Tudo Por Você

11

BELLA

Já tô desesperada, faz quase duas semanas já que tô na casa da Luanda e não consegui emprego.

Sei que as coisas estão difícil, mas tô tentando lidar com o fato de ser um fardo na vida da Lua.

Acho que de tanto o K2 ficar jogando isso na minha cara, acabei acreditando.

E agora só de pensar que tô atrapalhando a vida da minha amiga fico mal.

- Tu conseguiu algo? - Vitória me pergunta e nego.

Com o tempo acabei criando uma amizade com ela.

E agora tô sentada na pracinha do morro com a mesma.

- Tá um porre pra conseguir emprego - resmungo.

- Uma hora aparece! Pensa positivo - Vitória diz animada.

Sorrio pra mesma.

Olho pra quadra onde os meninos estão jogando bola e o cabelinho aparece com um baseado na mão.

Depois do nosso "momento", não nos falamos mais e até que prefiro assim, ele apenas fica me encarando de longe e finjo demência.

Sou grata por toda a sua ajuda, mais também não sou burra.

Ele tava querendo era algo em troca, ouvi todas as suas histórias com as garotas do morro.

Ele tá longe de ser um santa que ajuda as meninas indefesas, ele queria era me pegar e me usar como troféu por aí, assim como faz com todas.

Já sou traumatizada demais pra passar por isso.

Sem falar que de mim ele não consegue nada, só de pensar em alguém me tocando de novo da vontade de chorar.

- Detesto quando ele usa essas coisas - Vitória diz e percebo que ele também está olhando pro cabelinho.

- Ele usa outras drogas? - me viro pra ela e pergunto.

Vitória olha cabisbaixa pro chão e depois volta a olhar pra mim.

- Ele usa pó também, no início era só em festas, resenhas, mas com o passar do tempo ele vem usando com mais frequência. - ela diz e olha pro irmão - Cabelinho acha que não sei - ela ri sem humor - Mas já achei cápsulas em seu quarto, fora os comportamentos estranho. Ele não era assim! Cabelinho era diferente, mas com o tempo só sinto que ele está ficando mais distante.

Olho pro moreno tatuado a minha frente e como se sentisse que estava sendo observado ele olha pra mim.

Sustento o seu olhar e analiso o seu rosto.

O que falar pra um cara que tem tudo? Mulher, dinheiro, poder....

Desvio o meu olhar e me viro pra Vitória.

- Acho que deve ter algum motivo pra isso - digo pensativa - Não sei...

- Não tente descobrir, eu já tentei e não deu certo - ela ri.

Sinto o clima pesar e mudo de assunto.

- Lua tava falando que vai ter pagofunk no domingo, vamo com a gente?

- Meu irmão me mata - ela revira os olhos.

- Eu mato ele primeiro - digo e a Vitória ri.