058.

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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Acho que superar o medo de ser reconhecida ao lado do Dom naquele baile foi mais fácil do que me acostumar com os amigos dele tudo me cercando, me encarando como se eu fosse uma alienígena. Não sei se era pelo fato de eu ser bonita, não querendo me gabar mas eu sabia da beleza que tinha, ou se era pelo fato de Dom ser terrivelmente encalhado.

Nunca apresentou ninguém para os amigos, mesmo que tivesse suas marmitas espalhadas pelo morro, e acho que foi isso que deixou todos tão supreendidos. Era novidade o dono do morro estar namorando, se é que o que tínhamos poderia ser definido como uma namoro.

Não sei se estava preparada para assumir um relacionamento com um traficante, e era ironia da minha parte dizer isso, uma vez que eu havia passado a morar com ele e agora todos já sabiam. Mas algo dentro de mim dizia que isso não ia acabar bem.

― Heineken? ― Carol me fuzilou com uma careta quando me viu pegar uma Heineken zero álcool de dentro do frizer, aquela careta era de desaprovação.

― Oque? Eu não comi nada quando saí de casa e não quero encher meu estômago de álcool com a barriga vazia ― dei uma desculpa, fechando o frizer sem hesitação após vê-la pegar seu gelo de água de coco para completar o copo de Whisky.

Não era cem por cento mentira, eu não gostava de beber muito quando estava com a barriga vazia, ficava com uma sensação estranha de que iria vomitar a qualquer momento, e naquele dia eu não estava me sentindo bem para encher a cara. Estava com uma azia horrível e se passa-se dos limites com a bebida, talvez não voltasse para casa tao bem como planejava.

― Tudo bem, curte aí seu baile com a bebida zero álcool ― ela zombou de mim, bebericando seu copo de Whisky quando pronto e virou-se para poder observar ao nosso redor.

O camarote estava lotado, lotado como eu nunca vi, eu não era a melhor pessoa para dizer isso já que não colava no baile com frequência, mas nunca vi o camarote tão cheio como estava. Não tinha uma certo distância estabelecida entre as pessoas, estavam todas unidas e aglomeradas como uma lata de sardinha.

Enquanto assistia algumas se esbarrarem e outros se pegarem, naquele clima de cabaré que as luzes apagadas deixava, decidi que a melhor alternativa no momento era ficar parada onde estava para não ser esmagada por alguém.

Bebi um gole da Heineken enquanto assistia a movimentação lá embaixo, onde a verdadeira aglomeração estava localizada. o DJ tinha colocado o pessoal pra sair do chão com um funk envolvente, e todos pareciam envolvidos demais com os batuques.

Eu passaria mais alguns minutos ali estudando cada pessoa lá embaixo, mas fui puxada do transe quando senti a mão do Dom pousando em minha cintura e ele se aproximou. Virei meu pescoço com rapidez quando me dei conta de que ele estava ao meu lado.

― Já provou? ― Dom envolveu sua mão na minha cintura e a outra ele levantou para me mostrar a garrafa de Roayl Salute que tinha trago, com um sorriso convencido no rosto.

Na hora só me veio uma coisa no pensamento, o dia em que vim ao baile e fui supreendida pelo barman me entregando uma garrafa daquela mesma bebida a mando do Dom.

― Não pense que me conquistou por conta disso ― deixei bem claro, ignorando sua pergunta e voltando minha atenção para a multidão lá embaixo.

Não estava brava, na verdade só queria deixar esclarecido que aquela garrafa não seria capaz me me comprar.

― Você não aceitou ― ele comentou indignado, segurando a garrafa ainda em sua mão com a outra agarrada em minha cintura, permanecendo com cara de poucos amigos, talvez fosse a irritação por saber que nem todas caiam em seu encanto.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora