37 - "Ui ui ui frase de efeito, que chique"

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Eu juro solenemente não fazer nada de bom...

Ficamos um tempo conversando e observando o movimento no andar de baixo, até a multidão explodir em vivas e palmas.

Vi Harry colocar uma pilha de livros do Lockhart no caldeirão da Ginny.

Draco logo desceu para comprar confusão, e eu o segui, esperando a treta acontecer.

- Aposto que você adorou isso, não foi, Potter? - disse, exibindo o sorriso de desdém de sempre que se dirige às pessoas que não gosta - o famoso Harry Potter - continuou, em tom de zombaria - não consegue nem ir a uma livraria sem parar na primeira página.

- Deixe ele em paz, ele nem queria isso - disse Gina, defendendo Harry.

- Olha só, Potter, arranjou uma namorada - zombou. Achei que eu fosse ficar desconfortável, mas foi indiferente pra mim; só fiquei irritada por Draco ter zombado do meu amigo e da minha irmã.

- Ah, é você! - exclamou Rony ao chegar até nós, olhando para o loiro como se ele fosse uma coisa desagradável grudada na sola do sapato - aposto como ficou surpreso de ver Harry aqui, hein?

- Não tão surpreso como estou de ver você numa loja, Weasley - retrucou, me estressando - imagino que seus pais vão passar fome um mês para pagar por todas essas compras.

- Caramba, Draco, para de ser babaca! - lhe dei um tapa na nuca, e ele se lembrou que eu tecnicamente também sou uma Weasley, me lançando um olhar de desculpas.

- Espera aí - Rony disse, raciocinando - vocês dois são amigos ou algo do tipo? - perguntou horrorizado, apontando pra nós.

- Somos - dei de ombros, torcendo pra ele não surtar. Ronald ficou vermelho que nem um rabanete, ou um tomate, que estava na praia e tomou sol demais, as caras de Harry e Mione também não estavam nada boas; mas antes que eles dissessem algo:

- Rony! - chamou papai (salva pelo gongo), que procurava se aproximar com Fred e George - que é que está fazendo? Está muito cheio aqui, vamos para fora!

- Ora, ora, ora, o Weasley pai - era o Sr. Malfoy. Estava parado com a mão no ombro de Draco, com um sorriso de desdém. Vi uma menininha morena escondida atrás dele; quem é ela? Assim que percebeu estar sendo encarada, saiu correndo.

- Lúcio - disse meu pai, dando um frio aceno com a cabeça.

- Ah sr. Potter - Sr. Malfoy cumprimentou Harry - Lúcio Malfoy - se apresentou - enfim nos conhecemos. Com licença - puxou Harry para perto de si e usou o cabo da varinha para afastar a franja da testa do garoto - sua cicatriz é uma lenda, assim como o bruxo que a fez - o loiro estava prestes a tocar o raio, mas Harry agarrou seu pulso com força e o afastou.

- Voldemort matou os meus pais - Malfoy o soltou - ele não passava de um assassino! - respondeu com determinação.

- Deve ser muito corajoso pra dizer o nome dele, ou muito tolo - deu de ombros, como se não visse diferença.

- O medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa - Mione bradou. Me aproximei dela.

- Ui ui ui, frase de efeito, que chique - sussurrei, tentando diminuir sua tensão. Funcionou, ela soltou uma risada baixa e relaxou levemente os ombros.

- E você deve ser - o Malfoy mais velho se virou para a Granger lentamente - a srta. Granger.? Draco me falou tudo sobre você, e seus pais... trouxas, não são?

- Gosta tanto da Hermione que já até falou dela pro seu pai, Draco? - perguntei ironicamente.

- Gosto tanto da Granger quanto você gosta de história da magia - respondeu baixo.

- Eu odeio história da magia.

- Exatamente.

- Deixe me ver - sr. Malfoy se virou pros meus irmãos - cabelos ruivos, expressões vazias, você devem ser os Weasley.

- Crianças, está muito cheio, vamos lá pra fora.

Lúcio se virou para o meu pai - muito trabalho no ministério, ouvi dizer - falou o Sr. Malfoy - todas aquelas blitze... espero que estejam lhe pagando hora extra! Suponho que não - concluiu - ora veja, de que serve ser uma vergonha de bruxo se nem ao menos lhe pagam bem para isso? - papai corou com mais intensidade do que Rony havia corado à pouco.

- Nós temos ideias muito diferentes do que é ser uma vergonha de bruxo, Malfoy.

- Visivelmente - disse o Sr. Malfoy, seus olhos claros desviando-se para o Sr. e Sra. Granger, que observavam apreensivos - as pessoas com quem você anda, Weasley... e pensei que sua família já tinha batido no fundo do poço...

Ouviu-se uma pancada metálica quando o caldeirão de Gina saiu voando; Papai se atirou sobre o Sr. Malfoy, derrubando-o contra uma prateleira. Dúzias de livros de soletração despencaram com estrondo em sua cabeça; ouviu-se um grito - pega ele, papai - dado por mim, Ginny, Fred e George; mamãe gritava:

- Não, Arthur, não!

A multidão estourou, recuando e derrubando mais prateleiras.

- Senhores, por favor, por favor! - pedia o assistente, e, depois, mais alto que a algazarra reinante - vamos parar com isso, cavalheiros, vamos parar com isso...

Hagrid caminhava em direção aos dois atravessando um mar de livros. Num instante ele separou papai e o Sr. Malfoy. Meu pai tinha o lábio cortado e Lucius foi atingido no olho por uma Enciclopédia dos sapos.

O Malfoy mais velho se soltou da mão de Hagrid e arrastou Draco pra fora, que apenas me deu um sorrisinho de "sinto muito" e um tchauzinho com a mão.

- Você devia ter fingido que ele não existia, Arthur - disse Hagrid, quase erguendo papai do chão enquanto este endireitava as vestes - podre até a alma, a família toda, todo mundo sabe disso. Não vale a pena dar ouvidos a nenhum Malfoy. Sangue ruim, é o que é. Vamos agora, vamos sair daqui - fiquei com raiva por terem dito isso de Draco, mas não queria comprar briga, então fiquei quieta.

O assistente parecia querer impedir-nos de sair, mas mal chegava à cintura de Hagrid e pensou duas vezes. Subimos apressados a rua, os Granger tremendo de susto e mamãe fora de si de fúria - um belo exemplo para os seus filhos... saindo no soco em público... que é que o Gilderoy Lockhart deve ter pensado...

- Ele estava satisfeito - informou Fred - você não ouviu o que ele disse quando estávamos saindo? Perguntou àquele cara do Profeta Diário se ele podia incluir a briga na notícia, disse que tudo era publicidade.

Voltamos mais calmos para o caldeirão furado, meu grupinho ainda me lançando olhares interrogativos de vez em quando.

Nos despedimos dos Granger e voltamos para a toca, pela lareira, é claro.

Logo que pusemos os pés em casa, Harry e Rony me arrastaram pro quarto e fizeram a pergunta:

- COMO ASSIM VOCÊ É AMIGA DO MALFOY?

Expliquei tudo sobre como viramos amigos, e eles ficaram putos, me deram um sermão sobre porque eu não deveria ser amiga de Draco ("ele é mesquinho, esnobe, chato") e um monte de blá blá blá que eu ignorei. Ao perceber que eles haviam terminado, fui para o quarto da Gina e me joguei na cama. Dormi alguns segundos depois, foi um dia cansativo.

...Malfeito feito.

Outra Weasley - Harry Potter {pausada}Onde histórias criam vida. Descubra agora