Tudo Por Você

04

BELLA

- você sabe ao menos quem é o cabelinho? - Luanda me pergunto e nego.

- Eu nem podia sair de casa - digo.

- Ele e o dono do morro, ninguém chega perto daquele cara! Você foi a sortuda que ouviu mais de uma palavra  da boca dele - ela diz rindo e eu reviro os olhos.

- O cara é meio bipolar, em um dia prestou ajuda e me trata bem, no outro age de maneira estranha, só não falei tanta coisa, porque não queria ser mal agradecida - disse pra Luanda que só sabia ri.

- Senti saudades nega! - ela diz e me abraça de lado - Agradeço a Deus toda hora por ter mandando aquele endemoniado pra longe de você - ela diz e eu sorrio.

- Agora vou poder viver minha vida em paz, sem ninguém no meu pé, me sinto tão aliviada! - digo rindo.

- Pra comemorar vamos tomar uma gelada no barzinho - Luanda diz e começa a dançar.

- Tanto tempo que não sei o que é beber, acho qie vou até ficar bêbada no primeiro copo! - digo rindo.

- Eu te salvo.

Solto uma risada e respiro fundo.

E tão boa me sentir bem novamente.

Tava vivendo uma vida que só me fazia mal, me prejudicava.

Só vivia quebrada, abalada.

Mal saia de casa.

Acho que fiquei até meia branca.

- Bella, tava pensando, tu podia vim morar comigo, sei que tu não vai se sentir bem naquela casa - ela diz - Sou só eu aqui, mas pra frente quando você organizar direito a sua vida, da pra dividir o aluguel e despesas fica até bom pra mim.

Sorrio e abraço a minha amiga.

- Obrigada! Juro que não vou demorar pra achar um emprego e assim que achar te pago por tudo.

- Não se preocupa, tô fazendo pra te ajudar também nega.

Sorrio animada com a ideia.

Até que enfim minha vida vai andar.

Amanhã mesmo vou procurar um emprego, espalhar currículos.

Tenho o ensino médio completo e um curso de informática.

Não é muita coisa, mas já ajuda no currículo.

Luanda me empresta algumas roupas dela e tomo banho na sua casa, hoje a noite já vou dormir aqui.

Quando termino de me arrumar me olho no espelho e já me vejo uma pessoa diferente.

Tô bem diferente daquela Isabella que só andava largada em casa e que se passe um batom era chamada de puta.

- Coloca isso aqui - Luanda me entrega uma argola.

Coloco a mesma e aperto meus cachos dando volume.

Nossa uma nova mulher, nem parece que chorou a madrugada toda.

                                   [ .... ]

Chego no bar rindo junto com a Luanda e isso acaba atraindo alguns olhares.

Tanto de homens como de mulheres.

Talvez seja o fato de eu nunca ter saído de casa.

Como Luanda disse pra mim " sou carne nova no pedaço".

Ela pega um litrão de bhrama no balcão e me puxa pra sentar na mesa.

- Um brinde a sua liberdade - ela brinca rindo.

Luanda serve nos duas e depois tiramos uma foto.

- Olha lá quem tá olhando pra cá - ela diz e olha na direção do cabelinho.

Ele tá do outro lado da calçada de braços cruzados e com alguns homens em volta.

Reviro os olhos e volto a minha atenção pda Luanda.

- Deve tá com raivinha porque deixei ele falando sozinho - digo e ela arregala os olhos.

- Cara tu brinca com a morte.

- Nunca mais vou deixar nenhum homem me tratar da maneira que o K2 me tratava, isso vale até pra ele - digo e do um gole na minha cerveja.

Luanda muda de assunto e agradeço por isso.

Depois de um tempo bebendo me levanto pra ir no banheiro.

Tava na fila esperando quando o cabelinho entra no minúsculo corredor.

- Pelo visto tu tá bem - ele diz de cara fecha e conserta a Glock na cintura.

- Se queria me ver sofrendo, te lamento não vai rolar - digo e reviro os olhos.

Esse cara e do tipo problemático, não dá pra dar corda.

Sem paciência pra homem no momento.

- Tu é do tipo que adora colocar marra, mas chora na primeira oportunidade - ele diz e vejo um meio sorriso no seu rosto.

Nesse momento estou me odiando por deixar um estranho me vê em uma situação tão frágil.

- Na boa cabelinho, agradeço por tudo que tu fez! Mas me deixa quieta, tô afim de problema não - digo.

A moça que estava no banheiro sai e entro no mesmo, fechando a porta na cara do cabelinho.