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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

O médico me olhava com os olhos arregalados com medo de uma possivelmente reclamação que levaria por estar me contando aquela notícia em primeira mão, mas eu estava tão nervosa com a revelação que não consegui abrir a boca para dizer nada. Enquanto Carol estava com sorriso de orelha a orelha como se acabasse de ganhar na loteria, levantou as mãos para o céu e fez um gesto de agradecimento.

Se antes estava fraca e me sentindo tonta, com aquela notícia meu corpo congelou e eu não consegui mover meus músculos por vários vários segundos, fiquei tentando assimilar a notícia que para mim não podia ser verdade. Não era possível, toda gravidez trazia consigo alguns sintomas antes da mulher descobrir que está enfim grávida mas e eu não sentia nada, não desconfiei por momento algum. Fui ficando cada vez mais tonta em minhas vistas embaçaram ao ponto de eu pensar que iria desmaiar, vi estrelinhas passando em meu campo de visão e de repente tudo ficou em silêncio.

Meus olhos rolaram desesperadamente em busca da minha barriga e me deparei com aquele volume comum de sempre, as dobrinhas que sempre tive, aquilo não era um bebê, não podia ser. Como eu cuidaria de uma criança naquela idade? Sem apoio nenhum, com o pai da criança preso.

― Carol, eu não estou bem ― anunciei quase sufocada de calor, me subiu uma coisa estranha pelo corpo como se eu tivesse tendo um ataque cardíaco e até para pronunciar aquelas palavras eu tive dificuldade.

Me abanei com minhas próprias mãos tentando recuperar o ar que não que não tinha mais e chamei por Carol em desespero porque não sabia como reagir numa situação daquela. Eu estava péssima em cima daquela cama, com meu corpo destruído e minha mente pior ainda, havia acabado de passar por um trauma que possivelmente nunca esqueceria, então não poderia estar simplesmente grávida.

― Me desculpe anunciar a gravidez dessa forma mas é que eu pensei que todos já soubessem.. e o importante é que o bebê está bem após todo esse trauma ― o médico continuou atônico e parado aonde estava com olhar assustado, dava para notar no olhar do pobre homem que ele se arrependia de ter contado em primeira mão.

Ele não tinha culpa de nada mas eu estava confusa e com medo de não dá conta de tanta informação, e acabei ficando estressada ao ponto de ignorar seu pedido de desculpa. Eu só queria que ele fosse embora.

― Amiga, você está grávida ― Carol veio em minha direção e me abraçou na cama mesmo, eu não conseguia entender como ela poderia estar tão feliz e despreocupada com aquela informação diante a tudo que acontecia. Tínhamos acabado de ser livres de um sequestro, não podia entrar um bebê na jogada, não agora. ― Meu deus, essa criança é guerreira por ter suportado esses dias na situação em que você estava ― Carol mudou seu tom para lamentação, beijando o topo da minha cabeça.

― Amiga, isso não pode acontecer, como eu vou criar uma criança sozinha? ― choraminguei, tentando controlar a vontade que eu tinha de chorar por que ainda estava tudo confuso dentro de mim, mas no segundo que pensei no Dom e em como ele reagiria ao descobrir eu não contive o choro.

Não precisaria contar para ele para imaginar como seria sua reação, provavelmente se negaria assumir a criança como fez com o bebê de Camila e eu ficaria com todas as responsabilidades de ser uma mãe solteira. Naquele momento meu mundo desabou e se antes eu tinha dúvidas que essa gravidez não poderia ter vindo em momentos pior agora eu tinha certeza absoluta. com dom preso e eu sem a minha família, com quem eu poderia contar?

Seria mais uma na lista das que engravidou de bandido e teve que criar criança sozinha, mas que loucura minha achar que Dom assumiria essa criança. Já estava aos prantos com aquela situação, minha garganta fechou e senti dificuldade até mesmo para chorar, tudo na minha vida vida parecia dar errado. O médico que até então vinha acompanhando a situação com muita cautela se retirou do quarto sem dizer mais nada, entende-se que o caos que ele deixou no quarto já foi o bastante.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora