053.

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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

A casa do Dom era três vezes maior que a minha se não mais, e eu gostava de estar ali não sei por que, sempre que pisava naquela casa vinha uma sensação boa. Era como se eu estivesse em um hotel tirando minhas férias.

O imóvel não era tão chique quanto uma casa da pista até por que estava localizada em uma favela, não tinha nem estrutura para uma casa desse
tipo. Mas era uma casa grande, com móveis de luxo, uma garagem que portaria dois carros ao mesmo tempo, algo diferente do que estava acostumada a ver no morro.

Assim que pisei meus pés na sala imensa, que tinha um grande sofá branco que era invejável, abandonei minha mala no canto da sala assim que entrei e fui a caminho do sofá com pressa. O sofá era convidativo e parecia estar pedindo para que eu deitasse ali, então me aconcheguei no sofá confortável e macio.

Não sei se estava cansada demais ou se era o sofá que era confortável demais, no entanto, no momento em que me joguei senti um sono inexplicável me tomando.

― Eu dormiria aqui numa boa ― comentei realizada, me esticando no sofá que tinha o dobro do meu tamanho e espaço para dez pessoas sentarem ao mesmo tempo.

Dom me assistiu tomar seu sofá com um olhar indiferente, para ele não parecia ser nada demais eu estar invadindo seu espaço, acho bom, ate por que quem quis que vinhesse para cá foi ele.

Ele apenas deixou as chaves do seu carro e da casa em uma mesa de vidro que tinha no canto próximo a porta e caminhou da maneira mais despojada até a estante que tinha algumas bebidas. Ele parecia gostar de ter bebidas alcoólicas em uma curta distância para poupar esforços.

― Estou com fome ― comentei como quem não quer nada após sentir minha barriga roncar, não queria ser inconveniente nem incomodar, mas como eu disse, ele implorou para eu vim então teria que me sustentar.

Me sentei corretamente no sofá e esperei por uma resposta dele, mas Dom parecia não estar nenhum pouco preocupado se eu estava com fome ou não, ele jogou sua camiseta que estava sobre o ombro no sofá e encheu um copo de vidro com a bebida que havia pego. Ainda era uma hora da tarde e ele já estava enchendo a cara.

― Vou subir pra tomar um banho, a Vanda deve tá providenciando o rango, vê lá com ela ― ele me comunicou sem muita empolgação, de costas para mim enquanto apreciava o seu Whisky.

Não sabia quem era Vanda mas movida a curiosidade de descobrir quem era, me levantei do sofá e caminhei em direção a cozinha, se eu dependesse do Dom iria morrer de fome então teria que da meu jeito. Levei cerca de dez segundos pra chegar na cozinha, que poderia ser facilmente uma cozinha americana mas não era.

A cozinha era linda, com móveis planejados e com cores neutras, do tipo bege que combinava com as paredes claras da cozinha. A cozinha parecia ter sido mobiliada recentemente, ainda dava para notar o brilho dos móveis, parecia ser um desperdício não ser minha.

Eu com certeza iria usufruir de cada móvel que tinha ali e fazer jus a eles, diferente de Dom, que nem deveria saber ligar um forno.

Ao chegar na cozinha escutei um barulho de assobio, a mulher que estava cozinhando também estava gastando energia cantarolando uma música. Ela até então estava de costas e não notou minha chegada, então aproveitei para estudá-la.

Era uma senhora menor do que eu, cabelos lisos mas naquele momento estava preso em um coque com uma touca de cozinheira. A mulher aparentava estar na casa dos cinquenta, tinha um corpo miúdo, fazendo jus ao seu tamanho.

― Oi ― disse eu, tentando chamar a atenção da mulher que até então estava entretida com algo no fogo.

Quando escutou minha voz ela se virou com pressa e assustada, mas continuou mechendo oque tinha na panela com muita eficácia.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora