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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

A sensação ao abrir meus olhos era de que um trator tinha passado por cima de mim, minhas pálpebras pesadas, meu corpo fraco e minha cabeça rodopiando de tanta dor. A luminosidade dentro do ambiente em que eu estava fez com que minha cabeça doesse ainda mais, e mesmo com meu corpo doloridos em diversos lugares, talvez devido ao grande impacto que sofri no acidente, tentei mover meu braço naquela cama confortável em que eu estava.

Não consegui levanta-ló por inteiro mas levantei o suficiente até entrar em meu campo de visão e ver uma agulha enfiada em meu pulso junto a uma mangueira que filtrava o soro para entrar em minha veia. Eu estava em um hospital, isso era bem claro diante aos últimos acontecimentos e eu lembrava um pouco de tudo que havia passado nas últimas horas.

Mas minha cabeça doía muito ao ponto de se negar a pensar em qualquer coisa, eu apenas estudei o teto daquele hospital enquanto lutava contra a luz forte do ambiente tentando me acostumar. Quem quer que estivesse dentro do quarto comigo, percebeu que eu havia acordado e apressou seus passos em direção a minha cama.

― Ka, você tá bem? ― Carol perguntou com agilidade ao posicionar suas mãos um pouco distante de mim na cama, para não invadir meu espaço naquele primeiro momento.

Me senti uma criança abrindo os olhos pela primeira vez e me deparando com uma enxurrada de curiosos me assistindo, não era apenas Camila que estava ali dentro daquele quarto, Ana e Diego estavam parados do outro lado com os olhos esbugalhados esperando alguma reação minha. Torci o nariz quando tentei me movimentar na cama e senti uma dor terrível na parte do abdômen, parecia que eu tinha levado um murro naquela área do corpo.

― Você tá bem? ― rebati a pergunta, sem saber oque fazer diante aquele momento tão sensível.

Eu não estava em meus melhores dias mas Carol também havia sido sequestrada e eu não fazia ideia de como ela havia conseguido se salvar.

― Eu to bem, a questão é se você tá bem ― ela respondeu de forma minuciosa e ainda com aquela expressão de apavoro, como se a qualquer momento eu fosse desmaiar novamente.

Carol teve receio de tocar seus dedos em meu rosto para afastar meu cabelo sobre o rosto, me tratando como uma boneca de porcelana e logo depois seus olhos varreram meu corpo todo em busca de algum defeito. Bom, naquele momento ela acharia diversos defeitos, meu cabelo desarrumado e embaraçado fazia dias, meu corpo com hematomas e sujeira, fora os estragos dentro do meu corpo devido a falta de comida e água. Sendo sincera, foi Deus que me ajudou a sobreviver a tudo isso.

― Eu to bem, muitas dores no corpo ― fui rápida ao dizer aquilo, minha garganta ainda doía e eu me sentia fraca, tive medo de não conseguir me comunicar da forma que queria.

― Nesse momento você precisa descansar ― Ana fez aquele comentário soando bem ranzinza, não era um conselho e sim uma ordem, seguida por um sorriso fraco para demonstrar apoio.

Mesmo diante ao caos que passei nas últimas horas, ver aquele sorriso tímido nascer no rosto de Ana me fez lembrar do Thales, que por pura infelicidade ainda estava no hospital quando eu fui sequestrada.

― O Thales.. ― respirei fundo, sentindo meu peito doer ao tentar me comunicar de maneira mais apressada e não tendo pausas.

Ao tentar me mover na cama senti cada osso do meu corpo pedindo por arrego, mas não foi tão assustador quanto ver o olhar dos três que estavam naquele quarto se entreolhando e sem saber oque dizer. Será que o Thales morreu?

― Ele continua na mesma, desacordado ― Ana mudou seu tom de voz para triste, abaixou a cabeça e recebeu a mão de conforto do seu cunhado no ombro para ampara-lá.

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