93 - "Professor, não fui eu, eu juro"

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Eu juro solenemente não fazer nada de bom...

Dobby congelou, tomado de horror, e agarrou a jarra de água de Harry sobre a mesa de cabeceira e quebrou-a na própria cabeça, desaparecendo de vista. Um segundo depois, tornou a subir na cama, vesgo, murmurando:

- Dobby ruim, Dobby muito ruim.

- Então há uma Câmara Secreta! - sussurrou Harry - e... você está me dizendo que ela já foi aberta antes? Me conte, Dobby! - ele agarrou o elfo pelo pulso ossudo quando viu a mão dele tornar a se aproximar devagarinho da jarra de água - Mas eu não nasci trouxa, como posso estar ameaçado pela Câmara?

- Ah, meu senhor, não pergunte mais nada ao pobre Dobby - gaguejou o elfo, os olhos enormes brilhando na escuridão - feitos tenebrosos estão sendo tramados em Hogwarts, mas Harry Potter não deve estar aqui quando acontecerem, vá para casa, Harry Potter, vá para casa. Harry Potter não deve se meter nisso, meu senhor, é perigoso demais...

- Quem é, Dobby? - perguntou Harry, mantendo o pulso de Dobby preso para impedi-lo de bater outra vez na cabeça com o jarro de água - quem abriu a Câmara? Quem a abriu da outra vez?

- Dobby não pode, meu senhor, Dobby não pode, Dobby não deve falar! - guinchou o elfo - Vá para casa, Harry Potter, vá para casa!

- Eu não vou a lugar nenhum! - respondeu Harry com ferocidade - Uma das minhas melhores amigas nasceu trouxa; ela será a primeira da lista se a Câmara realmente foi aberta...

- Harry Potter arrisca a própria vida pelos amigos! - gemeu Dobby numa espécie de êxtase de infelicidade - Tão nobre! Tão valente! Mas ele precisa se salvar, deve, Harry Potter, não deve...

Dobby de repente congelou, suas orelhas de morcego estremeceram. Harry ouviu, também. Havia ruído de passos no corredor.

- Dobby tem que ir! - suspirou o elfo, aterrorizado. Houve um estalo alto, e o punho de Harry subitamente não estava segurando mais nada. Ele tornou a afundar na cama, os olhos fixos no portal escuro da ala hospitalar enquanto os passos se aproximavam.

No momento seguinte, Dumbledore entrou de costas no cômodo, usando uma longa camisola de lã e uma touca de dormir. Carregava uma extremidade de alguma coisa que parecia uma estátua. A Profª. McGonagall apareceu um segundo depois, carregando os pés. Juntos, eles depositaram a carga sobre uma cama.

Maddie vinha logo atrás, chorando e tremendo.

- Professor, não fui eu, eu juro - parecia já ter dito aquilo várias vezes - eu fui na cozinha buscar um croissant de chocolate para Harry e encontrei Colin assim no corredor. Não tenho ideia do que o atacou, a primeira coisa que fiz foi chamar o senhor.

- Chame Papoula - o diretor ordenou à professora Mcgonagall, que se apressou em ir buscar a esposa.

- Professor, ele não está morto, não é? - ela respirava pesadamente - Não é? - insistiu ao não obter resposta.

- Não, Slytherin, ele não está morto - a menina soltou um suspiro aliviado, mas seus ombros continuavam tensos - e não creio que tenha sido a senhorita.

Harry continuava ouvindo a respiração pesada dela, e estava por um triz de se levantar e ir abraçá-la.

Vozes urgentes foram ouvidas enquanto as duas mulheres se aproximavam correndo.

- Que aconteceu? - cochichou Madame Pomfrey para Dumbledore, debruçando-se sobre a estátua na cama.

- Mais um ataque - respondeu Dumbledore - Madeline encontrou-o na escada.

- Havia um cacho de uvas ao lado dele - disse a professora Minerva - achamos que ele estava tentando chegar aqui escondido para visitar Potter.

O estômago de Harry se embrulhou mais ainda. Colin Creevey havia sido petrificado por causa dele.

Os olhos do menininho estavam arregalados e, as mãos, erguidas diante dele, segurando a máquina fotográfica.

- Petrificado? - sussurrou Madame Pomfrey.

- Está - respondeu McGonagall - mas estremeço de pensar... se Weasley não estivesse indo à cozinha... quem sabe o que poderia...

Os quatro contemplaram Colin. Então Dumbledore se curvou e tirou a máquina fotográfica das mãos rígidas do menino.

- Você acha que ele conseguiu bater uma foto do atacante? - perguntou a professora, ansiosa. Dumbledore não respondeu. Abriu a máquina.

- Meu Deus! - exclamou Madame Pomfrey. Um jato de vapor saiu sibilando da máquina. Harry, a três camas de distância, sentiu o cheiro acre do plástico queimado.

- Derretidas - disse Madame Pomfrey pensativa - todas derretidas...

- O que significa isto, Alvo? - perguntou pressurosa a Profª.McGonagall.

- Significa que de fato a Câmara Secreta foi reaberta.

Maddie soltou um soluço. Madame Pomfrey levou a mão à boca. McGonagall arregalou os olhos para Dumbledore.

- Mas, Alvo... com certeza... quem?

- A pergunta não é quem - disse Dumbledore, com os olhos postos em Colin - a pergunta é, como...

E pelo que Harry pôde ver do rosto sombreado da Profª. McGonagall, ela não entendia muito mais que ele.

O choro de Madeline não estava parando, e ninguém parecia se importar.

Harry estava se estressando.

Finalmente saindo do transe de choque, Papoula foi até um armário e pegou uma poção vermelha, estendendo-a para a ruiva, que negou com a cabeça.

- Querida, você sabe que poção é essa - insistiu a mulher.

- É para crises de ansiedade e ataques de pânico. Não preciso disso.

- É uma poção calmante - Madame corrigiu - ajuda, sim, a acabar com ataques de pânico, mas também vai deixá-la mais calma - hesitante, Maddie aceitou o frasco e tomou um gole, rosqueando de volta a tampa e colocando-o na mesa apressadamente, como se tivesse acabado de fazer algo errado.

Graças aos deuses, a respiração dela logo estava regulada.

- A senhorita disse que estava vindo trazer um croissant para o senhor Potter - Mcgonagall lembrou.

- Sim - levantou o croissant com a mão - desculpe, sei que é contra as regras..

- Não se preocupe - a professora a tranquilizou - por que não acorda ele? Tenho certeza de que vai estar com fome, Potter perdeu o jantar - a ruiva assentiu e foi devagar até a cama de Harry, cujos olhos estavam fechados desde que tocaram no nome dele.

Madeline se ajoelhou ao lado da cama, para ficarem da mesma altura, e sussurrou:

- Você é péssimo em fingir que está dormindo - Harry abriu e revirou os olhos. Ela riu - aqui - entregou a ele o croissant. O menino se sentou e deu uma mordida, sentindo o gosto aconchegante de chocolate inundar sua boca. Sorrindo agradecido para a menina, Harry se espremeu no canto da cama, dando espaço para que ela se sentasse do lado dele no colchão duro. Dando mais um grade mordida no doce, Harry acidentalmente derrubou chocolate no próprio queixo, fazendo Maddie rir - você parece um passarinho - espanou os farelos que haviam caído sobre o peito dele, depois catou a gotinha de chocolate com o dedo e a colocou na boca.

- Não pareço, não - resmungou constrangido.

Dumbledor e Mcgonagall saíram da enfermaria, conversando aos sussurros.

O Potter terminou de comer em silêncio e, se apiedando do garoto, Madame Pomfrey deixou que Madeline ficasse com ele.

Quando a médica se retirou para dormir, Harry contou à amiga sobre a visita de Dobby.

- Caramba Potter, eu saio por dois minutos e você me troca por um elfo doméstico! - fingiu indignação, fazendo-o rir um pouquinho.

- Esse definitivamente não é o ponto - ela deu de ombros e deitou no ombro dele.

- O ponto é que se eu ver esse elfo na rua ele tá fodido - murmurou, bocejando logo em seguida - boa noite, Harry.

- Boa noite, Mads.

Mas ele não dormiu, passou pelo menos uma hora pensando sobre o que Dumbledore disse, "A câmara secreta foi reaberta"...

...Malfeito feito.

Outra Weasley - Harry Potter {pausada}Onde histórias criam vida. Descubra agora