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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Ainda estava incrédula, sem acreditar que aquele monstro havia sido capaz de se envolver com meu trabalho. Francamente. Ele poderia fazer tudo, menos causar minha demissão.

Não me restava nenhum outro emprego a não ser trabalhar na lanchonete do seu Fonseca, e agora nem isso eu tinha mais.

Eu não era boba, sabia que Dom havia feito algo para deixar Fonseca apavorado e assim me demitir, aquela arma no balcão me dizia algo. E sinceramente, não me assustava oque ele tinha feito, afinal ele tinha a péssima mania de achar que era tudo do seu jeito, da forma e na hora que ele queria.

Agora eu não tinha mais nenhum meio de ganhar uma grana, tudo por conta daquele infeliz loiro.

A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi tomar outro banho, dessa vez com uma água bem gelada por conta do calor que fui obrigada a passar andando da lanchonete até em casa a pé, embaixo de um sol de trinta graus. Não tinha ser humano que aguentasse o calor que estava fazendo no errejota naqueles últimos dias.

Depois preparei meu almoço, estava com muita fome, tudo consequência de uma manhã sem café da manhã, e quando estava a mesa almoçando, escutei o barulho da porta abrindo, como Gustavo não estava em casa deduzi que fosse ele chegando.

― Gustavo? ― perguntei ainda de boca cheia, ansiosa para vê-lo passar pela porta da cozinha, assim eu poderia perguntar onde ele estava.

No momento em que meu irmão deu as caras eu soube que ele estava aprontando algo, seu olhar cabisbaixo demonstrava o quanto sua noite havia sido corrida, provavelmente passou acordado. Cabelo desarrumado, feição cansada e a mesma roupa de ontem quando saiu para a rua.

― Onde você estava? ― questionei já séria e sentindo meu sangue ferver em raiva, sabia que seus olhos vermelhos não era consequência apenas de uma noite sem dormir.

Gustavo pensou bem antes de me responder, levou as mãos aos olhos e coçou como se algo o incomodasse naquele momento, e depois de um longo bocejo ele veio até mim, se sentando a cadeira a minha frente.

― Tive que resolver uns problemas na rua ― explicou bem sunsito, e eu sabia que por trás dessa desculpa tinha muito mais, tanto que se recusou a me encarar por que sabia que eu desconfiava de algo.

― Gustavo não mente para mim, onde você esteve e por que está com esses olhos vermelhos? Você voltou a usar aquela coisa novamente? ― perguntei com meu tom mais decepcionado, fazendo uma varredura em seu rosto para poder captar cada detalhe daquela sua fisionomia abatida.

Ele não me parecia bem, mas também não estava debilitado como na primeira vez que descobri que ele estava usando drogas.

― Eu é que te pergunto, onde é que você estava que não dormiu em casa? ― Gustavo mudou rapidamente o foco da conversa para não acabar se comprometendo, ao mesmo tempo que enchia um copo com café.

― Eu.. eu saí com a Carol ― menti, o nervosismo naquele momento me tomou, e tudo oque eu fiz foi enfiar uma colher generosa de comida na boca para me ocupar, e assim fugir do assunto.

― Duas da manhã? ― rebateu, lançando um olhar desconfiado, mas também não muito preocupado, ele parecia saber que eu mentia mas não estava interessado em levar aquele assunto a frente.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora