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BELLA

Vitória conseguiu arranjar um trabalho pra mim na escolinha do morro.

Sou ajudante da professora do jardim, é maravilhoso trabalhar com criança pequena.

Lógico que tem seus desafios, mas eu tenho gostado muito.

Agora dá pra mim ajudar a Luanda com as contas da casa, dá pra mim fazer até um curso.

Vou poder retornar a minha vida.

E melhor, com o dinheiro que eu tô trabalhando pra conseguir.

- Tia pra você - Kauã um dos meus alunos me entrega uma flor.

- Obrigada meu amor - do um beijo na bochecha dele.

- Você conseguiu fazer com que todos gostem de você! - A professora Aline diz.

- Fico feliz por isso, assim fica melhor pra mim me comunicar com eles.

Aline concorda e sorri para mim.

Aline é a professora do jardim, minha colega de trabalho.

A Aula começa e todos se sentam nas pequenas mesas.

Aline me entrega os papéis com desenhos pra mim entregar a todas as crianças.

Não é uma sala muito cheia, temos somente 15 alunos.

E estranho por ser uma escola pública ter uma quantidade tão baixa de alunos.

Mas a Aline me disse que a maioria dos pais não ligam muito pra educação dos seus filhos, acham que não faz diferença.

O que é um absurdo!

Fora aqueles que não vem pra escola, por falta de material escolar.

Muitas das vezes os pais não tem dinheiro para comprar, isso me deixa triste só de pensar.

Pego o pote com poucos lápis de cores no armário e entrego as crianças.

Poucas tem material.

Aline está ensinando a eles a ter coordenação motora, fazendo com que eles aos poucos pintem dentro da linha do desenho.

É lindo ver a forma como ela trata cada um deles.

No final da aula cato todos os matérias dos alunos e arrumo a sala.

Aline entra na sala após entregar a última criança ao pai e se senta.

- Tá faltando material - ela diz triste - A folha de ofício acabou, os lápis de cores estão velhos e pequenos, mal tem tinta na impressora.

- O governo não dá? - pergunto e ela ri.

- O governo mal entrega o lanche das crianças Bella, dão pouca assistência por ser uma escola dentro da comunidade.

- Que absurdo! Deveriam dar assistência igual pra todas as escolas.

- já perdi as contas das vezes que tirei do meu bolso pra comprar as coisas - ela diz e pega a sua bolso colocando no ombro - Vou ver o que faço pra resolver.

Mordo o lábio apreensiva e me despeço.

Merda!

Talvez se eu conversar com a Vitória, ela pode falar com o irmão dela.

O cabelinho e dono do morro, não é possível que vai deixar os moradores na mão.

Pra alguma coisa ele deve servir.

Tudo Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora