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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈 | sexta
19:00PM

Minha rotina estava aos poucos me matando, eu já não sabia mais oque era ter descanso e nem uma noite de sono sono desde que comecei uma jornada cansativa de trabalho em dois empregos. Se eu pudesse escolher, definitivamente não escolheria passar meu dia inteiro trabalhando, eu nunca me imaginei dando conta de entrar em uma trabalho as oito da manhã, sair somente às seis da noite e ainda ter que trabalhar durante a noite.

Meu trabalho fixo era em uma loja no centro do morro, onde eu vinha trabalhando fazia pouco mais de cinco meses, e pelo que parecia, a dona não pretendia me mandar embora tão cedo, assinou até minha carteira.

Mas como o salário mínimo da loja não estava conseguindo suprir minhas necessidades dentro de casa, tive que arrumar outro. Trabalhava também na lanchonete do senhor Fonseca nos fins de semana para juntar uma graninha por fora.

Parece ser mentira se eu disser que um salário não consegue sustentar a mim e ao meu irmão, mas é literalmente isso que acontece.

Não consigo pagar aluguel, conta de luz e água, gastos de comida tudo sozinha, e nem posso me dar ao luxo de conseguir ir ao salão com esse dinheiro, por que é todo gasto com dívidas. Se eu tivesse a ajuda do meu irmão Gustavo, a conversa seria diferente, talvez estivéssemos passando menos sufoco e até teríamos uma casinha para morar.

E a verdade era que com esse dinheiro extra que eu vinha fazendo à noite, eu estava juntando uma graninha boa para futuramente conseguir comprar uma casa, não era muita coisa, mas ajudava em algo. Sem falar que o extra aliviava demais minha vida, eu conseguia ir ao salão, fazer minhas unhas, e comprar coisas para mim.

Já que Gustavo e às despesas da casa torravam meu dinheiro inteiro.

Gustavo trabalhava, mas perdeu o emprego devido às suas inúmeras faltas e atrasos, era assim que ele lidava com o trabalho após chegar de uma festa bêbado e ter uma dia de ressaca, ele abandonava as responsabilidades e passava o dia inteiro dormindo.

Meu irmão passou por mais empregos do que eu jamais poderia contar em meus dedos, mas de uma coisa eu tenho certeza, com vinte e quatro anos de idade, duvido que já tenha chegado em um trabalho com três meses de emprego.

Ele não tem responsabilidade com nada, não se importa com as consequências dos seus atos e se acostumou com o fato de sempre ter comida na mesa, por que eu coloco.

Não iria dizer que ele nunca me ajudou por que isso seria mentira, sempre que ele conseguia um trabalho, ele fazia questão de bancar as despesas da casa, mas isso mudou a partir de um momento.

Fazia alguns meses que ele estava envolvido com algumas coisas duvidosas, e de uns tempos para cá eu comecei a perceber que Gustavo não chegava apenas bêbado dos bailes no morro, seus olhos vermelhos e as atitudes agressivas demonstravam que Gustavo andava se drogando.

Eu não queria acreditar que meu irmão era um drogado, pensei que fosse apenas uma fase onde ele quisesse se drogar para se sentir melhor e logo fosse esquecer.

Mas ao passar dos dias ele mudou meu pensamento, Gustavo já não estava mais interessado em conseguir um trabalho ou me ajudar a bancar as despesas da casa, ele só queria saber de bailes, bebedeira e fumar.

― Atrasada de novo ― escutei a voz ranziza do seu Fonseca, me repreendendo pela terceira vez nessa semana por atraso, e pelo seu olhar descontente eu poderia jurar que aqueles atrasos iriam me prejudicar.

― Desculpa ― engoli em seco, correndo para trás do balcão no momento em que pisei meus pés em sua lanchonete, com medo de que fosse repreendida mais uma vez.

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