𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈
Estava absorta em meus pensamentos, encarando o espelho a frente da cama e repassando tudo oque havia acontecido nos últimos minutos dentro daquele quarto. Acho que estava tão focada em me entregar para o Dom, imaginando que não teria outra saída, que no fundo eu não estava realmente lidando com aquilo da forma como realmente deveria.
Eu ainda não havia imaginado como seria se fizéssemos mesmo sexo, na minha cabeça seria algo forçado e totalmente sem meu consentimento. Mas oque mudou?
Mudou que apartir do momento em que entrei naquele quarto naquela noite, meus pensamentos não estavam direcionados a odiar o Dom, pelo contrário, quando eu estava com ele, naquela intensa troca de farpas e conversas com pura ironia, parecíamos duas pessoas normais se conhecendo, ardendo em desejo.
E eu sabia que era errado, me culpava por ter ao menos sentido prazer na hora do sexo, de ter me esquecido os motivos que me levaram aquela cama, que com certeza não foram de forma natural e espontânea, como qualquer outro casal.
Mas oque eu poderia fazer?
Eu poderia tentar odiar ao máximo ele, mas no fundo existia aquela parte feminina que se derretia por ele, que achava ele bonito e encantador, mas sem citar a sua fama e seu cargo na favela. Isso era algo que me arrancava suspiros.
A todo momento naquela cama, eu só conseguia pensar; E se ele fosse alguém normal?
Sendo ou não sendo, eu me suprrendi comigo mesmo naquela noite, por que independente das nossas controversas, meu corpo tomou controle das minhas emoções, e fez com que eu sentisse prazer. Isso era uma merda.
Eu não poderia ter sentido nada.
― Dom ― o chamei nervosa.
Naquele momento ele estava sentado em sua poltrona fumando um baseado, parecia ser uma maneira de desestressar após a foda, e eu não queria interromper esse momento, não mesmo, estava envergonhada demais para olhar em seu rosto, mas tinha algo maior que estava me preocupando.
― Você.. gozou dentro de mim ― comentei morrendo de vergonha, ainda enrolada nos lençóis para que ele não tivesse acesso a nenhuma outra parte de mim.
A vergonha podia até ser grande, mas o medo de engravidar era maior, e eu nem sei por que motivo o deixei entrar em mim sem preservativo, acho que estava ocupada demais excitada, e me esqueci completamente de assumir um papel responsável.
― Você vai tomar a pílula ― disse convicto, como se não estivesse falando de mim, e sim de alguma marionete que ele tivesse controle. ― Por falar nisso, quero que comece a tomar anticoncepcional, ou injeção, oque você preferir ― tocou no assunto com a testa franzida, parecia ser realmente algo que considerasse importante.
Mas é claro que ele iria querer, afinal ele não me esqueceria tão cedo, e daqui pra frente iria me usar para satisfazer seus desejos sexuais. Só de pensar no quanto a minha reputação iria cair na lama por conta disso, eu sentia vontade de chorar.
Nem queria imaginar quando as pessoas notarem minha aproximação com o Dom.
A pílula do dia seguinte não era tão segura quanto ele deveria estar pensando que fosse, mas eu preferi ignorar isso antes que mais coisas me atormentassem.
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No morro
FanfictionSerá mesmo que o amor suporta tudo? ― Não somos capazes de amar alguém verdadeiramente, quando esse alguém brinca com nosso coração. Em uma favela onde a troca de tiros é constante e a criminalidade predomina mais do que a paz, não há lugar para con...