Eu juro solenemente não fazer nada de bom...
Abracei Luna com força, como se ela fosse desaparecer a qualquer momento, assim como sua mãe havia acabado de fazer. Por Merlin, o que foi isso?
- Cara.. - Mike quebrou o silêncio - nós acabamos de ser amaldiçoados - aquilo soava tão triste e tão incrivelmente ridículo que eu comecei a rir. A rir muito, como se o fato de que um de nós quatro teria uma morte precoce fosse a mais engraçada piada, como aquela do "marto, merto, mirto, e o meu pai". Comecei a rir mais ainda.
Cedric parecia horrorizado; eu também estava. Não tenho ideia do porquê de eu ter rido numa hora dessas, mas Luna pareceu entender, porque começou a rir junto comigo, como se a morte realmente não passasse de uma viajem daqui para o Além, o que, eu constatei, é a mais simples verdade.
Michael me agarrou em um abraço forte e desequilibrado e acompanhou as risadas, como se estivéssemos tranquilamente tropeçando pelos corredores de Hogwarts, e nossa vida fosse a mais fantástica história trouxa de fantasia. Talvez seja isso, vai ver não passamos de palavrinhas que alguém está lendo em um papel, enquanto se pergunta o que fez para acabar aqui, se perguntando se a protagonista de seu livro é louca, ou se só não sabe lidar com o luto, o luto por alguém que ainda não morreu.
- Minha vida é uma piada cósmica e nós não existimos de verdade - falei, nem me importando com a total e completa falta de sentido que aquilo faria para os meus amigos. Os três entenderam, e, finalmente, estávamos todos rindo.
Se a maldição me escolher para morrer, e esses forem meus últimos minutos de vida, não parece tão ruim. Talvez eu morra de rir, como já, tantas vezes, disse que faria; será que é possível? Me parece um bom jeito de morrer, apesar de não ser o mais poético.
Vai ver eu vou morrer velhinha, e a maldição vai levar outro deles; acho que todos aqui se dariam bem com a morte, talvez com a exceção de Cedric, ele é tão cheio de vida que acho que o Além não o aceitaria.
Olhei para o céu, que por algum motivo já estava estrelado, e tentei fugir de meus devaneios, mas parecia impossível. Isso me lembrou de algo que Van Gogh disse uma vez.
"Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar".
Essa frase pareceu descrever aquele momento tão perfeitamente que minha cabeça começou a girar.
Não sei qual de nós vai morrer, nem quando, nem como, nem porque o universo escolheu justamente a gente para receber a maldição.
"Não tenho certeza de nada..."
Mas ao olhar para os pontinhos brilhantes no céu azul infinito e ouvir as risadas deles, eu consegui me imaginar em um universo alternativo onde nós nunca achamos o caminho de raízes, e vivemos para enfiar os rostos um do outro (menos o de Luna, claro, nunca faríamos algo assim com nosso anjo) nos nossos bolos de aniversário de 100 anos, e para rir e reclamar disso por mais tempo ainda.
"...mas a visão das estrelas me faz sonhar."
Fim.
(N.A: assustei vocês? Espero que sim. [Imaginem que eu estou sussurrando numa vibe bem ASMR e tentando não rir da cara desolada de vocês] eu queria acabar a fanfic aqui, dizer que os quatro morreram nesse exato momento porque não aguentariam viver um sem o outro, e ir dormir; mas tenho muito medo de vocês virem na minha casa me matar, então vou continuar com menos reflexão e mais história. Amo vocês, beijão)
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Acordamos os quatro ao mesmo tempo, sobressaltados e suando frio, como que de um pesadelo; ao ver onde estamos, constatei que é perfeitamente justo, o que aconteceu foi um pesadelo enquanto acordada. Olhei para o céu claro, está de manhã; a pergunta é: a mesma manhã em que chegamos, ou a seguinte?
- Bom dia.
- Que linda escolha de palavras, realmente muita adequada, Sinclair - ironizei.
- Ah, cala a boca, não fui eu quem começou a rir - resmungou.
- Mas foi você quem deu 'bom dia' - devolvi.
- Bom dia, Mike - Luna disse, me lançando um sorriso maroto.
- E depois eu sou a louca - revirei os olhos.
- Todos somos loucos - Ced disse - pessoas sãs provavelmente estariam chorando.
- Já choramos, e não teve nenhuma utilidade - dei de ombros - além disso, que importância tem? Minha vida é uma piada cósmica e nós não existimos de verdade - repeti a frase que me lembro de ter dito.
Ficamos alguns segundos quietos, ponderando sobre o que aconteceu.
- Hoje é amanhã ou hoje mesmo? - Lu perguntou de repente.
- O quê?
- Agora é a mesma manhã de quando chegamos, ou o dia seguinte?
- Nem ideia - respondemos juntos.
Olhei para a parede atrás da loira, e posso jurar que um calendário apareceu nela de repente, mas vai ver sempre esteve ali e eu que não percebi.
- O dia seguinte - respondi, vendo a data. 31 de Outubro; o dia me que minha mãe foi presa, Sirius Black traiu os Potter e Harry perdeu os pais - desculpa.
- Pelo quê?
- Por ter trazido vocês aqui. Imaginei que fosse um lugar legal, eles pareciam tão felizes no sonho.
- Quem parecia feliz?
- Minha mãe, James, Sirius, Remus e Peter. Os marotos de quem a Minnie falou. Esqueci de como a história deles tem um final trágico - falei baixinho, sentindo a culpa pesar tanto nos ombros que eu achei que fosse me amassar.
- Não se preocupe. É como minha mãe disse, o que nos resta agora é aproveitar o tempo que ainda temos, e guardar rancor de você por algo que não tinha como saber é o exato oposto de proveito - a Lovegood disse.
- Você só queria fazer algo divertido, seguiu seu instinto e ele estava errado, não podemos culpa-la por isso.
- Além do mais, nós viemos por vontade própria, estávamos tão determinados quanto você, principalmente depois de entrarmos na floresta.
As vezes eu esqueço que estou lidando com dois lufanos e a corvina mais pura da eternidade, e que a palavra 'rancor' não está no vocabulário de nenhum deles. Não que isso faça tanta diferença, já me culpo o suficiente por todos; pelo amor de Merlin, eu sou o ser humano mais burro que já nasceu "ah, tive um sonho onde dois mortos, dois presos e um cara que não conheço parecem felizes em uma ruína nos confins da floresta proibida, vou até lá!", minha mente disfuncional é minha maior inimiga.
...Malfeito feito.
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Outra Weasley - Harry Potter {pausada}
FanficE se Rony tivesse uma irmã gêmea? E se ela vivesse todas as aventuras junto com o trio de ouro? E se ela acabasse se apaixonando pelo melhor amigo do seu irmão? Esse é o primeiro livro (ano 1 e 2) da vida de Madeline Molly Weasley, onde essas e mui...