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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Coloquei minha melhor roupa, um short jeans com um cropped de mangas, não estava com ânimo para me arrumar, então apenas coloquei algo que me deixava confortável. E eu sabia bem que Dom iria me criticar por ter colocado uma roupa tão fuleira para sair com ele, já que Dom estava todo trajado de Lacoste.

Mas eu não estava preocupada, nem se quer queria sair de casa quem dirá me arrumar para sair com Dom.

Calcei minhas havaianas para ficar ainda mais confortável e fui a caminho da rua, sem meu celular, por que estava descarregando e eu não tinha energia para carrega-ló quando voltasse, então decidi poupar.

Quando saí para fora de casa me deparei com algo suprendente, parei na calçada quando cheguei na rua e visualizei um número grande de pessoas paradas bem em frente a minha casa. Encarei a aglomeração formada em frente a minha residência e tentei entender oque estava acontecendo.

Mas tudo pareceu fazer sentido quando me deparei com Dom, entre o meio da multidão dando atenção aos moradores, que pareciam lisonjeados com a ilustre presença do chefe na rua. E ele parecia bem empolgado com o pessoal, conversando com ele como se conhecessem e fossem íntimos.

― É, a situação aqui tá crítica, semana passada mesmo roubaram o celular do meu sobrinho aqui na rua em plena luz do dia ― uma senhora de meia idade começou a tagarelar, com seus braços cruzados e uma expressão de insatisfação, clássica de um morador da favela.

O pessoal em volta do Dom parecia estar ali para reclamar, comentar sobre situações críticas da favela como os casos de roubo que vinham aumentando na favela, coisa que não agradava aos moradores.

― Fica no sogesso minha senhora, tamo cuidando já ― Dom garantiu, dando atenção a todos que estavam ao seu redor.

Me aproximei da roda de pessoa meio receosa, recebendo alguns olhares curiosos mas fiz questão de ignorar a todos, não era nada legal estar sendo exposta aquelas pessoas ao lado do Dom, elas poderiam interpretar de forma errada. Enquanto eu pudesse evitar de ser vista com ele, eu evitaria.

― Essa favela desandou demais depois que você foi embora ― uma outra mulher, com uma touca na cabeça e uma vassoura em mãos comentou, parecia ter saído de casa as pressas para vim prestigiar a ilustre presença de Dom.

Nunca entenderia o idolatrismo que aquelas pessoas tinham pelo Dom, ele era uma pessoa como qualquer outra, se vacilar muito pior.

― Boto fé ― Dom tentou se esquivar da conversa antes que ficasse ali por mais tempo. ― Eu vou me saindo, fica na paz aí ― se despediu dos seus fãs com um assento de cabeça e logo em seguida tirou a chave da sua Evoque de dentro do bolso.

Antes de entrar no carro meus olhos foram guiados ao pessoal que ainda continuava na calçada, nos encarando como se fossemos celebridades. Era estranho, afinal em minha vida toda eu nunca tive toda aquela atenção sobre mim.

E Dom era um imã de atenção, as pessoas o consideravam alguém importante na favela, então ele era bem visto e assistido por todos, portanto, quanto mais eu me envolvia com ele, mais visível eu também ficaria. E eu não estava preparada para lidar com esse tipo de atenção.

― Você gosta dessa atenção, não é mesmo? De ser o centro das atenções ― comentei com indiferença ao entrar no carro e coloquei o cinco por precaução, levando em consideração a forma irresponsável como Dom usava o volante.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora