, e suas mãos dentro dos bolsos traseiros da calça só confirmavam aquilo.

Maraisa queria muito dizer alguma coisa, mas além de surpresa, estava tão nervosa quanto Marilia. – Eu posso pagar. – Marilia voltou a falar, tirou cinco dólares do bolso traseiro e mostrou para Maraisa, que apenas concordou com a cabeça e sem saber direito como, conseguiu caminhar até a geladeira de refrigerantes. Ao voltar, colocou a água sobre o balcão e pegou o dinheiro, o guardando no caixa, em seguida entregou o troco a loira, que juntou as sobrancelhas e encarou a amiga.

– Você paga para as pessoas tomarem água? – Maraisa lhe lançou um olhar de interrogação.

– Como? – Xingou-se por sua voz estar daquele estado.

– Eu dei cinco dólares e você está me devolvendo cinquenta. – Apontou para nota.

– Desculpa. – Pediu. Nervosa, devolveu a nota de cinquenta ao caixa. Já não lembrava mais nem o preço de uma água, então com certeza não saberia dar o troco, o que a fez pegar a nota de cinco e devolver a Marilia. – Cortesia da casa. – Tentou sorrir.

– Faço questão de pagar. Dou o troco para a caixinha dos funcionários. – Maraisa apenas assentiu e voltou a guardar o dinheiro. – Você está gripada? – Indagou. – Sua voz... – Com certeza de todos os assuntos que poderiam ter, aquele não era um.

– O que você está fazendo aqui? – Indagou.

– Não se preocupe, não tem ninguém atrás de mim, ninguém me seguiu e nem sabe que estou aqui. Juro. – Marilia tinha entendido errado, não foi aquilo que a morena quis perguntar.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora