79 • Funeral Real

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O dia estava nublado, com os ventos congelantes, tudo parecia cinza. O clima na Capital era pesado e no castelo, melancólico.

Ninguém viu os Príncipes, quando a Herdeira do Trono chegou pela manhã, ninguém foi recebê-la. Rhaenyra não se sentiu ofendida, pelo contrário, a preocupação e dor era tudo que rondava sua mente nesse momento.

Aemond correu para o quarto dos irmãos assim que pousou no fosso. Visaena deixou o marido seguir seu caminho e foi com sua mãe ver o corpo do avô. Toda a família estava desconsolada.

Quando chegou em frente ao quarto de Aegon, Aemond abriu a porta sem se importar com as etiquetas. Lá dentro estavam todos os seus irmãos, o mais velho sentado no parapeito da janela olhando pra fora, perdido em pensamentos. Helaena estava sentada no sofá de cabeça baixa, mechendo num lenço que estava em suas mãos. Haelena estava do seu lado e Daeron com a cabeça deitada em seu colo, enquanto ela acariciava as madeixas prateadas dele.

Assim que ouviram a porta sendo aberta, eles se viraram em direção ao intruso. Aemond ofegava e um suor frio escorria de sua testa, ele entrou no quarto com passos bambos.

— Mond... — Haelena sussurrou e Daeron se sentou, com os olhos fixos no irmão.

Então a Princesa se levantou e ao se aproximar do caçula o mais novo a puxou, a abraçando como se a mulher fosse uma tábua de salvação. A Targaryen segurou seu irmão, retribuindo o abraço.

Os outros três se juntaram também, os cinco irmãos ficaram assim no meio do quarto. E então, toda a dor e angústia, desespero e desolação, que estavam entalados em seus corações os sufocando, foi liberada.

Enquanto se consolavam eles choravam, seus soluços e gritos ressoando para além do quarto. Quem ouvia não podia deixar de se emocionar, a tristeza dos irmãos Targaryen era dolorosa e tocavam cada servo e nobre que estava por perto.

Do outro lado do castelo não estava muito diferente. Os gritos de Rhaenyra chamando pelo pai ecoavam pelo lugar, acompanhados dos soluços e choros dos seus filhos.

Foi mais um dia de luto e tristeza para a Fortaleza Vermelha. Um dos piores dias.

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As ondas violentas batiam contra as rochas, o mar estava agitado, acompanhado das intensas ventanias que ameaçavam levar tudo que via pela frente.

No alto da colina de Rhaenys, em frente ao fosso, uma enorme pira funerária fora montada. Deitados sobre uma cama de flores e folhas frescas, repousavam os cadáveres do Rei e Rainha dos Sete Reinos.

Um apelo de Vilavelha chegou dias antes, um pedido sincero feito pelo novo Lorde Hightower. Ele queria que o corpo de sua irmã fosse levado pra casa, para que ela pudesse descansar no seu lar.

Mas tal pedido fora negado pelos Principes, filhos da Rainha. Os irmãos sabiam do medo e receio que sua mãe sentia em voltar para a Torre, Alicent jamais gostou daquele lugar. Como uma última forma de preservar sua memória, eles decidiram que ela seria cremada em sua casa, como a Rainha que era, ao lado do Rei.

Aegon e Haelena se sentiram em conflito com isso, e queriam aceitar a proposta de seu tio, mas seus outros irmãos os convenceram do contrário.

Viserys não amava Alicent e jamais se preocupou de fato com ela, sua mãe também nunca foi feliz ao lado do seu pai. Mas eles ainda se recusavam a levá-la pro lugar onde passou uma infância tão sombria ao lado daquele homem.

Eles jamais iriam crema-la no mesmo lugar que lembrava aquele homem. Alicent seria lembrada como a Rainha de Westeros, não como a filha da Mão do Rei, Otto Hightower.

Sangue do Dragão | HOTD | Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora