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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Entrei na sala da Suzana com inúmeros pensamentos se passando na minha cabeça, estava tentando pensar em algo que eu tivesse feito nos últimos dias que talvez tivesse me levado até aquela sala. Possivelmente levaria uma reclamação, ou então seria demitida. Não. Deus sabe do quanto eu precisava desse emprego.

― Sente-se ― Suzana pediu sorridente, se sentando sobre sua poltrona macia, enquanto restava a cadeira de plástico para mim a sua frente. Pelo seu olhar tão tranquilo e sua expressão descontraída, eu poderia eliminar a possibilidade de uma reclamação. ― Deve estar se perguntando por que eu a chamei até aqui, não é mesmo? ― Suzana indagou com humor, jogando seu cabelo moreno para de trás do ombro.

― Sim ― ri fraco, de repente ficando incomodada em estar frente a frente com a dona da loja.

Eu não estava preparada para ser demitida.

― Bom, vamos direto ao ponto ― Suzana juntou suas mãos sobre a mesa e passou a me encarar com seu olhar mais profissional, mantendo um tom de voz formal e sem muitas gracinhas. ― Eu estive pensando muito em fazer algumas mudanças na loja e cheguei a conclusão de que a minha filha não está capacitada para gerenciar a loja, acredito que alguns problemas estejam afetando seu desempenho, mas não cabe a mim falar sobre isso.. ― a mulher continuou falando, e conforme as palavras iam saindo de sua boca, fui ficando mais tranquila.

Não seria demitida.

― Entendo ― disse, somente para que ela soubesse que eu estava interessada em escuta-lá.

― Por tanto, não precisei quebrar minha cabeça para ter certeza de que a melhor pessoa para gerenciar minha loja, é você ― Suzana contou a novidade com um sorriso largo em seu rosto, parece ter gostado de me contar aquilo.

― Eu? ― perguntei no automático, ainda processando oque ela havia me dito.

Eu sabia que era uma ótima funcionária, dava meu máximo e fazia de tudo para me manter na linha, tanto que em cinco meses nunca recebi nenhuma reclamação ou fui chamada atenção, isso era algo de que eu me orgulhava.

Mas pelo fato de Raquel, a filha da dona ser a gerente da loja, pensei que fosse impossível algum dia eu ocupar esse cargo tão importante.

― Por acaso não quer ser a gerente? ― Suzana indagou com sua voz tremula e um olhar preocupado, talvez minha reação nada animadora tenha a feito acreditar que eu não estava feliz.

― Não, não é isso ― sorri, deixando a felicidade me consumir naquele momento. ― Eu nem acredito ― fiquei boquiaberta com a proposta.

― Pois pode acreditar ― Suzana soltou uma leve gargalhada, parecia se divertir com meu estado de choque. ― Não tenho dúvidas de que você saberá como gerenciar minha loja ― disse confiante.

― Mas e a Raquel? Eu não quero arranjar problemas com ela, ou fazê-la acreditar que estou tomando seu cargo... ― comentei nervosa, pensando no quanto eu sofreria ataques por parte da garota por simplesmente ter sido escolhida para substituí-la.

― Fique tranquila, eu conversarei com ela ― Suzana me garantiu, mantendo sua voz equilibrada para me tranquilizar quanto a isso. ― A Raquel se sairá melhor atuando como atendente, ela precisa treinar um pouquinho o carisma ― continuou, tocando naquele assunto com certo desconforto, parecia até estar falando de outro alguém e não da sua filha.

Naquele momento eu entendi que, Suzana havia se decepcionado com Raquel em algo, oque provavelmente a levou a tomar essa medida tão drástica e tirar sua filha de um cargo tão importante em sua própria loja.

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