KARINA
Duas e meia da manhã e eu já estava pedindo arrego, mesmo sentada no sofá minhas pernas estavam cansadas, meu corpo dolorido pela mesma posição a muito tempo, e minha cabeça doendo por conta da música muito alta. Encerrei minha cota de bebidas no primeiro copo de Whisky, que já foi o suficiente para deixar meu estômago embrulhado.
E o pior era que o Dom parecia não ter intenções de ir embora tão cedo, estava batendo papo com seus amigos no sofá enquanto cheirava, e nenhum sinal de estar entendiado e querendo ir para casa.
― Quero ir embora ― sussurrei no seu ouvido conforme meu corpo ia caindo sobre o dele no sofá, a posição que estava não era nenhum pouco agradável, e parecia ser bem mais interessante ficar deitada sobre seu ombro.
― Relaxa pô, ainda tá cedo ― ele rebateu com a voz embargada, aparentemente ele parecia estar com sono, mas acredito eu que era apenas o efeito das drogas interferindo no tom da sua voz.
Em seguida Dom recebeu a bandeja prata que estava recheada de pó, com algumas fileiras montadas e com uma nota de cem enrolada ele cheirou uma carreira toda de vez. Não era a primeira carreira que ele cheirava naquela noite e pelo que me parecia estava longe de ser a última.
Oque me restava era apreciar o movimento e acompanhar as diversas conversas aleatórias que rolavam entre sua roda de amigos, enquanto esperava ele tomar a decisão de ir embora. Maldita hora que eu decidi sair de casa de salto, meus pés estavam doendo e olha que eu nem estava andando muito.
― Ou você me leva embora agora ou eu vou sozinha ― ameacei, mas mantendo meu tom de voz calmo e sereno para não o afrontar, tudo que eu menos queria era o Dom bravo naquela noite. Quaisquer palavras que saísse da minha boca tinha que ser muito bem repensada.
Dom abandonou a bandeja de pó em cima da mesa próxima e fungou, tentando eliminar a quantidade absurda de resquícios do pó que tinha ficado em suas narinas. Logo depois seus olhos vinheram ao meu encontro, e ele me encarou com um olhar de quem estava pouco se fodendo para oque eu iria ou não deixar de fazer.
― Tu veio comigo e vai voltar comigo ― foi tudo oque disse, mantendo o nível de rouquidão em sua voz.
Respirei fundo e me controlei para não surtar, minha vontade era mesmo de levantar daquele sofá e ir embora sozinha, mas não poderia ir embora a pé. Por algum motivo desconhecido para mim, Dom se colocou de pé no momento seguinte e ajeitou seu fuzil, que parecia compor praticamente todos seus looks.
― Pô, a noite tá maneirinha mas eu vou me saindo ― Dom esticou seus braços em um alongamento em seguida passou a mão pelo seu cabelo que estava maior do que o habitual, logo entendi que ele estava se despedindo dos amigos, então me coloquei de pé em animação para ir embora.
― Mas já? ― Deco indagou soltando fumaça no ar e com os olhos estreitos, parecia não muito contente em ter que se despedir do chefe tão cedo.
Ao seu lado estava a Evellyn o acompanhando no baseado e enchendo a cara de bebida, me restava dúvidas de até onde ela aguentaria naquela noite, por que pela minha contagem, já tinha ido três copos cheios de whisky.
― A muié quer ir embora ― descarregou a culpa em mim, estralando a língua no céu da boca em sinônimo de chateação, e em seguida me puxou pela cintura para me manter perto dele.
― Eu adoraria passar mais tempo com vocês, mas eu estou com sono ― sorri forçado, sabendo que aquelas palavras não passavam de meras mentiras. Eu não queria continuar ali, isso era um fato, não me sentia confortável no meio de tanta criminalidade, drogas e prostituição, mas não seria doida de me desfazer deles em sua frente.
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No morro
FanfictionSerá mesmo que o amor suporta tudo? ― Não somos capazes de amar alguém verdadeiramente, quando esse alguém brinca com nosso coração. Em uma favela onde a troca de tiros é constante e a criminalidade predomina mais do que a paz, não há lugar para con...