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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Uma sensação de medo me tomou quando entrei naquela sala de visitas, tudo tao escuro e sombrio de uma forma que eu não conseguiria nem imaginar. Os guardas na entrada me julgaram dos pés a cabeça quando me viram e demoraram a trazer o Dom, talvez fosse proposital para me fazer esperar. O olhar do homem na porá era de repúdio, como se eu fosse menos ser humano que ele por estar na cadeia visitando um traficante.

E vamos concordar, eu nunca me imaginei pisando os pés nesse lugar imundo e cheio de coisas horrorosas, de pessoas horríveis mas para tudo tem a sua primeira vez. Mesmo me tremendo e sentindo frio na barriga eu não me permitir voltar atrás como uma criança birrenta, eu precisava assumir minhas responsabilidades nem que eu fosse julgado por Deus e o mundo. Dom precisava de mim.

― Qual que é a fita, Karina ― perguntou, já com a sobrancelha arqueada e um olhada mortal de quem me puxaria pelo pescoço se eu demorasse mais um segundo para dizer.

Dom não tinha paciência ainda mais quando o assunto era deixá-lo curioso, dava pra ver o espanto em seu olhar por não fazer ideia do que se tratava, e por ele estar tão nitidamente incomodado eu fiquei tensa, com medo de como ele reagiria ao saber da gravidez. Talvez não fosse o momento ideial para contar, eu deveria esperar ele sair da cadeia. Mas se isso demorasse uma eternidade? Ele merecia saber. As vozes na minha cabeça já estavam me deixando maluca e cada vez mais nervosa, sem saber oque fazer, eu levantei minha cabeça determinada a falar tudo e o encarei nos olhos.

― Dom... ― enrolei por mais tempo e mordi meu lábio inferior, me sentindo uma boboca por não conseguir falar algo tão simples, mas pelo contrário, eu estava suando de medo da rejeição e com muita tremedeira. ― Eu to grávida ― despejei as palavras com muita pressa em forma de confissão e fechei meus olhos na mesma hora, como se isso fosse me teletransportar pra distante dali.

O silêncio reinou na sala, tudo que eu conseguia escutar era uma ruídos de celas em outros espaços naquela penitenciária mas nada do Dom. Após segundos minha confissão e o silêncio ter continuado, eu me senti na obrigação de abrir meus olhos para ver oque estava acontecendo, se ele ainda estava ali. Abri meus olhos lentamente para captar sua reação e o peguei refletindo enquanto encarava minha barriga, ou pelo menos seus olhos estavam presos naquela altura. Dom piscou várias vezes me chamando atenção para seu cílios extenso e exagerado que qualquer mulher mataria para ter, e eu continuei mantendo o silêncio também, já que esperava por uma resposta dele.

Quando seus olhos encontraram os meus um sorrio genuíno nasceu em meu rosto, precisava urgentemente de uma reação dele ou iria morrer de tão apreensiva que estava. E como todas as vezes que eu tentei entender as expressões do Dom, falhado miseravelmente outra vez, ele era impossível de ser estudado uma vez que não expressava muitas reações, aquela cara de mau humor prevalecia em todas as vezes só que naquele momento ele parecia ainda mais indecifrável. Dom franziu a testa sem acreditar no que acabara de escutar e rolou seus olhos novamente até minha barriga.

― Não brinca com essas paradas, Karina ― ele me repreendeu com sua voz grossa e deu um passo para trás se afastando da grade, não sei se ainda tentava digerir a informação ou se estava tentando ignora-lá.

― Eu não estou brincando ― respondi nervosa e quase gaguejando, o desespero por ver Dom fazendo pouco caso com oque era nitidamente verdade me deixou em choque.

Eu sabia que a sua reação não seria das melhores mas também não esperava que ele fosse reagir tão mal assim.

― Tu tá grávida? ― ele perguntou ainda sem acreditar, apontando para minha barriga pra ver se assim sua ficha caia e logo depois passou a mão sobre sua barba, que tava bem crescidinha devido ao tempo sem cortar.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora