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𝘋𝘖𝘔

Recebi uma ligação do Deco me chamando pra comparecer em uma reunião que ia ter pela manhã, não precisei quebrar cabeça pra advinhar oque era, eu sabia que ia ter relação com a invasão. Tinha meio mundo de homens meu com medo de nós sofre outra invasão.

Muito deles era novão, não tinha muito costume de botar as cara diretamente na invasão, e era claro que aquela invasão ia causar uma tremenda bagunça na minha favela. Precisava daquela reunião pra alinhar tudo, garantir aos meus homens de que tava tudo sendo organizado novamente.

O Caveira e os homens dele não eram ameaça, afinal tínhamos mais homens, éramos mais forte no quesito armamentos, e tínhamos uma coisa que eles não tinha. Inteligência.

Caveira agia por impulso, movido pela raiva de tentar tomar oque um dia já foi da sua facção mas esquecia que por de trás de toda favela, tinha uma cabeça inteligente. Menos na dele, lá só tinha uma legião de burros que seguia suas ordens, e por isso que ele fracassou todas as oito vezes que tentou invadir.

― Todos que estão aqui, também foram pra invasão defender a favela, primeiramente quero parabenizar a coragem de vocês, certo? Não é qualquer um que mete as cara arriscando tomar bala ― comecei meu discurso na roda de homens que tinha se formado no galpão.

Era menos de dez homens, apenas os importantes e que tinha por mérito, uma confiança a mais, o conselho era formado por peças importantes no crime, eu havia levantado aquele conselho visando ter melhor controle sobre oque acontecia no morro, nada era decidido sem antes passar pelo conselho.

― Mas se engana quem pensa que acabou por aí, isso é só o começo do que o Caveira tem preparado pra nós ― passei a visão serinho, encarando cada um na roda pra captar cada reação.

Os homens do conselho eram mais velhos na caminhada, não tinha o medo no olhar que os mais novão que tava entrando agora tinha, eles já passaram por coisas piores do que uma invasão como a que passamos agora, e se tinha uma coisa que não iria parar meus homens, era o medo.

― Isso quem te falou foi o rival que estavam torturando? ― Marcão perguntou curioso, mas tinha algo em sua voz que demonstrava também estar desconfiado.

Não aquele tipo de desconfiança, ele sabia que eu seria incapaz de mentir ou omitir qualquer coisa do conselho, não quando minha favela tava correndo perigo de ser tomada. Marcão só era ligado demais nas informações, se ele não indagasse alguma coisa durante a reunião, não seria ele.

― Não, o cara bateu as botas antes que a gente arrancasse algo dele ― fui sunsito, sem querer tocar no fato de que eu havia me estressado suficiente por não conseguir oque eu queria naquela tortura.

― E agora? Oque nós faz? ― Sapo indagou ansioso, para ele tudo se tratava de questão de tempo.

― O Caveira não vai ser burro de tentar invadir nosso morro agora, ele sabe que estamos em alerta ― Deco afirmou com convicção, ele parecia estar certo do que falava, tão certo que fez questão de garantir para minha equipe.

Não era uma garantia, na favela era tudo imprevisível, Deco poderia estar certo ou então muito errado, Caveira poderia nos atacar novamente agora, ele não tinha critérios a ser atendido para poder enfim atacar. Eu disse que ele era burro.

― Engano seu meu camarada, agora que é a hora pra ele atacar, grande parte dos nosso homens morreram defendendo a favela, não estamos preparados para outra invasão ― Marcão rebateu, usando seu tom hábil de reverter a situação.

Deco pareceu pensativo apartir daquele momento, pensando se era mesmo certeza toda aquele discurso que acabou de fazer.

― O melhor a se fazer agora é prezar pela segurança da nossa favela, vamo ficar em alerta pra se caso acontecer uma nova ameaça de invasão ― mandei o papo, aumentando meu tom de voz para que todos ali escutassem e imediatamente todos pararam de sussurrar.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora