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𝘋𝘖𝘔

Cair em cana era um dos piores momentos na caminhada de um envolvido, fosse dar fuga ou não, meu pensamento ia longe cogitando as possibilidades de tudo da errado e eu ficar preso por anos. Três dias que eu tava encarcerado e minha mente já tava que nem a do Coringa, querendo matar todos que estavam a minha volta, então não queria nem imaginar como seria os próximos dias se eu não conseguisse dar fuga. Acontece que já estava tudo planejado, mesmo sem saber diretamente o que aconteceria ou quando Deco estava cuidando disso tudo pra mim lá de fora. Só me restaria esperar por uma solução.

E quando eu menos esperava por uma ligação, meu celular vibrou por debaixo do travesseiro duro e fino que nos davam para apoiar a cabeça, que era a mesma coisa que nada já que no outro dia eu acordava com uma dor de torcicolo do caraí. Peguei o telefone acelerado na esperança de ser minha mulher, já que ela não me ligava desde a manhã, quando estava aqui para me visitar. Demorou a cair minha ficha de que Karina não estava mentindo ou brincando com aquela situação, ela estava mesmo grávida de um filho meu. Não querer acreditar nisso, por que consequentemente me levava a ter mais problemas a resolver me fez soltar algumas coisas que não queria ter falo para ela.

Não tinha dúvidas que o filho era meu e nem acreditava que Karina seria capaz de estragar sua própria vida tendo um filho só para me atingir, ela nunca faria isso já que seu maior desejo era me ter longe dela e da sua vida, isso desde quando nos conhecemos. Mas quando voltei atrás e me arrependi que tinha falo merda já era tarde demais e Karina já não estava mais aqui. Foi tudo medo de assumir minhas responsabilidades, de confessar que não estava preparado para ter um filho agora. Como eu podia assumir uma cria naquele estado? Dentro de uma cela e sem rumo.

― É agora irmão, se prepara que a fuga vai acontecer! ― Deco me avisou em poucas palavras e jogo rápido, suspirando através da chamada como se tivesse pouco tempo para me dar aquele aviso.

Me pegou desprevenido, eu não tava esperando dar fuga naquela madrugada ainda mais por que nem tinha sido informado por ele, e eu odiava que as coisas não fossem do meu jeito, mas naquele momento eu não tinha do que reclamar, estava em desvantagem e precisava fugir dali.

― Quem tá de frente? ― indaguei desconfiado, buscando saber pelo menos o que iria acontecer dali pra frente e qual era a procedência daquela fita. Não queria me envolver em emboscada e acabar pegando uma centensa maior do que a minha ou acabar no salao de alta segurança.

― Cabeça branca ― respondi ágil. ― Tá sem tempo irmão, sague o baile que vai da tudo certo ― me instruiu, usando aquele tom apelativo que usava quando queria me aconselhar a fazer alguma coisa eu só não sabia como.

Não fazia ideia de como ele havia conseguido contato com o Diretor da prisão ao ponto de subornar, eu tinha contato com policiais corruptos dentro daquela prisão mas nao eram tantos, o suficiente para conseguir me tirar dali sem fazer muito alarme. Mas o processo até conseguir soltar o tigre na mão dos polícia era lento e não pensei que fosse conseguir fugir com menos de um mês naquela porra de prisão, ou antes mesmo de ser julgado. Aquele era o momento que todos estavam em minha volta, me enxergando, me observando e com os olhos atentos para impedir uma possível tentativa de fuga.

― Acorda ― escutei um barulho forte das grades, então enfiei o celular novamente onde encontrei para ninguém me ver usando e levantei atordoado na cama.

Era só um polícia em pé no lado de fora, que usou o cacetete para bater contra a grade e causar um barulho ensurdecedor, era assim que eles infernizavam nossa mente, já que não podiam fazer nada diretamente para nós prejudicar. O olhar daquela policial não era de raiva, como os outros que nos encaravam e faltavam arrancar nosso pescoço fora, ele ficou em pé durante muito tempo no corredor, apenas nos encarando como se quisesse dizer alguma coisa mas da sua boca não saiu absolutamente nada.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora