𝘋𝘖𝘔
Acordei sentindo minha cabeça latejando de dor, não sabia quanto tempo eu tinha ficado desacordado, só sei que acordei perturbado e na minha cabeça eu ainda estava fugindo da polícia. Conseguia escutar os barulhos dos tiros atingindo a água na tentativa de me acertaram e minha única reação foi tentar me mover.
Quando mechi meu corpo percebi que estava deitado sobre uma maca, e todo o esforço que fiz no reflexo de tentar fugir, acabou resultando em uma dor aguda nas minhas costas. Era onde eu tinha sido acertado.
Abri os olhos forçadamente, mesmo que as luzes do lugar estivessem me deixando mais tonto, e foi quando minha ficha caiu de que eu estava em um hospital. Desmaiei dentro daquele rio e não sabia dizer como cheguei no hospital, muito me admirava os cuzao ter me dado a chance de viver.
Se fosse qualquer outro teria me deixado lá pra morrer e diria que foi troca de tiro. Já tava me acostumando com a derrota, uma vez que se eu tinha sido pego seria difícil conseguir fugir.
Movi meu braço para tentar me espreguiçar na cama, por algum motivo eu tinha a certeza de que tinha passado tempo demais deitado naquela cama. Minha supresa foi perceber que meu punho estava travado na cama com a ajuda de uma algema, não esperava nada diferente, já que eu era um bandido e estava prestes a ser preso.
Estreitei meu olhos tentando me acostumar com a claridade que era de dentro do quarto, já que lá fora já era noite, e meus olhos rolaram pelo quarto tentando identificar onde eu tava. Era um hospital simples e que não parecia ser de bacana, eles nunca me dariam o luxo de parar em um hospital chique.
O quarto tinha apenas uma televisão de tubo, uma cama e uma poltrona para quem quisesse dormir, não era nada muito elaborado, típico quarto de hospital do pobre. A porta do quarto estava trancada, me deixando curioso para saber o que se passava lá fora ou quando viriam me buscar.
Uma hora eu teria que sair dali, só estava no hospital por que tinha levado um tiro mas assim que os médicos me dessem alta, eu iria direto para a penitenciária. Não era algo que me deixava contente, mas era melhor do que ficar ali naquele hospital sem saber o que acontecia no mundo externo.
Pelo menos na cadeia eu logo iria descolar um celular pra tentar me comunicar com minha quebrada, precisava de noticias para saber como estava a situação lá no morro, saber se a polícia tinha conseguido tomar, e o mais importante, receber notícias da minha mulher.
Tava concentrado encarando o chão enquanto pensava mentalmente no quanto minha vida iria mudar completamente apartir. Nunca fui preso até por que sempre fui esperto suficiente para conseguir da fuga, mas meu medo não era ser preso ou o que me esperava na cadeia, era a sensação de que eu estava perdendo tudo que tinha até agora.
Continuaria no poder da favela mas não seria a mesma coisa de atuar na frente dos negócios pessoalmente, teria minha mulher mas não seria a mesma coisa de ver ela todos os dias na minha frente.
Era coisa de louco, e eu ja tava começando a ficar pilhado só de pensar que perderia toda minha vida pra passar a morar em uma cela entediante. Mas com fé em Deus eu não chegaria nem a cumprir a pena, que eu aposto que era imensa.
― Licença ― escutei uma voz feminina e então logo tratei de deixar os pensamentos pra lá, estava recebendo alguém no quarto até que enfim.
Era uma senhora por volta dos seus cinquenta anos, vestida com o uniforme do hospital e uma touca em seu cabelo. Ela entrou de forma lenta e economizando nos passos como se não quisesse chegar nunca, com uma bandeja em mãos ela sorriu forçadamente para tentar demonstrar gentileza, mas no fundo ela tava se roendo de medo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No morro
FanfictionSerá mesmo que o amor suporta tudo? ― Não somos capazes de amar alguém verdadeiramente, quando esse alguém brinca com nosso coração. Em uma favela onde a troca de tiros é constante e a criminalidade predomina mais do que a paz, não há lugar para con...