77 - "Eles percebem que eu tenho 12 anos, né?"

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Eu juro solenemente não fazer nada de bom...

Voltamos pra Hogwarts sem muita conversa, meio que processando tudo, e eu mal tinha saído do salão principal quando George e Fred apareceram correndo.

- Maddie! - gritaram, tropeçando um no outro e caindo de cara no chão, aos meus pés.

- Isso mesmo, se curvem à rainha - brinquei em tom esnobe.

- Estávamos te procurando! - exclamaram, se levantando e limpando a poeira das roupas, eufóricos.

- Eu sei, eu sei, tenho que parar de sumir, vocês estavam morrendo de preocupação, blá blá blá.

- O quê? Você sumiu? Nem tínhamos dado falta!

- Por favor, me digam que estão sendo sarcásticos - pedi, indignada. Os dois negaram com as cabeças - é Mike, parece que eu sou oficialmente sua companhia no clube 'não tenho amigos' - o loiro riu de leve.

- Não seja exagerada - os gêmeos reclamaram.

- Se não perceberam que eu sumi, por que estavam me procurando?

- Uma pegadinha! - eles quase gritaram.

- Por que não começaram com isso? - perguntei alarmada.

- Eu sei lá! Agora, se Diggory, Gostoso Sinclair e Anjo-loiro-que-eu-esqueci-o-nome pudessem sair, ficaremos gratos - George pediu.

- Sabe, "Gostoso Weasley", você realmente deveria ser mais gentil se quiser ter alguma chance com o Mike aqui - Cedric disse

- Não perguntei - Fred cortou, parecendo que ia começar a dar pulinhos a qualquer momento.

- Vamos logo, antes que vocês dois explodam de ansiedade - agarrei os ruivos e os arrastei pra longe, entrando na primeira sala vazia que achei - falem - ordenei.

- Vamos inundar a comunal da sonserina.

- Ser expulsos, você quer dizer? - ironizei.

- É sério, Maddie, só imagina! Sonserinos encharcados de água e lodo correndo pela escola, chorando porque as roupas da Gucci de 20 mil galeões deles foram arruinadas, gritando pelos papais - Fred disse, um sorriso cruel estampado no rosto.

- Qual é o problema de vocês? Os sonserinos não fizeram nada pra merecer isso!

- Fizeram sim!

- O quê? - não é porque os sonserinos com quem nós temos mais contato (os Malfoys) são insuportáveis, que os outros também são.

- Eles... - franziu a testa em frustração, passando as mãos pelo cabelo antes de deixar os braços caírem ao lado do corpo, desistindo - nada.

- Exatamente!

- Mas vamos fazer a pegadinha mesmo assim, por favor!

- POR QUÊ? Desde quando vocês dois são o Rony e tem preconceito com a sonserina?

- Não temos preconceito com a sonserina!

- Então por que querem inundar a comunal deles?

- PORQUE ESTAVAM FALANDO MAL DE VOCÊ! -  explodiram - não queríamos te contar, mas você dificulta! Que porra! - eu quase comecei a rir.

- Uau, sonserinos falando mal de mim! Como vou conseguir viver depois disso? Acho que preciso me jogar da torre de astronomia! Nunca me senti tão mal em toda a minha vida - exclamei com sarcasmo - cara, já tentaram me assassinar, e vocês acham que sonserinos falando mal de mim vai me abalar?

- Você não sabe o que estavam dizendo - George falou.

- O que estavam dizendo? Me conta! - ele respirou fundo, correndo as mãos pelos cabelos já bagunçados de tanto fazer isso.

- Estavam te chamando de vadia - Fred disse, serrando os punhos.

- ...Por quê? A única pessoa que eu já beijei na vida foi Hermione - enruguei o nariz, confusa. Fred respirou fundo de novo. Foi George quem respondeu.

- Sabe o Daniel? - assenti, me perguntando o que ele tinha haver com a situação - uns caras mais velhos da sonserina estavam espalhando que.. hm... - engoliu em seco.

- Que você pagou um boquete pra ele - bateu com força na parede, a mandíbula cerrada fortemente. Agora entendi porque eles não queriam me contar. Foi a minha vez de respirar fundo, tentando responder com algo que não fosse um palavrão, tarefa que se mostrou mais difícil do que parece.

- Eles percebem que eu tenho 12 anos, né? - perguntei, começando a rir de desespero. Como existem pessoas assim tão horríveis? - e que esse tipo de coisa poderia ter consequências fodidas pra minha vida?

- Não acho que se importem com o que vai te acontecer.

- Você bem que podia tentar ser menos insensível - brigou com o irmão.

- Desc- se interrompeu ao ouvir minha respiração alta e entrecortada - Mads? Você tá bem? - minha cabeça zumbia, eu sentia meu corpo todo tremer; o que estava acontecendo?

- Não sei - fechei os olhos com força, sentindo minha garganta fechar.

- Não vai botar fogo na gente, vai? - George perguntou, com um sorriso ladino, mas preocupado.

- Talvez - soltei um riso sem fôlego, afrouxando minha gravata, com a sensação de que estava sufocando. Tentei respirar fundo, mas não tive muito sucesso - eu vou.. hm - engoli em seco - vou pro meu dormitório - fui andando rapidamente até a porta, nem olhando pra trás ao me apressar até a comunal da Grifinória. Quando cheguei, o retrato da mulher gorda se abriu, mostrando a última pessoa que eu queria ver - Daniel - falei, em tom de advertência, quando eu tentei passar e ele entrou na minha frente. O sorriso maldoso em seu rosto deixava claro que o garoto havia ouvido os rumores. Todos dentro da comunal me encaravam, sussurrando. Puta merda.

- Sai da frente - Adhara o empurrou com força, aparecendo do além, agarrando minha mão trêmula e me puxando direto para o nosso dormitório, nem me dando tempo para ouvir as perguntas que alguns alunos próximos faziam - ei, ei - chamou baixo, se sentando na cama ao meu lado - tá tudo bem, vai ficar tudo bem - sussurrou, tirando o cabelo do meu rosto; aquele pequeno gesto me fez perceber o quando eu estava sensitiva, cada fiozinho que encostava na minha bochecha parecia profundamente incômodo, as mechas levemente suadas na minha nuca quase me davam vontade de raspar a cabeça, e toda aquela juba laranja forte estava pesada e chamativa demais. O ar dava a impressão de ser tóxico, minha visão girava - ei, eu tô aqui - continuou falando naquela voz sussurrada que só me deixava mais nervosa - tá tudo bem - repetiu, apertando minha mão. Me afastei dela; eu estava sobrecarregada, tinha muita roupa me tocando, até o ar era pesado - Maddie, respira fundo.

- Acha que eu não estou tentando? - briguei, falhando em puxar a gola da camisa pra longe do pescoço, e puxando com mais força ao não conseguir.

- Está abotoada - ela disse simplesmente, em tom zombeteiro. Lhe olhei feio e desabotoei os primeiros botões, esfregando a mão na pele clara e sardenta da região da clavícula, enquanto o meu coração parecia estar batendo dentro dos ouvidos.

- O que está acontecendo? - perguntei pra mim mesma, apoiando a cabeça nas mãos enquanto sentia o oxigênio praticamente fugir dos meus pulmões.

- Acho que você sabe - abriu a gaveta da mesa de cabeceira e pegou a poção vermelho-escura, a poção pra ansiedade.

- Não - sacudi as mãos, parando quando percebi que era reflexo do que eu fazia no passado - não é um ataque de pânico - neguei com a cabeça, mordendo o lábio inferior fortemente - acabaram a anos, e não vão voltar agora - ela apenas estendeu o frasco pra mim. Pulei pra fora da cama como se a Black tivesse acabado de me oferecer veneno - não é um ataque de pânico! - repeti, mais alto dessa vez, me escorando na parede enquanto ficava as unhas nas mãos.

- Então sai do quarto.

- O quê?

- Se não é um ataque de pânico, você não precisa de ajuda. Sai do quarto - falou calmamente. Eu só queria gritar - sai do quarto! - insistiu.

- Cala a boca! - eu mal conseguia respirar, pontos pretos estavam dançando diante dos meus olhos. Aquilo não estava acontecendo; não podia estar.

...Malfeito feito.

Outra Weasley - Harry Potter {pausada}Onde histórias criam vida. Descubra agora