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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Almocei sozinha, mesmo insistindo para Vanda se sentar e almoçar comigo ela negou todas as vezes e disse que precisava ir para casa, e acabou que eu tive que continuar sozinha já que não sabia onde Dom tinha ido parar.

Ele deveria estar bravo comigo por ter arrumado aquela confusão toda e eu entendia sua raiva, eu passei dos limites e acabei causando danos irreparáveis. Isso tudo por que não quis o ouvir quando disse que deveríamos vir embora.

Mas Dom não poderia me evitar pelo restante do dia, isso só fazeria com que eu me sentisse ainda mais culpada com toda a situação.

A dor de cabeça causada pela ressaca parecia não ter fim, mesmo após tomar comprimidos para melhorar aquela dor insuportável, a enchaqueca parecia ser um castigo de Deus.

Meu corpo todo estava fraco e eu sentia que estava com pouca energia, precisava de mais algumas horas de sono para descansar, meus pés nem se falam, estavam doloridos como nunca pelo fato de eu ter achado que poderia passar a noite toda em pé dançando.

Nunca mais.

Meu cérebro me obrigou a prometer que nunca mais iria me submeter a passar uma vergonha daquela na frente de todo o morro. Imagina só oque as pessoas pensam de mim agora. A namorada do Dom, que não sabe se controlar bêbada.

Quando terminei de lavar meu prato do almoço meu único pensamento era poder subir e tirar um cochilo pós almoço, meu corpo pedia por isso. Mas para minha supresa antes de se quer chegar na sala, escutei algumas vozes.

― Isso fodeu a gente ― Deco, a primeira voz a ser reconhecida, disse em um bom tom de voz e expressou estar preocupado. ― Você sabe disso ― em seguida terminou de falar, pela forma como ele ditava as palavras de forma rápida e sem pausa, deduzi que estivesse acontecendo algo sério.

― Eu me resolvo com o Tato ― Dom veio logo em seguida, diferente do Deco ele não parecia estar tão preocupado e sua voz mantinha uma serenidade invejável.

Muito embora eu sabia que ele costumava esconder muito bem suas emoções, então por mais que Dom não costumasse ficar preocupado com frequência ou demonstrar isso, por dentro ele estava se corroendo de ódio.

Fiquei parada entre o corredor da cozinha e o da sala, prestando atenção na conversa apenas com o poder da audição já que não poderia aparecer de repente na sala. Por algum motivo eu senti que precisava continuar ali para captar as informações, que deduzi serem importantes e então logo em seguida veio a confirmação.

― Poda pá, e como tu planeja contar para o Tato que tu matou o primo dele por ciúmes? ― Deco se mostrou nervoso e parecia não acreditar que Dom fosse capaz de controlar aquela situação, por que não seria.

Não sei de quem estavam falando e muito menos de qual a gravidade do problema, mas se o primo do rapaz que Dom matou ontem a noite desejasse vingar a morte do primo, isso não acabaria ali.

Mesmo que não conseguisse ver onde eles estavam, eu poderia afirmar com convicção que naquele momento Deco carregava aquela expressão irritada de sempre, como se estivesse acordado de mal humor. Ele não era alguém fácil de lidar e quase sempre estava atacando o Dom e suas escolhas, mas eu entendia que suas preocupações era com o morro.

― O primo dele ramelou na minha quebrada, Tato vai entender ― Dom afirmou em seguida com certeza absoluta, mantendo sempre aquele tom calmo e tranquilo como se não entendesse o nível do problema.

― Tomar no cu Dom, você matou o primo do cara logo agora que a gente tava fechando um acordo com o Jacarazerinho ― Deco continuou murmurando mesmo após Dom garantir que tudo ia ficar bem.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora