63 • Ore aos Deuses

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Os gritos de Rhaenyra enchiam o ambiente. Ao saber da notícia de que seus três filhos estavam desaparecidos, a jovem Rainha entrou em trabalho de parto. Horas já haviam se passado e muito sangue já tinha escorrido por suas pernas, mas a criança se recusava a sair. Preocupando as parteiras que tentavam ajudar a Targaryen.

— Por favor sua alteza, se deite e deixe que o meistre a veja! — Uma das mulheres tentou convencê-la.

— SAIA! NÃO ME TOQUE VADIA! — Ela gritou empurrando a velha parteira que tentava levá-la pra cama novamente. — NINGUÉM VAI ENCOSTAR EM MIM! MANDE ESSE VELHO PRO INFERNO! SAIAM DAQUI! TODOS VOCÊS! FORA!

As mulheres tentaram contestar, mas foram expulsas aos gritos por Rhaenyra.

Ela já estava cansada, fazia horas que aquelas dores infernais haviam começado e sua filha não nascia. Suas três crianças, seus bebês tinham sido engolidos pela escuridão e ninguém sabia onde eles estavam. Uma angústia e desespero tomava seu corpo, fazendo sua situação piorar.

Rhaenyra queria que essa criança nascesse logo, ela queria correr com Sirex até o último lugar onde seus filhos foram vistos e procurar por eles. Ela sabia, ela sentia que eles estavam vivos, mas estavam em perigo. O desespero e medo de perder seu Luke, seu Joff e sua amada Vis lhe causava falta de ar, ela sentia seu coração apertar e ficava cada vez mais aflita pra parir essa criança de uma vez.

— Vamos lá... vamos lá... — Rhaenyra se apoiou na lareira do quarto, orando e implorando. — Saia logo! Saia meu amor! Eu preciso salvar seus irmãos... você precisa sair... seus irmãos estão em perigo.

Sua voz suplicante e ofegante ecoava pelo quarto. Em outra tentativa desesperada ela fez força novamente, decidida a persistir até a criança sair. Ela não parou de empurrar, sua visão já começava a ficar embaçada, ela sentia sua cabeça sonza. Mas não podia se deixar desmaiar agora, sua filha tinha que sair, ela tinha que sair logo!

— SAIA DE UMA VEZ! — O grito raivoso foi ouvido por todo castelo, assustando guardas, servos e Lordes que estavam ali.

Ela empurrou com todas as forças que lhe restavam e quando viu sua visão escurecer, um alívio tomou conta do seu corpo. Rhaenyra sentiu algo deslizar pra fora de si e cair imóvel no chão, logo depois ela olhou pro pequeno ser entre suas pernas.

Seu corpo estremeceu, lágrimas já caiam de seus olhos quando ela desabou, ao lado do corpinho de sua filha sem vida.

— Não... não... — Com as mãos trêmulas ela tomou a criança em seus braços. — ... eu perdi meus filhos... minhas crianças... todas se foram...

O grito junto ao choro de dor da futura Rainha ecoou por toda Pedra do Dragão, acompanhado pelo rugido ensurdecedor de Sirax, que sentiu todas as dores de sua domadora. Quando as parteiras fora do quarto tentaram entrar, foram expulsas novamente. Ninguém conseguia se aproximar de Rhaenyra e sua voz de puro desespero era ouvida por todos ali. Ela chamava seus filhos, suas crianças que jamais a responderiam novamente.

— Meus bebês... — A Targaryen se agarrava ao corpo da criança. A ninando com lágrimas caindo sem parar.

Ela não sabia mais como viveria. Ao ver sua filha sem vida, a imagem de seus outros três filhos desaparecidos rondou sua mente. Os três mortos aos seus pés, com um olhar de terror nos olhos. Ela parecia ouvir seus gritos pedindo socorro, chamando por ela, mas ela não fez nada. Ela não pode proteger nenhuma de suas crianças.

* Valiriano *
Os Deuses lhe ouvem, basta chamá-los...

Foi quando um sussurro carregado pelo vento assustou Rhaenyra, que se levantou apoiando-se na lareira. Ela olhou ao redor do quarto procurando alguém, mas não havia nada. Então ela voltou a olhar pra sua filha em seus braços e pareceu sentir alguém com a mão em suas costas. Como se estivesse a guiando a algum lugar. Ao virar teve a impressão de ter visto uma mulher de verde, com longos cabelos dourados e que sorria gentilmente pra ela. Mas a Targaryen ignorou isso, voltando sua atenção pras palavras que ouviu.

Sangue do Dragão | HOTD | Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora