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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Passei os próximos 10 minutos orando para que tudo desse certo e o Dom conseguisse me achar através da localização que enviei mas tudo que vinha em mente era pensamentos negativos de que uma hora aqueles dois bandidos iriam voltar e eu seria a próxima a ter um futuro que nem o da Camila. Minhas mãos tremiam e eu não conseguia parar de chorar, era um misto de emoções dentro de mim naquele momento, nervosismo e medo porque parte de mim acreditava que eu não sairia viva daquele sequestro.

Minha vista estava embaçada por conta das lágrimas e ainda assim eu ainda conseguia visualizar o corpo de Camila debruçado no chão por cima da poça de sangue, isso só me deixava mais apavorada. Seus olhos abertos estavam direcionados na minha direção e aquilo mexeu com meu psicológico de uma forma terrível. Tudo que eu conseguia pedir para Deus era sair viva daquela situação e esquecer tudo que aconteceu nos últimos dois dias.

No fundo eu sabia que seria impossível esquecer aquela cena de uma garota morta na minha frente porque parte de mim sabia que tinha sido culpa minha. Camila estava no lugar e na hora errada, era pra mim estar morta no seu lugar.

Entre soluços e lágrimas descendo em meu rosto encarei a porta trancada e esperei dolorosamente que alguém viesse me buscar, sabia que era impossível o socorro chegar tão cedo ou alguém aparecer para me tirar daquele cativeiro, mas implorei que Dom se apressa-se em me achar. Minha garganta estava seca de tanto chorar e eu já não sentia meu corpo mais hidratado, mas o último gole de água Camila bebeu antes de partir.

Eu queria acreditar que não precisaria mais me preocupar em receber a aqueles míseros biscoitos ou água quente, afinal em poucas horas eu seria resgatada e finalmente voltaria para minha casa. Mas as vozes da minha cabeça não paravam de dizer ao contrário.

E se o Dom me achasse?
E se eu morresse antes dele me achar?

Eram inúmeras perguntas que se passavam na minha cabeça, e nenhum delas me levava a uma conclusão certeira.

Estava de olhos fechados pedindo para Deus me libertar daquele sofrimento quando escutei o ranger da porta velha, era eles voltando. O bandido mais magro passou pela porta com pressa e o revolve em sua mão, sua expressão era aparentemente de alguém revoltado, que estava sedento por vingança. Assim que seus olhos me acharam, ele abriu um sorriso perverso de quem tinha em mente o que deveria fazer e veio na minha direção com passos acelerados, recuei no chão com medo do que ele poderia fazer mas atrás de mim só tinha parede e não tinha para onde correr.

― Onde tá a Carol? ― perguntei em desespero agarrando a minha mão ao chão como se aquilo fosse impedido de me tirar dali.

Ele não fez questão de me responder e sua cara era de quem nem queria conversa, ele agachou no chão, agarrou meu braço e me puxou pra levantar com ele, naquele momento o choro cessou e deu espaço ao desespero por não saber para onde iria me levar, na minha cabeça só se passava uma coisa: a minha hora havia chegado.

Ver Camila caindo no chão morta e não saber o paradeiro de Carol foi suficiente pra me dar certeza de que não haveria saída para mim e eu seria a próxima a sumir. Meu coração parecia aos poucos parar de bater e minhas pernas ficaram bambas, era a falta de uma alimentação digna e a desidratação falando mais alto, mas também o temor por estar sendo arrancada daquele lugar a força.

Quando o bandido me arrancou para fora do cativeiro não sabia se eu agradecia por estar tendo contato com o ar puro após dias trancadas naquele porão imundo, ou se chorava por ter receio de onde iria pagar naquele momento.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora