6 • Súplica e Revelações

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O café da manhã em família foi um fiasco, terminando da pior forma possível, com tio Daemon xingando a Rainha e meu avô saindo com ele e minha mãe pra conversarem em particular. Eu, meus irmãos e as meninas voltamos pro quarto. As palavras da Rainha continuavam na nossa cabeça e eu estava ficando inquieta, não sabendo como reagir se aquilo fosse verdade. Em algum momento nós nos separamos e eu segui pro fosso, onde eu costumava me esconder quando era pequena.

Aquele lugar mesmo lotado de dragões, me trazia tranquilidade e paz. Eu amava passar meus dias lá, cantarolando melodias e músicas que surgiam em minha mente, aproveitando a companhia daquelas feras aladas. Mas eu nunca gostei de ver aquelas criaturas presas como escravos, meu coração doía em ver os temidos dragões presos a correntes atrás de celas, não podendo voar livremente pelos céus, onde era o lugar deles. Desde pequena prometi a mim mesma libertar todos quando ficasse mais velha, mas eu não tinha nem um dragão, quem dirá libertar os outros que estavam aprisionados lá.

Caminhei um tempo sem rumo até chegar em uma caverna, poucas tochas iluminavam debilmente o ambiente, fazendo com que eu tivesse que forçar a vista pra enchergar alguma coisa. Mas não senti medo. Me sentei em uma rocha no canto e aproveitei o vento que vinha de algum lugar. E como sempre, uma doce melodia surgiu nos meus ouvidos, vinda de um lugar muito distante.

* Valiriano *

Ó meu precioso amigo, meu amável amigo
Escute minha canção e siga minha voz pela escuridão

Naqueles dias distantes e sombrios
Que compartilhamos nossa dor e sangue
Deixe suas lágrimas fluírem, deixe-as cair como cristais
Lave a terra com sua dor, meu amigo

Minha voz fluiu melancólica, nem sei quando comecei a cantar. Uma saudade sufocante tomou conta de mim e senti como se algo tivesse sido arrancado do meu peito. Uma tristeza, agonia e desespero tomando conta do meu corpo. Aquela música era tão triste, como um pedido de ajuda ou uma despedida, eu não conseguia entender, mas sentia cada emoção que ela passava.

Quando parei de cantar vi que estava chorando lágrimas de pura saudade e desamparo, foi como se outra pessoa tivesse se apossado do meu corpo ou que eu me conectei a alguém sentindo suas emoções. Era estranho, como sempre foi desde pequena, mas novamente eu não ia contar a ninguém, seria um segredo só meu.

Enquanto tentava limpar as lágrimas que não paravam de cair, senti uma bufada de ar quente nas minhas costas e meu sangue gelou.

Olhei pra trás apavorada e vi ali um enorme dragão cor de cobre, olhando com seus olhos reptilianos fixamente pra mim. Senti minha alma sair do corpo e voltar, fiquei petrificada olhando nos olhos daquela criatura. Eu estava em pânico! Como não havia ouvido essa coisa chegar tão perto?!

Passou um bom tempo até que eu pudesse me acalmar, mas nunca tirei os olhos do dragão e nem ele dos meus. Quando enfim acalmei minha respiração, uma voz soou na minha mente, uma voz grossa e suplicante.

* Valiriano *
- Quero voar... quero ser livre... criança, você pode me tirar daqui?

Um arrepio percorreu meu corpo e fiquei em choque. Assim como na noite em que consolei Vhagar, eu ouvi os desejos de um dragão novamente. Seus olhos estavam com um brilho triste, sua voz carregada de tristeza, o quanto ele deve ter sofrido preso e acorrentado nessas cavernas. Sem nunca poder voar livremente, sem ver o céu azul, o quão solitário deve ter sido. Sem saber lágrimas começaram a cair novamente, com minha voz trêmula eu perguntei a ele.

* Valiriano *
- Você quer que eu lhe leve? Posso levá-lo pra fora. - Eu vi os olhos daquela criatura se arregalarem de espanto, talvez ele jamais tivesse pensado que alguém poderia escuta-lo. Então ele fechou os olhos, como se me desse permissão pra se aproximar.

Sangue do Dragão | HOTD | Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora