37 • As irmãs

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POV Visaena

Já fazia um tempo que havíamos chegado naquele lugar sagrado, Fon pulava de um lado pro outro animada, ela estava explorando tudo. Só parou quando Daella, a irmã mais velha de Rhaella, olhou pra ela furiosa.

Assim que chegamos, Ella mostrou tudo a nós. Ela nos apresentava animadamente todo o lugar e parecia feliz em finalmente ter visitas. Quando olhei pra Daella por um momento, ela sorria tristemente pra irmã e eu sentia que talvez elas fossem mais solitárias do que nós imaginávamos.

Depois do passeio, Daella começou a preparar um almoço pra nós, ela parecia irritada em ter que entreter os convidados. Mas limpava o cervo, que Aemond havia caçado mais cedo, com afinco e tinha até um brilho animado no olhar. Fon e Aemond ficaram com ela para ajudá-la, enquanto eu e Ella íamos até a enorme árvore que havia no meio do bosque.

Aquela árvore era espetacular, ali embaixo dela eu não conseguia ver seu topo e o tronco dela era enorme. Encarei maravilhada aquele lugar, com uma paz invadindo meu peito.

— Vejo que você também gosta dela. - Ouvi a risadinha de Ella ao meu lado e virei pra olha-la, ela sorria observando a árvore também. — Ela está aqui desde muito antes dos homens andarem pelo mundo, desde os primórdios da terra. Como se sustentasse a vida que floresce em todos os lugares e ela estará aqui quando o fim chegar.

Senti arrepios pelo corpo quando a ouvi, virei pra árvore novamente. Ela era mais incrível do que eu imaginava, um ser tão antigo. Aquilo me fascinava.

Pensei ter sentido ela respirar, mas me livrei dessas idéias, isso é impossível.

— Não é impossível. - Ella falou e meu coração deu um salto, parecia que ela tinha lido minha mente. A vi começar a ir em direção a árvore e sentar-se encostada em uma de suas raízes. Ela me chamou e eu hesitantemente fui, me sentando ao lado dela. — Tudo que vem da natureza é um ser vivo, as árvores e flores não são diferentes. Vocês só não conseguem ouvi-los, mas eles falam e conversam entre si.

Meu corpo tremia e os arrepios percorriam minha espinha. A cada palavra que Ella pronunciava eu sentia algo me observando.

— Como você sabe disso?... - Engoli em seco e finalmente consegui perguntar.

Ella olhou pras flores que floresciam na nossa frente e soltou um longo suspiro, virando pro céu azul logo em seguida.

— Você ouve eles, não ouve? - Meu sangue gelou, com suor frio começando a se formar nas minhas palmas. — Não se preocupe Visa, isso não é algo ruim. Na verdade é um presente muito especial, um presente que os Deuses resolveram dar a você. - Ela sorriu gentilmente e se virou pra mim. — Em um futuro próximo, você precisará usar este presente, então deve mantê-lo escondido. Mas você pode contar para aqueles em que confia, família é uma dádiva, não quero que esconda nada da sua.

Ella pegou minhas mãos carinhosamente e minha visão ficou embaçada. Em algum momento comecei a chorar, com ela me abraçando e consolando como se eu fosse uma criança.

Eu sempre tive tanto medo, medo de me verem como uma abominação. Medo de ser julgada, excluída ou renegada. Eu vivia apavorada em pensar que tentariam me usar quando soubessem que eu podia ouvir os dragões. O que eu mais temia, era que minha família se ferisse ou pior, que me abandonassem por isso.

As pessoas temem o desconhecido e se afastam do diferente, eu não queria me tornar isso, então eu me fechei e lutei contra mim mesma. Me negando a aceitar minha essência e me negando a contar pra qualquer um quem eu realmente era.

Por isso me apaixonei mais ainda por Aemond. Ele foi a primeira pessoa a saber dos meus segredos mais profundos, foi a primeira pessoa que eu confiei e me senti segura em contar tudo. E ele não me decepcionou, ele me aceitou e ficou encantado ao saber que podia ter a chance de se comunicar com Vhagar. Pela primeira vez na minha vida eu estava em paz ao lado de alguém e eu o amo mais e mais a cada dia.

Sangue do Dragão | HOTD | Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora