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𝘋𝘌𝘊𝘖

Maior laranjada que nós se meteu quando resolveu invadir o morro, tava na cara que isso não ia da certo, eu já tinha certeza disso mas Dom parecia querer provas, pagar pra ver.

E agora deu no que deu.

A BOPE invadiu o CPA e fodeu com tudo, acabou com toda nossa chance de conseguir tomar o jacarezinho já que tivemos que voltar pra defender nossa comunidade e tentar impedir que eles tomassem aquela área.

Eu sabia que ia da merda e só não joguei isso na cara do Dom quando tudo foi por água baixo, por que não tive a oportunidade. Mas ele ia escutar um bocado quando tivesse de volta, por que era assim que eu pensava, que logo mais ele iria voltar pra governar a favela que era dele. Ainda não fazia idéia de que o mano tinha caído em cana.

Acordei meio pá e sem saber o que tinha acontecido, já que grande parte do tempo eu passei inconsciente. Tinha levado um tiro no braço mas por sorte não foi nada grave e que precisou de cirurgia, caso contrário eu seria mais um indo pra penitenciária.

Fizeram só tirar a bala que tinha ficado alojada no meu ombro e deram ponto, fiquei umas horinha de repouso e de quebra já voltei pro movimento, não podia ficar parado enquanto minha favela tava correndo risco de ser invadida.

As poucas horas que a BOPE passou dentro da comunidade tentando eliminar o máximo de bandido que eles conseguiam, já foi suficiente pra mostrar pra eles que independente da nossa quantidade eles sempre iriam perder. Não precisou nem a equipe que tava no jacarezinho chegar e eles já tavam querendo meter o pé.

A operação foi quase um fracasso, eles mal subiram o morro e já foram recebidos a tiro, fora quando a equipe base que estava fora chegou pra completar o time. Única vantagem que tiveram sobre nós foi levar o Dom e o Arana. Mal saí do pronto socorro que me levaram dentro da comunidade mesmo, e já tinha notícia ruim chegando no meu ouvido.

Fiquei sabendo por meio dos caras que meus pivete tinha ido em cana, quando acordei do sono que tirei. Já saí como? Com sede nos olhos pra vingar meus irmãos.

― Alguém sabe pra onde eles foram levados? ― perguntei curioso, e me acomodei melhor no banco de trás do carro.

Sapo e Magrão tinham vindo me buscar no morro assim que passei um radinho pra eles de que tava liberado. Isso já era por volta das quatro da tarde, quando as enfermeira decidiram que tava tudo bem com meu braço e ele não iria cair.

Mesmo tomando remédio eu ainda conseguia sentir a dor insuportável no braço e não conseguia movimentar direito, de qualquer forma isso não ia me impedir de entrar em ação hoje mesmo. Quando a favela estava sem o Dom significava que precisava de mim,e eu não podia me da o luxo de ficar descansando em uma cama.

― Não é de certeza pra onde ele foi e os cara tá ocultando muita coisa, mas vazou nos jornais que ele chegou no hospital com um tiro ― Magrão me contou atentamente do banco da frente, portando um fuzil na janela só por garantia que o morro tava limpo e não teríamos complicações.

A BOPE vazou quando conseguiu capturar um dos maiores traficantes do Brasil e quando viu que não ia ter outra saída a não ser recuar, ou muitos dos que entraram não iriam sair. Mas poderia ainda ter alguns espalhados pelo morro, era pouco provável, nenhum deles se arriscaria a ficar em uma favela cheia de bandidos e sozinho ainda por cima.

Mas não impossível.

Se Dom tinha levado um tiro, eu podia imaginar diversas coisas na minha mente, mas não ia me deixar abalar por nenhuma.

― Ele é forte, vai sair dessa ― comentei confiante, não era isso que eu pensava mas ajudava dizer palavras de afirmação em um momento como aquele.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora