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𝘋𝘖𝘔

Mó neurose bateu na minha mente dentro daquela cela, sem poder da uma caminhada, quando eu tinha meus problema pra resolver e eu não queria esquentar a cabeça, eu resolvia fácil essas fita na favela, pegava minha moto ou meu carro e ia da um peão pelo morro pra esfriar a cabeça. Só que dentro daquela cadeia eu não podia fazer nada, nada além de sentar e esperar Karina vim até mim.

Quando recebi a ligação do Deco me dizendo que ela tava me evitando eu fiquei pistola, não queria acreditar que Karina tava sendo filha da puta comigo ao ponto de me evitar no momento que eu mais precisava dela. E não só eu precisava dela como ela precisava de mim, eu mal sabia que fita tinha rolado depois que Caveira sequestrou dela, tava cego pra tudo que acontecia fora daquela penitenciária e meus olhos e ouvidos estavam sendo Deco.

Ela precisava de mim e dos meus crias pra continuar segura, precisava manter contato comigo, só assim eu ia ficar mais tranquilo em relação a segurança dela. Mas pelo visto ela tava pouco se fodendo pra isso e não perdeu a oportunidade de evitar todas minhas ligações que fiz na madrugada. Pensei que não fosse proposital, sei la que onda tava se passando na cabeça dela, os cara que coloquei pra fazer a segurança dela no hospital me deram certeza que ela não tinha tido alta e ainda estava lá, pensei que ela estava com algum problema e não pudesse me atender.

Mas logo na caladinha da noite Carol atendeu minha ligação, pela forma sorrateira que ela me explicou a situação fez parecer que Karina tava dormindo e ela não podia falar muito alto. Mas também não disse muita coisa, apenas explicou que Karina tava confusa com tudo que aconteceu e não estava querendo falar comigo. Pensa numa raiva que fiquei naquela hora que pensei que fosse capaz de quebrar aquela grade da cela na mão de tanto ódio. Ela não tinha motivo pra tá me evitando.

― Irmão, falei com ela agora a pouco e ela vai receber alta a qualquer momento ― Deco me avisou no celular quando liguei pra ele a décima vez no dia só pra saber como ela tava.

Dentro daquela cela eu não tinha absolutamente nada pra fazer, pensei que pudesse pelo menos ter o apoio de Karina pra não me deixar sozinho e me ligaria, mas pelo visto ela fez ao contrário. Minha última saída era tentar fazer com que Deco entrasse em contato com ela e forçasse ela a me atender, mesmo sabendo que Karina não o obedeceria. Se eu tivesse livre essa história teria tomado outro rumo, com certeza eu já tinha batido naquele hospital e ido louco atrás dela. Mesmo correndo o risco de ser pego naquele hospital de trombadinha.

Hospital mais caro da região que eu desembolsei toda a grana quando soube que ela tinha sofrido um acidente após se livrar do sequestro, ela merecia ter todo o cuidado depois de tudo que passou e eu não ia ser mão de vaca ao ponto de mandar a menina pro hospital fuleiro do morro. Se dependesse de mim ela iria ter uma vida de bacana, uma verdadeira vida de patroa, até mandei que a levassem pra minha casa no Leblon, um apê que tava no nome de um afiliado meu e que não tinha erro, lá ninguém acharia ela a menos que queresse, muito menos Caveira.

Karina tinha envolvimento comigo mas poucos sabiam, caso contrário a polícia já tinha a procurado muito antes de eu ser preso somente para tentar chegar até mim. Agora que ela é minha mulher ela carrega o peso de responder por tudo que faço, então basta ela começar a fazer as visitas aqui na cadeia que o buchicho vai rolar e todos vão descobrir que ela tá fechada comigo. Ai a vida dela vai virar de cabeça pra baixo e ela vai deixar de ser a simples Karina do morro, e vai passar a ser reconhecida como mulher do tráfico.

― Eu preciso falar com ela, manda ela vim na cadeia ― dei a ordem como se meu parceiro fosse capaz de me ajudar naquela situação.

― Não posso forçar a mina a ir aí te ver, isso você tem que resolver com ela ― Deco me repreendeu.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora