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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Por volta das quatro da tarde a loja lotou de clientes, e tivemos que trabalhar bastante, quase não tive tempo para respirar, era atendendo uma enquanto dava suporte para outra. E seria aquele movimento até as seis da tarde, disso eu já tinha certeza.

Oque me deixou confusa naquele dia, foi o fato de Suzana ter vindo a loja e não ter me chamado para conversar. Será que ela havia desistido de me colocar no cargo de gerente?

― Carol, as blusas caneladas já acabaram? ― perguntei em voz alta já que Carol estava do outro lado da loja atendendo a uma moça.

― Acabaram sexta passada, mas deve chegar estoque agora dia quinze ― avisou, ao mesmo tempo que dava conta de atender a sua cliente.

― Essas são as que mais sai, acaba rapidinho ― comentei com a cliente, uma senhora de cinquenta anos que estava em busca de algumas blusas.

― Ó minha querida, obrigada ― agradeceu, meio perdida enquanto avaliava algumas roupas a nossa frente.

― Temos esse modelo que se assemelha as camisetas caneladas, a senhora não gosta? ― indaguei, retirando uma peça do cabide para apresentar a cliente, que logo fez uma careta.

― Não minha filha, não é para mim, estou em busca de uma blusa para minha neta ― explicou, dando um sorriso gentil em seguida. ― Essas blusas não ficam legais em velhas, são para garotas mais jovens ― a senhora comentou baixo, passando sua atenção para outra fileira de blusas, que tinham um estilo mais juvenil e uma pegada mais de cropped.

― A senhora que se engana, ainda acho que essa blusa ficaria linda na senhora ― rebati gentilmente, não queria interferir na compra da mulher, mas era obrigação minha ajuda-lá e retirar aquele pensamento de que senhoras não podiam usar blusas da atualidade.

A blusa que havia lhe mostrado era de longe um cropped, na verdade cobria muito mais coisa do que eu estava acostumada a vestir, era uma blusa de mangas, e oque realmente a fez não gostar, talvez tenha sido a estampa colorida e com uma frase em inglês. Não tinha nada demais.

― Você acha? ― a senhora me encarou com um ponto de interrogação na testa, voltando a encarar a peça em minhas mãos com um olhar diferente.

― Eu não acho, eu tenho certeza ― sorri educada, entregando a ela a peça.

― Então vou levar ― ela abraçou a peça decidida a levar.

― Ó aproveita em? Além de linda ainda tá com um precinho bacana ― avisei humorada, me afastando um pouco para deixa-lá mais a vontade em sua busca por roupas.

― Pode deixar ― ela fez um legal com seu polegar e voltou a procurar por algo no meio das fileiras.

Conforme fui me afastando acabei rolando meus olhos em direção ao caixa, que naquele momento estava vazio embora a movimentação dentro da loja fosse alta.

Raquel estava agachada mechendo em algo dentro da vitrine de joias, onde tinhas relógios, pulseiras, óculos e dentre outros itens de valor.

Achei estranho vê-la tocando nas peças já que não tinha nenhum cliente interessado, mas deduzi que estivesse apenas colocando em seus devidos lugares. Voltei meu foco para o atendimento e fui em busca de novos clientes, que talvez estivessem precisando de ajuda.

― Como pode? De um dia para o outro o tempo mudou completamente ― Carol questionou quando me aproximei dela, e pelo fato dela estar embaixo do ventilador, me dei conta de que ela estava se referindo a drástica mudança de temperatura.

Ontem estava um clima bem de chuva e hoje de repente o dia acordou com um sol queimando.

― Bom de pegar uma prainha ― comentei cabisbaixa, pensando que talvez uma hora dessa eu poderia estar deitada na areia pegando um bronze, se não fosse meu emprego.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora