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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Já não sabia mais se chorava de dor ou se chorava de raiva, de ódio por ter que aturar a ideia de dormir debaixo do mesmo teto que aquele monstro, sabia que ele estava a muitos metros longe de mim mas isso não era o bastante, eu não conseguia tirar a imagem do rosto do Dom da minha cabeça, aquela reação furiosa que teve ao saber que eu estava fora de casa. Minha vontade era de matar ele, e não estou falando no sentido literário, eu realmente estava com vontade de matar ele com todas as minhas forças.

Se eu o visse na minha frente naquele momento de raiva soltaria fogo pelas narinas. Ele não só deixou uma marca horrorosa da sua mão no meu pescoço, chequei no espelho do banheiro assim que entrei naquele quarto, como também eu sentia um leve desconforto na região da lombar, causada pelo empurrão que ele me deu e cair no sofá. Minha cabeça também doia de tanto chorar, passei os último cinco minutos chorando e encarando o chão daquele quarto pensando na minha vida, no quão desgraçada eu era. O preço por se envolver com Dom era muito caro, eu sabia disso ao me envolver com ele, só não imaginava que junto eu teria que passar por uma humilhação desproporcional as minhas atitudes. Eu simplesmente apanhei enquanto tentava o ajudar naquele plano idiota.

Eu poderia agora mesmo arranjar o telefone daquele policial e mandar a localização do Dom, isso sim seria uma vingança perfeita, mas eu sabia que mesmo com muito ódio da cara dele e sufocada de tão perturbada que estava, eu não era assim, não poderia agir dessa forma por que tinha um coração bom, aquele mesmo coração tolo de quando o conheci, que seria incapaz de machucar uma mosca, sem falar que essa dor pioraria quando ele descobrisse oque eu estava planejando contra suas costas.

― Karina, amiga abre aqui ― Carol empurrou a maçaneta várias vezes tentando abrir e me gritou, ela parecia estar ali a muito tempo me chamando mas eu estava imersa em meus próprios pensamentos me deixando levar por eles.

Fiquei em silêncio, pensando na melhor resposta para dar a ela e mandá-la embora, mas então eu percebi que estava em seu quarto e não poderia mandá-la embora assim, só que também o medo de encontrar Dom ao abrir aquela porta me deixou paranoica.

― Você está com ele? ― perguntei baixo ao me aproximar da porta, somente para que ela me escutasse.

― Ele quem? ― ela rebateu rápido demais. ― Ah, o Dom? Ele tá lá embaixo ― falou logo em seguida quando percebeu de quem se tratava, mas sua voz trêmula parecia mentir.

Abri a porta com uma pressa absurda, tudo aquilo para fazê-la entrar o mais rápido possível e evitar que o Dom tentasse qualquer aproximação comigo, eu sei que não conseguiria fugir dele por muito tempo mas fugiria até onde pudesse, ainda estava com muita raiva acumulada pra pensar em ter uma conversa com ele, isso era o que eu menos queria.

― Karina.. ― Carol fez uma cara de espanto quando me viu dentro daquele quarto, seus olhos logo enxergaram a vermelhidão no meu pescoço e interligou os fatos com minha cara de choro e todo aquele drama que fazia.

― Entra ― puxei ela para dentro do quarto o mais rápido que pudi e bati a porta novamente, trancando para que ninguém nos pertubasse tão cedo.

Estar no quarto dela não era um problema, eu dormiria ali se fosse necessário para fugir do Dom.

― Foi o Dom que fez isso? ― ela me segurou pelo rosto me fazendo levantar o pescoço, tendo uma visão bem ampla daquele machucado que viria a ficar com marcar fortes no dia seguinte, não sabia que a área estava tão sensível até sentir as mãos geladas dela me tocando, e soltei um leve gemido de dor.

Meu pescoço parecia estar em carne viva de tão ardendo que estava, Dom por pouco não me matou asfixiada, mas deixou a sensação de que meu pescoço estava dilareçado.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora